Sauna traz romance e drama LGBTQIA+
O longa dinamarquês “Sauna” acompanha a trajetória do jovem homossexual Johan, que busca vivenciar o amor enquanto trabalha na “Adones”, a sauna que dá nome ao filme e que é a única voltada ao público gay em Copenhague, na Dinamarca. O espaço é frequentado por homens em busca de encontros casuais, muitas vezes marcados por práticas de dominação e orgias, das quais o próprio Johan participa por prazer, ao mesmo tempo em que tenta estabelecer uma conexão afetiva genuína em encontros marcados em aplicativos de relacionamentos.

O protagonista circula por esse universo, mas demonstra não compreendê-lo plenamente — percepção que se intensifica após iniciar um relacionamento com William, um homem trans por quem se apaixona intensamente. William está em processo de transição de gênero e necessita de recursos financeiros para realizar uma cirurgia, o que leva Johan a ultrapassar certos limites éticos em nome do amor que sente.
A trama é construída pelo cineasta Mathias Broe tem uma atmosfera de melancolia e desalento, mesmo que seja permeada por diversas cenas de festas em boates vibrantes. Seus personagens vagam sem direção por uma cidade fria e sombria, e a escolha estética pela redução da profundidade de campo em determinadas sequências, aliada à proporção de tela estreita, intensifica a sensação de isolamento que os acomete.

“Sauna” é, portanto, uma obra de raros sorrisos — e quando eles surgem, são motivados pelo uso de substâncias como álcool e drogas, ou são rapidamente substituídos por frustrações e embates emocionais. O pessimismo impregna cada quadro, e sua densidade exige resiliência dos espectadores mais sensíveis para que alcancem os créditos finais. Esse tom sombrio também pode desagradar parte da comunidade LGBTQIA+, que frequentemente critica o retrato melancólico de suas vivências no cinema.
Embora essa abordagem citada acima derive do histórico de marginalização e violência imposta pela sociedade dita “normativa” aos Gays, Lésbicas, Trans…, “Sauna” não se interessa por ele, e não apresenta, ao menos de forma explícita, uma crítica a essa homofobia estrutural, mas sim ao preconceito interno entre os próprios grupos. Ou seja, um homem trans não é plenamente aceito em espaços predominantemente gays, assim como indivíduos gays enfrentam resistência em ambientes voltados à comunidade trans.
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A proposta do roteiro é lançar luz sobre os conflitos intrínsecos a essas vivências, deixando de lado uma abordagem mais ampla. Isso torna a obra um exemplar relevante dentro da filmografia LGBTQIA+ recente, embora modesto em termos cinematográficos, já que não se distancia da estética e da estrutura narrativa dos dramas relacionais que povoam o cotidiano da cinefilia contemporânea.
Este filme foi visto durante a 49ª Mostra Internacional de Cinema em São Paulo.

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