Muitas pessoas assistem o “Big Brother Brasil”. Se essa premissa não fosse verdadeira, não teríamos a versão 17 do programa passando esse ano, já com o BBB18 confirmado e com inscrições abertas.
Porém, de uns dias para cá, o BBB chamou atenção por um caso que não tem a ver apenas com o confinamento em si. Como é de praxe, essa edição formou um casal e esse casal ganhou certo protagonismo na casa e na torcida fora dela.
A parte disso, o que aconteceu com Emilly e Marcos, o casal do programa, poderia ter acontecido com casais de todas as faixas etárias, independente da idade. As manchetes que mais ganharam destaque sobre os “pombinhos” não foram de que eles tiveram sexo dentro da casa ou que esquentaram a festa. O que mais ganhou destaque foi o fato de que Marcos, um homem na faixa de seus 40 anos, quase sempre quando perdia o controle “voava” em cima de Emily, que acuada tentava se defender com a imaturidade de seus 19 anos. Mas, novamente digo, idade não tem nada a ver com o que se passou.
Não foram poucas as vezes que o site da Globo e outros portais de notícia divulgaram notas falando que Marcos apertou o pulso de Emilly, Marcos colocou o dedo na cara de Emilly, Marcos gritou com Emily, Marcos empurrou Emilly e por aí vai.
O programa vem chegando ao fim, e no primeiro final de semana de Abril, Marcos foi indicado ao paredão, passando por ele, mas surtando e como sempre quem levou a pior foi Emily, que ouviu o descontrole emocional e machista de seu “namorado”. Na semana seguinte, Marcos foi indicado novamente. Antes de ser indicado, Marcos segurou Emilly com força, agarrou seu punho e o prendeu, machucando-o. Ele gritou diversas vezes com ela, mostrando sua total falta de controle emocional e, o que é pior, seu machismo gritante.
Em um programa que passa no horário nobre da TV brasileira, na emissora de maior audiência, uma pessoa foi duas vezes ao paredão e não saiu porque o público elegeu pior seus concorrentes. Eu entendo que eles, seus concorrentes no paredão, sejam pessoas ruins, mas, a não ser que tenham cometido uma atrocidade dentro do programa muito pior que a de Marcos (o que eu não li nada a respeito), isso não se explica. Não há justificativa para um cara abusivo, descontrolado e possessivo continuar dentro de um programa disputando 1 milhão de reais.
À partir do momento em que desculpamos Marcos por seu descontrole e dizemos que Emilly tem culpa no cartório porque conseguiu levá-lo aquilo, nós estamos transformando o agressor em vítima. Porque é exatamente isso que as pessoas fazem quando defendem quem agrediu: tentam distorcer a vítima e transformar o agressor em algo que ele não é.
O BBB não é um programa fácil: ficar confinado com sei lá quantas pessoas com quem você pode ou não fazer amizade, passar por inúmeras provas, ser colocado em uma lupa social onde todos podem te julgar e vão decidir se você está ou não apto para ganhar o prêmio final não é fácil. Mas, ninguém te obriga a ser o que não se é. Se Marcos se descontrolou é porque algum traço de sua personalidade, talvez até mesmo de seu caráter, é assim. Marcos e Emily são a mostra do que é um relacionamento destemperado, doente e descontrolado.
Para a sorte de Emilly, já que o público fã do programa parece não estar ao seu lado e quer vê-la passar por todo tipo de abuso, a Globo cedeu, depois de muita pressão popular, e tirou Marcos do BBB. O preocupante nesse caso é que Emilly é jovem, o público que torce por ela também é, o que nos leva a pergunta: será que eles consideram o relacionamento mostrado ali saudável e digno de formar torcida?
O que vimos no BBB é apenas uma amostra de milhares de relacionamentos espalhados pelo Brasil. Eles nem sempre vão ser estampados em roxos, sangue e hematomas. É realmente uma pena que a maioria ainda não saiba reconhecer um relacionamento abusivo quando vê um porque isso poderia salvar vidas ou impedir que muitas coisas que vemos no jornal de acontecer.
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É um alento ler essa matéria nessa doença que tá esse mundo. As vezes o óbvio não é tão óbvio pra todo mundo. Nosso papel é esse: trabalho de formiguinha, mas sem parar… Até uma sociedade que respeite a todos com equidade.