Banda inglesa trouxe músicas do novo disco ao repertório de clássicos
Iron Maiden no Rock In Rio é sempre uma ocasião especial. Na histórica edição de 1985, era a primeira vez no Brasil; em 2001 era o retorno do vocalista Bruce Dickinson, após uma separação que durou 7 anos; em 2013 era a reedição da turnê do álbum “Seventh Son of a Seventh Son”, que completava 25 anos, e em 2019 era a celebração do legado com a Legacy of the Beast Tour.
Em 2022, seu menor hiato no festival, a banda de Bruce Dickinson (vocal), Steve Harris (baixo), Dave Murray (guitarra), Nico McBrain (bateria), Janick Gers (guitarra) e Adrian Smith (guitarra) traz o mesmo legado da besta de 2019, mas com uma adição de material novo.
O Maiden inicia os shows de forma ousada: em vez de um clássico, finca uma sequência de três músicas do mais recente álbum, “Senjutsu”, lançado em 2021 e muito elogiado pela crítica. O público sabe que o repertório é cheio de referências históricas, que vão da Guerra da Crimeia (“The Trooper”) ao instrumento de tortura medieval que dá nome à banda e ao single que leva seu nome. A atual aula de História do professor Bruce começa no Japão feudal, a temática do novo disco. No palco suntuosos templos japoneses compõem o cenário para a primeira música, a faixa-título, que foi bem-recebida, junto com o Eddie, monstrão mascote do grupo, com uma armadura samurai. A seguinte, “Stratego”, também teve boa aceitação, até dos fãs mais casuais, que não ouviram o último trabalho, mas a primeira reação entusiasmada da plateia foi com a terceira, “Writing on the Wall”, o single de maior sucesso do álbum.
A partir daí foi a tradicional sucessão de cavalos de batalha da donzela de ferro, começando por “Revelations”, clássico do álbum Piece of Mind, de 1980. Bruce celebrou a grande família composta pela banda e seus fãs com “Blood Brothers”, do disco Brave New World, que marcou sua volta ao Maiden.
O passeio pela carreira seguiu com “Sign of the Cross”, do álbum “The X-Factor” (1995), o primeiro após a saída de Bruce, e o interessante é constatar que tanto essa quanto “The Clansman”, do disco seguinte “Virtual XI” (1997), mesmo gravadas pelo vocalista Blaze Bailey, se moldaram muito bem à voz de Bruce ao vivo.
Uma sequência de clássicos indeléveis enfileirou “Fear of the Dark”, com Bruce caracterizado uma máscara e um lampião, “Hallowed Be Thy Name”, em que o vocalista encarna um condenado à forca “The Number of the Beast” com as tradicionais luz vermelha e pirotecnia no palco.
O primeiro bis Bruce e Eddie travaram um duelo em “The Trooper”, em que o vocalista vence o monstro com um tiro saído de um mastro de uma bandeira do Brasil, empolgando a plateia. Depois de “Clansman” e “Iron Maiden” (com um Eddie inflável gigante com aspecto demoníaco), chega o segundo bis com “Aces High”, a faixa que abriu o show de 2019.
Ir a um show do Iron Maiden, por mais que haja piadas com o fato de a banda já ter vindo ao Brasil inúmeras vezes (só no RIR foram 5 vezes contando com a de ontem), é uma experiência que nunca é exatamente igual à anterior, e obrigatória para quem nunca foi.
No palco, a banda tem um entrosamento impecável, com as três guitarras alinhadas, a sempre eficiente marcação da bateria de McBrain em perfeito compasso com o baixo de Harris, produzindo o já conhecido efeito cavalaria, que agora está um pouco mais lento, já que os rapazes já não são mais garotos. Bruce Dickinson segue com uma voz impecável, após o susto que os fãs tiveram quando ele foi diagnosticado com câncer na garganta (do qual já se curou há 7 anos). Por mais que ele se valha da ajuda da plateia para se poupar de algumas notas, é um feito e tanto chegar aos 64 anos desempenhando uma alta qualidade vocal durante duas horas correndo de um lado para o outro. O único porém da apresentação foi o som baixo das primeiras músicas e, mesmo depois que os técnicos do festival atenderam o pedido do público de aumentar, ainda ficou um pouco aquém do que o verdadeiro headliner merecia – eles fechariam a noite, mas, assim como em 2019, pediram para antecipar para trocar de lugar com a banda que viria antes.
Shows do Maiden são sempre imperdíveis. E aproveitemos enquanto ainda temos. Pelo menos no ano que vem está garantido. Bruce deixou escapar ao se despedir “quero ver vocês bem quando voltar no ano que vem, ops (como se tivesse entregado uma informação que não devia)”. Então até ano que vem.
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