Durante as décadas de 70 e 80 muitos filmes de dança foram feitos e amplamente divulgados, colecionando fãs por todo o planeta. Alguns são musicais mesmo, como “Grease – Nos Tempos da Brilhantina”, onde John Travolta e Olivia Newton-John soltam a voz em músicas que ficaram marcadas na memória de quem o assistiu, e outros apenas têm um forte apelo na dança, mas seus protagonistas não saem cantando, como “Dirty Dancing – Ritmo Quente”.
Com uma história que envolve muita música, cenas marcantes e um casal de tirar o fôlego, nós vemos o talento para dança que possuem Jennifer Grey e Patrick Swayze e a química inquestionável que eles tiveram como Baby e Johnny, tornando um enredo meloso em um longa simplesmente apaixonante.
As cenas de dança, sem dúvidas, são as mais marcantes. Swayze podia não ser um excelente ator, mas seu carisma e o talento inegável como dançarino (ele era formado como bailarino clássico) fizeram de Johnny um personagem inesquecível. Jennifer Grey nunca viu sua carreira acontecer como atriz, mas fez de sua Baby alguém que fugia da incômoda imagem de menina mimada tão comum nos filmes.
Várias músicas embalam o longa, até mesmo uma que Patrick Swayze canta na trilha (mas não no filme) chamada “She’s Like theWind”, que faz parte dos momentos românticos entre os personagens centrais, porém nenhuma marcou tanto essa produção quanto “(I’ve Had) The Time of My Life”. O dueto, cantando por Bill Medley e Jennifer Warnes, faz parte de uma coleção de cenas que são inesquecíveis, especialmente se colocarmos o fator romântico. A coreografia feita por Swayze e Grey é imitada a exaustão em vários casamentos mundo a fora.
Sem dúvida nenhuma o filme marcou a década de 80 e pelo menos uma vez fez parte de nossas vidas ao ser transmitido na Sessão da Tarde, da Rede Globo. Ele ainda ganhou uma continuação sem seus personagens principais (na verdade, Swayze faz uma pequena participação no filme), sem o carisma do filme original e que ninguém deveria ver para não estragar a memória do primeiro.
Pois bem, se nem a sequência do original é indicada, quem, em sã consciência, pensaria em fazer um remake e mexer no clássico de 1987? Nenhum produtor ou produtora com bom tino comercial faria algo do tipo, mas isso não se pode dizer dos executivos da emissora americana ABC. Quando, há alguns anos atrás, eles confirmaram que refariam o filme muita gente já torceu o nariz. Conforme foram saindo outras notícias, o projeto foi se revelando um verdadeiro navio afundando. E ao estrear tudo confirmou que o projeto naufragaria mais rápido que o Titanic (o transatlântico, não o filme do James Cameron).
Protagonizado por Abigail Breslin, que conquistou os fãs do cinema com o diferente e deliciosamente imprevisível “Pequena Miss Sunshine“, e por Colt Prattes, que não tem uma carreira muito constante, mas é também dançarino, a versão contemporânea se mostrou um grande fracasso.
Breslin é uma atriz competente e traz para a tela toda a personalidade necessária para Baby, mas ela não dança e, claramente, o tempo de produção do filme não foi o suficiente para ela aprender, então alguns subterfúgios foram usados para disfarçar a prática que lhe faltava. Vamos pontuar que é impossível que uma pessoa passe de um zero a esquerda na dança para um bailarino clássico em questão de dias. Jennifer Grey já sabia dançar antes de entrar para o filme original, então a produção deu preferência para ter dois atores protagonistas que já tivessem formação clássica na dança.
Colt Prattes é o único que sabe dançar dos dois, mas atua como uma porta e não foi capaz de construir química alguma com Breslin. O que vemos de seu Johnny é um personagem insosso, com pouca utilidade e um topete gigante que nem mesmo Donald Trump seria capaz de carregar. Ainda que Swayze não tenha sido um exímio ator, ele foi capaz de construir um grande personagem, e ainda mostrar um bom entrosamento com sua parceira de cena, fazendo do filme original um clássico com um dos casais mais apaixonantes do cinema.
Agora, não foi apenas a pouca excelência dos atores que levaram o filme ao desastre, a produção e execução do longa também é sofrível. A ABC construiu um projeto para TV como há muito tempo não era feito: fraco, limitado e sem grandes investimentos ou preocupações. Atualmente, várias emissoras têm apostado em suas próprias produções e feito coisas excelentes, o fato de ser um “Tv Movie” não exime do péssimo produto que foi feito. A direção de Wayne Blair mostrou um resultado que faltou pulso firme, melhores escolhas e um péssimo tino. Até mesmo o final pareceu uma cópia do musical queridinho atual “La La Land“.
O filme, como já foi dito, é um Tv Movie, ou seja: um filme feito para Tv. Possivelmente, e para nossa sorte, ele não irá parar nos cinemas brasileiros. Porém, na internet é possível encontrá-lo, se alguém ainda tiver o desejo de assisti-lo. Mas, o original é sempre uma pedida bem melhor e está disponível em DVD, passa direto na Globo, não é difícil de ser achado em lugar algum e fará você se apaixonar sempre por ele, além de ser ótimo poder relembrar Patrick Swayze e todo seu carisma.
“Dirty Dancing – Ritmo Quente” é uma ótima indicação para um bom programa para o próximo dia dos namorados: bom, bonito e barato! Mas, atenção: o original, não o “refeito” pela ABC.
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