A peça, de José Saffioti Filho, é protagonizada e idealizada pela atriz Mari Feil
Ambientada em 1974, em plena ditadura militar brasileira, tempo de repressão aos meios de comunicação e às manifestações artísticas, a peça conta sobre a radialista Adelaide Fontana, que comandava o programa “Suspiros ao meio-dia” e foi demitida após 25 anos de casa. Ela resolve invadir e trancar o estúdio da Rádio Esperança para fazer um programa especial, no qual revela aos ouvintes, com humor e ironia, os reais motivos de sua saída: os baixos índices de audiência.
Nesse programava, veiculado à meia-noite, em contraponto com o horário anterior, Adelaide fala como bem entende sobre as alegrias e mazelas da sua vida, além de desafiar os poderosos da cidade, contando seus “podres” e apontando a hipocrisia que a cercava de forma irônica e divertida. O espetáculo discute os limites impostos às mulheres, principalmente às que ousavam desafiar o autoritarismo da época.
Escrita em 1976, a peça teve diversas montagens no Brasil e no exterior. A estreia foi no mesmo ano em São Paulo, com atuação de Cleyde Yaconis e direção de Antonio Abujamura, e devido à censura, a parte política precisou ser cortada. Em 1981, chegou às telonas com o diretor Luís Fernando Goulart e os atores Beyla Genauer e Paulo Guarnieri.
“Dirigir um espetáculo que tem um lugar importante na história do teatro é um grande privilégio. Porque ele foi escrito e encenado pela primeira vez num Brasil ainda dominado pelos militares e continua absolutamente atual trazendo à tona assuntos que ainda e cada vez mais precisam ser discutidos. E também porque é um texto forte que coloca toda e qualquer discussão num nível acima do senso comum”, ressalta o diretor Gil Guzzo.
O espetáculo teve sua estreia em dezembro de 2015 em Florianópolis, ficou em temporada na capital catarinense em abril de 2016, circulou em cidades como Itajaí (SC), Joinville (SC), Lages (SC), Foz do Iguaçu (PR) e Passo Fundo/RS (SESC), onde abriu a programação Arte Sesc – Cultura por toda parte. Foi convidado para encerrar o II Festival Curta Teatro de Macapá/AP e destacou-se como único espetáculo brasileiro selecionado para o 13º Festival Iberoamericano de Teatro “Cumbre de Las Américas” Mar Del Plata, em Buenos Aires, na Argentina, no qual recebeu os prêmios de melhor espetáculo solo e menção de melhor atriz. Em 2018, em janeiro, permaneceu em temporada no Teatro Municipal Maria Clara Machado, no Rio de Janeiro, e foi convidado para a abertura da Mostra de Teatro em Manaus, para o Festival Isnard Azevedo e para Festival de Teatro de Chapecó.
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