Pois é, a música popular brasileira, desde a bossa nova ao rock, teve e tem uma importância enorme para a formação de opinião. Nosso país é uma recente democracia, que passou por períodos sombrios como a ditadura militar. Mas oriunda dela, antes, durante e depois, temos canções sensacionais sobre o cenário político-sócio-econômico de forma extremamente atual e válido para animar o dia-a-dia e fazê-lo pensar um pouco sobre nosso país, antes de escolher seus candidatos.
Iniciando os trabalhos, acima temos a imagem de Cazuza feita em holograma para um show especial que aconteceu anos atrás. Achei ela perfeita para essa matéria e é com ele que iniciamos nosso MixTape. Cazuza que nunca aceitou os “padrões” comportamentais impostos pela sociedade, viveu à sua maneira e é considerado um dos maiores compositores da música brasileira.
Depois de ser vocalista da banda Barão Vermelho, ele seguiu carreira solo e uma de suas mais famosas músicas foi “Brasil”, lançada em 88. Com versos irônicos sobre a realidade brasileira, presente num dos melhores e mais polêmicos álbuns de sua carreira, “Ideologia”, Cazuza, em parceria com George Israel, faz de “Brasil” uma referência mais que atual ao nosso país e no vídeo abaixo, ele apresenta a canção ao vivo, ao lado da cantora Gal Costa, que regravou a música em 89 para ser tema da novela “Vale Tudo”, da Rede Globo.
https://www.youtube.com/watch?v=NkNv2BflaSU
Na recém democracia, após anos de ditadura, muitos artistas puderam falar sem censura sobre seus pensamentos políticos. Entre eles, outro grande compositor, Renato Russo, escreveu a canção “Que País É Esse?”, em 78, mas só lançada em 87, se tornando a música mais tocada do ano. Se incluir os sucessos internacionais da época, ela foi a segunda música mais tocada do ano no país.
Ainda no rock e com muita ironia, vamos acrescentar o fator “entrelinhas” ao som do eterno, “Maluco Beleza”, Raul Seixas. Por mais “doidão” que ele pudesse parecer, Raul Santos Seixas viveu e repercutiu durante a ditadura militar, fazendo com que muitas de suas músicas fossem uma crítica à política da época, de forma com que a censura não percebesse. Diga-se de passagem, quem não escuta com atenção e não conhece muito o período de suas composições também não percebe.
Mas Paulo, só tem músicas da década de 70 e 80 baseada na ditadura? Não meus amores, vou voltar mais um pouco no tempo para vocês verem que música e política sempre andaram de forma paralela. Vamos para os anos 30, onde os sambas-canções marcam a era poderosa do rádio e de grandes cantores/compositores como o carioca Noel Rosa.
https://www.youtube.com/watch?v=ua2ye7GxSyU
Avançando somente 4 anos no tempo, vamos para 1937 mantendo o clima radialista dos sambas-canções. Você provavelmente não faz a menor ideia de quem é seu Vavá, seu Manduca e seu Gegê, presentes na canção, que você provavelmente não conhece, “A Menina Presidência”, composta por Nássara e Cristóvão Alencar e interpretada por Sílvio Caldas, na companhia da Orquestra Odeon.
Viram como não foi só durante a ditadura que tínhamos músicas políticas?! O fato é que a produção em massa de canções/críticas à política nacional foi feita, sim, de 64 a 85. Entre elas tem uma que considero um marco sobre a realidade que foi vivida por mutios e, de certa forma, continua sendo vivida por nós.
“Cálice”, melhor dizendo “Cale-se”, foi composta por Chico Buarque e Gilberto Gil, após ambos voltarem de seu exílio no exterior. Ela foi feita em 73, mas só lançada somente em 78 com a interpretação de Chico e do mineiro Milton Nascimento. Expondo o governo nas entrelinhas, ela é o desejo de se livrar das desigualdades sócias e das imposições políticas da época, uma denúncia aos métodos de tortura e repressão e o retrato vivo do medo de poder se expressar. Essa canção me arrepia toda vez que escuto e já me fez chorar algumas vezes de tão poderosa.
Para terminar nosso MixTape oficialmente, chegamos a nossa sétima e última música, com a eterna e (minha) diva, Elis Regina, que gravou “O Bêbado e A Equilibrista”, em 79, composta por Aldir Blanc e João Bosco. Lançada no LP “Linha de Passe”, existem inúmeras metáforas presentes na canção, temos a relação de que os militares são as estrelas e o céu é a prisão, faz referência às viúvas de presos políticos, e usa palavras fortes do hino nacional para narrar a história da sociedade brasileira.
https://www.youtube.com/watch?v=mcYCP1nEdUA
Depois desse MixTape político e muito reflexivo quero deixar a minha mensagem: O segundo turno é a sua segunda chance de fazer o que acha certo pelo teu país, independente se é uma eleição para prefeito ou para presidente. Nossa nação foi construída aos trancos e barrancos e hoje vivemos na recém e frágil democracia, que verdadeiramente ninguém sabe exatamente o que é, pois normalmente somos “doutrinados” a seguir os passos de nossos pais e eles dos pais deles e assim vai. Me veio na cabeça até “Como Nossos Pais” agora.
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