De fã à Artista
Por Daniel Gravelli
Ele sempre acreditou que seu futuro era maior do que aquele apontado por muitos e, por isso, nunca desistiu de realizar o sonho de ter uma carreira estável e tornar-se referência na sua área.
Ainda criança surgiu o primeiro interesse pelo meio artístico ao ver diferentes artistas se apresentando na televisão. Entre uma brincadeira e outra, começou a imitar coreografias e a cantar na sala de sua casa. Quanto mais a diversão tinha, maior era o interesse por aquela área. Tanto que aos quatro anos já arriscava a participar de diferentes programas de calouros cantando músicas de Jessé, seu ídolo na época e um dos grandes sucessos da década de 80.
Apaixonado pela leitura, hobby esse que sustenta até hoje, e por teatro, saiu de casa para fazer o seu primeiro curso de atuação e acabou recebendo diversos elogios e prêmios pelo seu desempenho.
Dedicado e Carismático, Pedro Pauleey, fez de tudo um pouco, chegou inclusive a tentar a carreira política. Mas, foi a partir de 2012 que sua vida começou a mudar radicalmente e sua carreira foi levada ainda mais a sério, contabilizando enumeras participações no teatro, cinema e televisão.Pulp! – Você começou cedo, diferente de muitas crianças da sua idade que preferiam estar brincando. Essa vontade de mostrar seu talento em programas de calouros veio por incentivo dos seus pais ou aquilo realmente te fascinava?
Pedro Pauleey – Acho que foi o contrário! Eu vivia cantando músicas do Jessé e imitando as coreografias do Ney Matogrosso em frente à TV. Minha família meio que percebeu isso e começou a me levar num famoso programa de calouros na Rádio da minha cidade.
P! – Você fazia daquilo sua brincadeira semanal?! Ou seja: Fazia por diversão, passatempo ou por querer ser igual as pessoas que já brilhavam na televisão naquela época?
PP – Não me lembro bem o porquê de fazer aquelas coisas que via na TV! Acho que era mais diversão mesmo. Nessa época não pensava em ser artista ou algo parecido. Nem sabia o que era artista, acho. Recordo do meu pai falando das vozes dos cantores sertanejos: que uma era mais grave e outra mais fina, que uma era mais forte a outra mais fraca. Sei lá, nunca pude perguntar. Talvez meu pai visse um artista em mim.
P! – Na década de 80 as crianças com quatro anos cantarolavam “Super Fantástico Amigo…” (Referência ao clássico de sucesso da turma do Balão Magico) e não músicas do inesquecível Jessé. O que o levou a tornar-se fã do cantor?
PP – Ahahah…realmente! Curtia a turma do Balão Mágico também. Boa pergunta! Aliás, estava pensando sobre isso há pouco tempo, do porquê de gostar dessas músicas. Meus preferidos eram Jessé e Gilliard (lembra dele? rs) e sempre estava cantarolando suas músicas. Não sei de onde vem esse interesse por cantores da MPB e também por “Please don’t go” da KC & The Sunshine Band. No inglês embromado, claro! (rs) Eu assistia muito no Chacrinha. Talvez fosse isso.
P! – Você ficava com vergonha de participar dos programas de calouros?
PP – Pelo que me lembre sim! Como era muito novo, às vezes cantava e às vezes ficava só batendo no microfone. Me imitam até hoje na família! Mas quando cantava, ganhava uns prêmios até legais. Mas me sentia bem envergonhado sim.
P! – A leitura é fundamental na construção do homem e para qualquer profissão que esse deseja seguir! Você começou a ler ainda criança, algo que falta nos jovens brasileiros. Hoje em dia é mais fácil chegar aos dez anos com um celular e uma conta pronta no Facebook do que um livro em mãos. O que você acha que está faltando para que esse interesse pela leitura aumente? E qual a falha da educação brasileira em relação a isso?
PP – Realmente cresci lendo de tudo! Um dos meus irmãos sempre colecionou revistas em quadrinhos da Marvel e da DC, então, desde que aprendi a ler aos 5, 6 anos devoro tudo ligado a isso. Os livros conheci com a famosa Coleção Vagalume. Li e reli várias vezes esses também devido ao incentivo da minha escola. As coisas hoje estão muito interativas. Para atrair, tem que rolar muito mais identificação com a criança, senão ela vai pro celular ou pro Facebook. Mas nem vejo muito a internet como vilã, porque ali a pessoa (na maioria da vezes) é obrigada a ler. Não deixa de ser um hábito de leitura.
P! – A internet tem culpa nessa quebra da educação ou ela é apenas mal utilizada? Na sua opinião, qual o fator dominante que prova esse mau uso e o que pode ser feito para que isso melhore?
PP – Assim como na vida, a internet tem coisas boas e coisas ruins! Como na vida real temos que selecionar o que queremos pra gente e o que não queremos. Se bem usada acredito ser uma ferramenta importantíssima pra educação e até pra leitura. É preciso selecionar e filtrar. Sempre pode melhorar.
P! – Quando decidiu que queria ser ator você se mudou para outra cidade e isso transformou completamente sua vida. Essa foi uma escolha difícil, devido à família, ou eles te acompanharam?
PP – É sempre muito difícil deixar a família e ir. Até hoje! As pessoas mais importantes da minha vida estão sempre longe de mim. Mas desde a primeira vez, que foi aos 17 anos, quando fui estudar em Ouro Preto e fiquei por lá um bom tempo, que eles vem me apoiando. Nunca me acompanharam, mas apoiam sempre!
P! – A sua primeira aparição de forma nacional aconteceu em um Reality Show mas, antes você já dava as caras em outro tipo de programa em Minas Gerais. Qual era esse programa e qual impacto ele causou em sua carreira?
PP – Era um programa em Patos de Minas, minha cidade natal, numa retransmissora da Rede Minas de BH. O programa se chamava “Escolinha Maluca” e estive no seu elenco de 1997 a 2001, alternando funções de redator, ator, criador. Foram mais de 30 personagens nesses 4 anos e esse programa foi um exercício incrível, onde puder conhecer de forma bem artesanal como se faz TV. Foi ali que me vi pela primeira vez e pude perceber o que ficaria legal e o que não ficaria em cena. Foi realmente um grande exercício.
P! – Você foi aprovado para cursar uma das melhores universidades do país. O que o levou a abandonar o curso de Artes Cênicas da UFMG?
PP – Na época era muita coisa acontecendo ao mesmo tempo. Eu estava no humorístico, estava terminando o Ensino Médio, com planos de me mudar para o Rio de Janeiro e de repente passo numa prova pra estudar em BH, mas um outro curso que estava fazendo em Uberlândia acabou me levando pra estudar na UFOP de Ouro Preto. Tive que escolher. terminei alguns cursos na UFOP, mas meu objetivo principal era ir para o Rio de Janeiro trabalhar. Então abandonei e acabei pegando rumo da Cidade Maravilhosa.
P! – Nós crescemos com o fundamento de que a faculdade é essencial na vida das pessoas! Você acha que essa afirmação vale também para os atuação? Na sua opinião é realmente importante que um ator faça uma faculdade de Artes Cênicas?
PP – Faculdade não forma ator! Estudar, claro, é sempre importante. Nas mais variadas áreas. Não vejo, por exemplo, como ensinar a passar uma emoção, a passar uma mensagem apenas com o olhar. Atuar é um estudo constante. Até porque sem o estudo, você nem consegue trabalhar. É preciso dele comprovado para tirar seu tão falado Registro Profissional (o famoso DRT) e começar a trabalhar. O meu foi graças aos cursos da UFOP. Mas nessa profissão você nunca para de estudar. Estudar a vida, os tipos, as emoções e, pra isso, não tem nada melhor que a escola da vida!
P! – Recentemente perdemos um dos grandes ícones do teatro Brasileiro e você teve a oportunidade de trabalhar com ele. Como foi fazer parte da companhia “Ébanos brilhantes” e ser dirigido pelo mestre Antônio Abujamra.
PP – Foi um dos maiores presentes da minha vida! Pude conviver com o mestre Abujamra durante um ano todo, aprendendo técnicas de atuação que uso até hoje. Com colegas de elenco da época, aprendi a ser dirigido, e com o Abu nem se fala. Se fosse nos dias de hoje, com a tecnologia atual, procuraria registrar tudo o que ele falava ao final dos ensaios, pois eram lições para a vida.
P! – Foram mais de 80 mil inscritos para o Reality Show “A Casa dos Artistas” do SBT. Dentre eles, você foi um dos escolhidos. Como você recebeu a notícia e qual a sensação de estar sendo vigiado 24 horas por dia?
PP – Eu tinha feito a inscrição, mandado minhas fotos e uma semana depois me ligaram dizendo que tinham achado meu perfil interessante. Primeiro foi o susto, depois a satisfação imensa, já que era um programa diferente que visava revelar novos atores para o casting do SBT. Esse reality, com certeza, foi um dos momentos mais marcantes da minha vida. A sensação de estar sendo observado 24 horas por dia é estranho, inicialmente, mas depois de algumas semanas você nem nota mais. O mais engraçado é que sou muito fã do filme “O Show de Truman”, precursor dos realities, e sempre pensei como seria uma coisa dessas. Ser filmado 24 horas por dia. Acabei ganhando a resposta.
P! – Logo depois que você saiu da casa, você começou a participar de algumas novelas da mesma rede. A proposta surgiu a partir de convite, após o seu desempenho no Reality, ou já era claro que todos teriam uma oportunidade no SBT?
PP – Na verdade fizemos teste para novela “Esmeralda” ainda dentro da Casa! Confinados. Garantia de personagem na novela, só tinha mesmo o vencedor. Não venci o programa, mas acabei sendo contratado mesmo assim. Sei lá, devem ter gostado (rs). Tanto que depois ainda fiz a novela Cristal e depois o diretor Nilton Travesso me chamou pra fazer parte de Nina & Nuno, sitcom com a Adriane Galisteu.
P! – Mesmo com o seu rosto aparecendo em novelas de rede nacional e comerciais, você decidiu voltar para sua cidade e acabou trabalhando em eventos como jornalista e câmera. O que o levou a tal decisão?
PP – A fama e o sucesso é uma coisa muito complicada. É preciso ser merecedor e ter uma estrutura psicológica muito forte pra assimilar o que acontece depois! Em Julho de 2004 eu era um ninguém e, de repente, 2 meses depois, graças ao Reality, você se torna conhecido e não consegue andar nas ruas de tão forte assédio na época. É sério! A pessoa meio que pira. E isso foi impulsionado ainda mais pela novela, que foi um grande sucesso. Quando a segunda novela que fiz na emissora terminou e eu fiquei um tempo sem trabalho, me senti meio deslocado do mundo e a vontade era de fugir. E, acabei fugindo realmente de volta pra minha terra, minha cidade, meio sem entender o porquê disso. Talvez um pânico que eu não tenha identificado. Acabei ficando por lá nos 4 anos seguintes, mas sempre com o pensamento em mente de voltar. Acabei voltando.
P! – Já vimos alguns atores tentando a carreira política, porém muitos deles depois de certa idade! Como surgiu a ideia de se candidatar a vereador de sua cidade natal?
PP – Bom… nessa de ter voltado pra minha cidade, meio como uma figura estranha, mas conhecida, surgiu esse convite. Eu estava então com 29 anos. A princípio dei muitas gargalhadas, pensei, depois fui atrás e resolvi aceitar, pautado numa força jovem na candidatura. Mas na realidade foi mais por experiência mesmo! Lógico que desejei ganhar, tanto que fiz muita campanha eleitoral. Mas não era pra ser.
P! – Hoje em dia você coleciona participações em diferentes filmes, seja curta ou longa-metragem. Qual deles você considera o maior aprendizado?
PP – Realmente! Entre 2013 e 2014 participei diretamente de umas 7 ou 8 produções entre curtas e longas-metragens. Aprendi muito dirigindo o meu primeiro curta, chamado “Claustrofobia”, onde fiz também as imagens. Mas sem dúvida o maior desafio foi o longa metragem “O Lucro Acima da Vida” de Nic Nilson, lançado recentemente. Nele faço um rapaz, filho dos personagens de Zezé Motta e Aílton Graça, que nasceu com paralisia cerebral e tem dificuldades pra falar e se movimentar. Fui chamado pra esse trabalho num domingo, viajei na terça pra Paulínia e na quarta já estava no set dando vida a um personagem tão difícil. Devido aos seus espasmos involuntários, ao final do dia, eu parecia ter saído de uma academia de malhação.P! – Entre esses vários filmes, e outros projetos, você teve até a oportunidade de trabalhar com diretores internacionais. Como foram essas experiências?
PP – Coisas de Deus, da vida! Sou muito fã do trabalho de Spike Lee desde sempre e de Stephen Daudry desde Billy Elliott e seus filmes seguintes. E a vida me presenteou podendo encontrar e trabalhar com esses dois cineastas incríveis. O Spike num comercial de celular e o Stephen no filme “Trash”. Pude participar de um workshop com o M. Night Shyamalan (de o Sexto Sentido, A Vila), outro que sempre admirei muito. Coisas de Deus.
P! – Quais são as suas inspirações?
PP- Minha família, minha mãe, parceira e agora meu filho, são sempre motivações para lutar mais! Na verdade, a luta diária nessa profissão, sempre teve como objetivo maior dar um casa mais digna para minha mãe e depois uma pra mim. Como ainda não consegui, a luta continua. Agora inspirações artísticas, sempre tive Chico Anysio e Grande Otelo como modelos de um bom trabalho. Sonho em fazer um programa como o Chico, com vários tipos… coisa que o Eddie Murphy faz bem também.
P! – No ano passado você integrou o elenco de uma novela da Rede Globo, dando vida ao personagem Sauro. Conte-nos um pouco sobre isso e se tem alguma nova proposta da rede.
PP – Fazer novela na Globo era um sonho antigo, que começou a tomar forma quando fui a uma seleção da novela há um tempo atrás. A princípio eu já estava muito feliz , pois ia participar da abertura da novela, o que estava achando o máximo! De repente, o Sauro cai no meu colo, num núcleo maravilhoso que tinha Letícia Spiller, Marco Ricca, Alexandra Richter, Thaís de Campos (…) só pra citar alguns. Foi um grande aprendizado e a matança de uma curiosidade enorme de como era fazer novela na maior produtora de teledramaturgia do mundo. Foi mágico! Bom, a novela terminou no início desse ano e desde então tenho feito alguns testes na emissora. Algumas sondagens mas, nada que possa confirmar aqui. Vamos esperar que vem mais coisa por aí.
P! – Eu sempre peço aos entrevistados que deixem uma mensagem para os jovens artistas. Qual seria a sua contribuição?
PP – Bom… acredito que ter sucesso é gostar daquilo que faz. Quem realmente gosta do que faz, nunca se cansa de trabalhar. E pra se ter sucesso numa profissão tão difícil quanto a de artista, você tem que gostar MUITO!
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