Como Hollywood constrói narrativas para conquistar o cobiçado troféu dourado
Em tempos de indicações para o Oscar os bem sucedidos e esnobados são classificados e geram torcida, dependendo do engajamento da crítica e do público em geral. Porém, nos últimos anos baseados nos vencedores, vem um assunto à tona cada vez mais relevante que também provoca discussões calorosas, os filmes de Oscar bait.
É o termo cunhado para filmes à princípio, com histórias, roteiros e interpretações que parecem seguir um manual ou cartilha para que vençam o prêmio mais cobiçado do Cinema mundial. Por exemplo, histórias de superação baseadas em pessoas ou eventos reais, filmes que remetem à história do cinema ou baseados em uma personalidade que se destaca mundialmente.
Claro que há outros critérios, mas esses são os mais usuais e comuns que além de receber muitos votos dos membros da Academia, ainda são premiados como melhor filme. Seguem alguns casos para ilustrar que às vezes a campanha e o bait andam de mãos dadas na gestação e premiação de um filme vencedor:
Coda – No Ritmo do Coração
Da sigla em inglês para filhos de pessoas com deficiência auditiva, venceu em 2022, é uma refilmagem de um filme Francês em que uma jovem e talentosa cantora tem a chance de sair de casa e da vila de pescadores onde é a gestora e intérprete dos negócios da sua família, para ter sua grande chance em uma escola de música renomada.
Não retirando o mérito de “Coda”, trata-se de um história de sessão da tarde, bem contada, bem interpretada, do tipo que os membros da Academia adoram premiar, mas em termos de complexidade, cinematografia, riscos e interpretações, mesmo que em análises exclusivamente técnicas, havia no mesmo ano, no mínimo 3 filmes que superavam o vencedor.
Green Book – O Guia
Venceu em 2019, a história supostamente baseada em fatos (olha aí o bait!), sobre Dr. Don Shirley, um pianista afro-americano de renome mundial, que embarca em uma turnê pelo sul dos Estados Unidos, em 1962, em pleno período de segregação racial.
Como precisa de um motorista e guarda-costas, Shirley recruta Tony “Lip”, um ítalo-americano com tendências racistas do Bronx. No meio desse caminho acontece o quê? Os dois começam a se entender, superar suas diferenças, etc.
Mesmo que na vida real não foi o que houve, tinha um conjunto meio que irresistível para Academia premiar esse filme polêmico pelo que ocorreu dentro e fora das telas (é uma boa ideia pesquisar).
Spotlight – Segredos Revelados
Vencedor de 2016, a história baseada em fatos reais (novamente) e chocantes sobre o conluio da Arquidiocese de Boston para encobrir abuso de crianças pelos padres da cidade, que se revelou sendo um modus operandi mundial, só descoberto depois que os intrépidos e abnegados repórteres do Boston Globe, lançaram uma fatídica matéria.
Filmes sobre intrépidos jornalistas americanos (vide o clássico “Todos Os Homens do Presidente”), sempre estão na mira da academia e este, com uma filmagem de estilo clássico e comum, sobre denúncia social e com grandes interpretações não fugiu ao script, sagrando-se vencedor.
Leia também: O que esperar de “Megalopolis”, novo épico de Francis Ford Coppola?
12 Anos de Escravidão
Vencedor do Oscar de 2014, esse filme conta também, uma história baseada na vida de Solomon Northup, um homem negro, musicista e livre, raptado e enviado aos confins do Sul nos Estados Unidos, que em 1841 foi vendido como escravo em que passou o tempo do filme, passando por humilhações psicológicas e físicas, até que encontrou em abolicionista que pode ser a sua possibilidade de retomar sua vida e liberdade.
Traz momentos de tortura e superação que são muito caros à Academia embora tenha muitas qualidades, se encaixa como uma luva em uma premiação como o Oscar.
Argo
Vencedor em 2013, “Argo” é um filme dirigido por Ben Affleck baseado (claro) em uma história real em que por conta de um levante em 1979, seis diplomatas americanos precisam ser evacuados de Teerã. Sendo assim, a Cia monta uma operação secreta, sendo liderados pelo próprio Affleck com uma história hollywoodiana até a medula, sobre essa “equipe de filmagem” que estaria procurando locações para um filme na própria cidade.
É o filme do americano triunfante por excelência, infalível por mais que as adversidades estejam todas contra ele e seus aliados, impávido e resolutivo, mas um bom filme.
O Artista
Vencedor em 2011, eis um Oscar bait que não se baseia em fatos reais, nem em superações físicas ou sociais, mas que traz um assunto muito caro à academia… O Cinema!
Seja em sua gênese ou sobre homenagens à 7ª arte, é quase irresistível à Academia premiar obras bem feitas como esse filme francês, também premiado pela sensível interpretação de Jean Dujardin, como um ator que precisa se adaptar à chegada do som ao Cinema entre 1927 e 1932.
Quer estar por dentro do que acontece no mundo do entretenimento? Então, faça parte do nosso CANAL OFICIAL DO WHATSAPP e receba novidades todos os dias.