Entrevistamos a atriz Priscila Lima, que estreou no Festival do Rio com o filme independente “Ana”, interpretando a protagonista. Priscila contou suas experiências em trabalhar mais de uma vez com o diretor Marcus Faustini, seu trabalho como diretora no espetáculo “Hoje Não é um Bom Dia”, seu desafio no longa e seus futuros projetos como diretora, na TV e no teatro.
Bruna Zordan | Não é a sua primeira vez trabalhando com o diretor Marcus Faustini. Como vocês se conheceram e como aconteceu o convite para interpretar a personagem Ana? Vocês têm planos para trabalharem juntos em outros projetos?
Priscila Lima | Eu conheci o trabalho do Marcus como diretor de teatro através da internet até que um dia vi que ele estava com uma chamada aberta para o primeiro longa-metragem dele, enviei meu currículo e já no primeiro teste de elenco nos conhecemos. Passei no teste e participei no elenco principal do “Vende-se Esta Moto”, nosso primeiro trabalho juntos. Já durante o “Vende-se”, a gente falava em trabalhar de novo juntos no futuro e acredito que o convite para a “Ana” veio em torno de um ano depois. Ele me ligou dizendo que havia escrito um novo filme e queria que eu desse vida a personagem principal, foi uma felicidade imensa. Nós viramos grandes parceiros de trabalho, agora estamos ensaiando uma peça de teatro onde ele é o diretor e eu contraceno com a atriz Maria Ribeiro. Será uma peça sobre a Capitu de Machado de Assis. Além disso, já temos planos para um novo longa-metragem. Já mostramos que sabemos contar histórias e fazer cinema sem dinheiro, mas agora estamos procurando patrocinadores que acreditam nesse cinema para entrarem numa parceria conosco.
B.Z. | Quais foram os desafios e os aprendizados que você enfrentou e adquiriu interpretando a Ana?
P.L. | Ao interpretar a personagem Ana, eu precisei investigar como é ter um universo de questionamentos, medos, anseios, desejos dentro de si mas não ter repertório para conseguir se expressar. Foi muito interessante pra mim porque como artista eu precisei me investigar muito até conseguir comunicar meus sentimentos então foi como uma viagem ao passado da Priscila quieta, tímida e intimidada que uma vez fui e depois adicionar todas as camadas pessoais da Ana.
B.Z. | O Gustavo Luz interpreta o seu irmão e o Vinícius de Oliveira o seu interesse amoroso, se podemos dizer assim. Você já conhecia os dois ou foi a primeira vez que trabalharam juntos? Como foi a experiência de trabalhar com eles?
P.L. | Eu conheci o Vinicius no nosso primeiro longa do Faustini juntos, ele é um parceiro querido, tem uma vasta experiência no audiovisual desde criança e é generoso em cena. Foi muito importante para mim poder confiar nele nesse trabalho pois tínhamos diversas cenas íntimas e a confiança é primordial para que essas cenas sejam verdadeiras. O Gustavo eu já conhecia da vida, tínhamos amigos em comum, mas foi a primeira vez trabalhando juntos. Ele é um ator jovem e entregue que me ensinou muito, viramos grandes amigos nesse processo e espero encontrá-lo novamente no trabalho.
B.Z. | Em 2020 você dirigiu o espetáculo “Hoje Não É Um Bom Dia”, que se passava em um cenário pandêmico e foi feito por Zoom. Você tem planos para voltar a dirigir peças? Ou tem vontade de dirigir um longa?
P.L. | Tenho vontade de dirigir um longa sim e nesse momento estou trabalhando em um roteiro de um filme baseado na obra de um grande compositor brasileiro. Além de atriz, trabalho como diretora já tendo dirigido com alguns clipes, publicidades e o curta “Eu sou outre você” em parceria com o Daniel Wierman. ”Hoje não é um bom dia” foi o resultado de uma pesquisa que eu tenho há 10 anos com a técnica de atuação criada pelo diretor americano Sanford Meisner. Durante a pandemia, convidei antigas alunas minhas para continuarmos a pesquisa atrelada a tecnologia de vídeo chamadas, ficamos mais de um ano pesquisando até criarmos a narrativa e o roteiro baseado em toda a loucura que estávamos vivendo no mundo naquele momento. O filme foi muito bem recebido pelo público e esse ano decidi editar todo o material que temos para montar um longa para festivais.
B.Z. | Em 2022, você participou da série adaptada “No Mundo da Luna”, da HBO Max, interpretando a personagem Bia. Podemos te ver em breve participando de mais séries ou filmes?
P.L. | Bia era o máximo, uma personagem de comédia, completamente diferente da Ana. Sou uma atriz que gosto de desafios em todos os sentidos e gosto de construir personagens complexos e com personalidades diferentes. Então, sim, em breve tem mais trabalhos no audiovisual e além disso, em março de 2024, irei estrear a peça de teatro Capitu ao lado da atriz Maria Ribeiro.
B.Z. | O que as pessoas podem esperar do filme “Ana”?
P.L. | O filme Ana é um filme sensível que mostra como, acima de tudo, o que nos sustenta neste mundo com todas as nossas dificuldades, é o afeto. As pessoas podem esperar uma história emocionante que foge dos estereótipos violentos que o cinema, realizado por pessoas que nunca viveram essas realidades, insiste em colocar na periferia. A favela é amor.
Leia mais: Crítica de "Ana"
“Ana” é um filme nacional independente, dirigido por Marcus Faustini, que teve sua primeira exibição no Festival do Rio. O filme aborda a história de Ana, uma jovem que mora no subúrbio carioca e ganha a vida sendo passeadora de cachorros na Zona Sul do Rio. Porém, ao mesmo tempo, Ana precisa lutar e proteger o seu irmão Diego, que estuda teatro e começa a se expressar pela arte drag, de ataques homofóbicos. O longa é protagonizado por Priscila Lima, Gustavo Luz e Vinicius de Oliveira.
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