Espetáculo “República Lee” conjuga linguagens artísticas com excelente elenco e, claro, muita boa música

“República Lee – Um musical ao som de Rita” é um sopro de originalidade no cenário teatral, revelando a força de uma produção independente que transforma limitações em pura potência criativa. Ambientado na efervescente São Paulo de 1967, o espetáculo acompanha cinco jovens artistas que, reunidos em uma república, se lançam na ousada empreitada de produzir um curta-metragem de ficção científica com orçamento mínimo. Com narrativa construída a partir das canções de Rita Lee, a montagem presta um afetuoso tributo à rainha do rock brasileiro, costurando cenas teatrais vibrantes, takes pré-gravados e filmagens realizadas ao vivo diante do público, em uma experiência singular onde música, teatro e cinema se encontram.

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Escrito e dirigido por Tauã Delmiro, “República Lee – Um musical ao som de Rita” confirma e amplia a assinatura artística de um dos maiores talentos da nova geração do teatro musical brasileiro. Depois dos excelentes “As Metades da Laranja” (comédia musical com canções de Fábio Jr.) e “Na Rua, na Chuva, na Fazenda” (com canções do Kid Abelha), Delmiro reafirma seu estilo inconfundível, ancorado no humor inteligente e no frescor do besteirol, sem abrir mão de uma narrativa afetuosa e inventiva. Aqui, sua direção alia ritmo afiado, leveza cômica e sensibilidade musical, resultando em um espetáculo que diverte, emociona e consolida seu lugar como um criador de voz própria no panorama contemporâneo.

Além de assinar o texto e a direção, Tauã Delmiro também brilha em cena, integrando um elenco de talentos igualmente notáveis: Cella Bártholo, Caio Nery, Ingrid Klug e Hugo Kerth (este último, também responsável pela direção musical e pelos arranjos). Juntos, entregam uma performance afinada não apenas no sentido musical, mas na perfeita sintonia entre humor, emoção e presença cênica. Com timing cômico preciso, potência dramática e impressionante qualidade vocal, o grupo constrói personagens vivos e irresistíveis, sustentando com energia e carisma a narrativa que pulsa a cada momento.

A direção musical e os arranjos de Hugo Kerth revelam sensibilidade, criatividade e sofisticação. Mesmo com a formação reduzida, contando apenas com o talentoso pianista Lucas Paixão no palco, Kerth cria paisagens sonoras ricas e envolventes, que reforçam a narrativa e potencializam cada número musical. A interação precisa entre voz, piano e arranjos transforma cada canção em um momento único, evidenciando seu talento para unir musicalidade, ritmo e emoção de forma impecável.

As coreografias de Débora Polistchuck conferem ritmo e energia a cada número do espetáculo, contribuindo para que o público se mantenha completamente imerso na história e na atmosfera pulsante da república.

A concepção de cenografia de Glauce Carvalho e Vinicius Pugliese constrói de forma envolvente o ambiente da república, transportando o público diretamente para o universo dos cinco jovens artistas, enquanto o design de luz de Livs realça cada gesto, emoção e transição com precisão e efeito dramático.  Os figurinos de Vinicius Coguiar e o visagismo de Livia Rezen completam o quadro, conferindo identidade, estilo e personalidade a cada personagem. Um destaque especial fica para a divertida presença da barata, que reforça o humor da narrativa. Juntos, esses elementos mostram como a produção supera com talento e criatividade as limitações de recursos típicas de um espetáculo independente, transformando cada detalhe em parte essencial da experiência do público.

“República Lee – Um musical ao som de Rita” celebra a amizade, a colaboração e a persistência artística, enquanto aborda a história do Brasil, incluindo a ditadura e a repressão, de forma leve e sensível. Mostrando como jovens criativos transformam desafios em oportunidades de expressão, a montagem combina humor e emoção, oferecendo ao público uma experiência envolvente e memorável que ressoa muito além do palco.

_{Imagem Destacada: Divulgação/Caio de Biasi (via Instagram)}

República Lee — Um Musical ao Som de Rita | Um Tributo Cinematográfico em Forma de Peça

Sinopse

Cinco jovens artistas que, reunidos em uma república, se lançam na ousada empreitada de produzir um curta-metragem de ficção científica com orçamento mínimo.

Prós

Criatividade e talento da produção independente – supera limitações de recursos com originalidade e inventividade;

Elenco e direção impecáveis – atuação, humor, emoção e musicalidade em perfeita sintonia;

Integração multilinguagem – combina teatro, música e cinema de forma envolvente.

Contras

Embora o pianista Lucas Paixão ofereça uma performance excelente e a direção musical de Hugo Kerth seja impecável, o espetáculo poderia se beneficiar ainda mais com uma banda completa, o que não é possível devido às limitações de recursos típicas de uma produção independente.

5

Nota