Nós (brasileiros) temos a mania do “primo pobre”. A grama do vizinho é sempre mais verde, os autores de fora são os mais cool, e todo aquele vitimismo dos preguiçosos que não se dão o menor trabalho de olhar aqui para dentro. Mas como nem tudo são mazelas, a Woo! Magazine está sempre apostando em novas facetas e procurando o que há de mais legal no cenário nacional, e olha aonde nós viemos parar: em um vórtice do tempo.
Então, Booklanders, vocês sabem o que é um vórtice do tempo? Vocês já tiveram a oportunidade de viajar para o passado ou para o futuro? A máxima de “quem lê viaja” nunca foi tão realista quanto nesse contexto. “Alec Dini e o Vórtice do Tempo” é a nossa pedida do dia. E nós fizemos questão de levá-los para dentro da magia dos mitos celtas.
Nosso autor: o brasileiríssimo Felipe Recchia, ou F.R. Pan [para os íntimos e fãs]. Um jovem nascido em São Bernardo do Campo, São Paulo, e fã de mitologia britânica e irlandesa. Letrista e letrado, Pan se enveredou nos escritos e nos apresenta hoje o jovem Alec Dini, um jovencito que vivia pacatamente em seu vilarejo com seus avós, até que…
Alec é um adolescente comum. Vive com os avós e tem poucos amigos. Dentre eles, conhecemos Evan e as gêmeas Nessa e Luna Pryce. Sua vida não é fácil. Ele tem que lidar com o fato de ser órfão, com a rotina rigorosa imposta pela avó e não pode esquecer que ainda é muito novo e que tem o mundo para viver e para explorar. Dado aos pesadelos mais loucos, Alec está sempre compartilhando com sua turma o que tem sonhado pela noite.
Um dia, em uma malfadada caçada, os jovens se veem aprisionados em uma cabana. Lá fora, lobos vorazes estão à espreita, e lá dentro, Alec tenta entender o que está acontecendo. Os lobos não apareceram por obra do destino, e ele tem certeza que foi guiado por alguém – ou por alguma coisa – até aquele lugar. Mas quem? Ou … o quê?
Ele sabe que foram salvos dos lobos por causa das luzes verdes quem os levaram até ali. Luzes, estas, que só ele podia enxergar. E que eram motivo de descrença dos amigos. Até que após o fatídico episódio da fuga, ele conseguiu provar aos companheiros que podia ver tais luzes, e que não só as via, como elas estavam ao redor de todos eles. Sentindo a necessidade de provar sua existência, Alec leva Evan, Luna e Nessa para dentro de uma aventura. E agora, com perigos e vilões reais, eles precisam mostrar o quão são corajosos.
É impressionante como não prestamos atenção nos nossos autores. É preciso entender que no Brasil podemos falar também com propriedade de magias, fadas, gigantes e todos os elementos que são cultuados mundo afora. Uma obra dessas, como a de Pan, nos aprisiona em suas densidões, ao passo que também nos liberta de preconceitos enraizados de que só o que é estrangeiro é permitido e palatável.
São 23 capítulos bem escritos e descritos. E que mostram o quanto o autor pesquisou e se envolveu ao escrevê-los. “Alec Dini e o Vórtice do Tempo”, quebra os paradigmas da Literatura Brasileira, evidenciando que um bom escritor se faz de ideias e escolhas. Eleva a Literatura infanto-juvenil a um nível que sai dos padrões do óbvio, e abre portas para precedentes que, talvez, não chegassem nunca aos nossos jovens. Definitivamente é uma Literatura de coragem.
“ – Quer que eu conte a história inteira? – perguntou a garota.
– Só as melhores partes.” [p.161]
Então, Booklanders?! Vocês vão realmente ficar de fora dessa aventura??
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