Energia, nostalgia e política marcam o fechamento apoteótico do único dia de rock no The Town 2025

O dia 7 foi dedicado ao rock no The Town 2025, mais especificamente o Punk. Durante todo o dia desfilaram diversas vertentes desse subgênero, de diversas gerações e encerrou com o Green Day, que é sem sombra de dúvidas o maior nome associado ao estilo não só sonoro, mas de comportamento. O trio se tornou o maior expoente do Punk Pop que em meados dos anos 90 tomou o mainstream de assalto na ressaca do Grunge após a morte de Kurt Cobain.

O último show da noite de ontem promoveu o já tradicional encontro de gerações que caracteriza a maior parte dos grandes eventos de rock. De jovens coroas na casa dos 40, que eram adolescentes na época de “Dookie”, até adolescentes, mostrando que a banda ainda possui apelo a um público mais novo.

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Foi basicamente o mesmo show visto na edição 2022 do Rock In Rio. “Bohemian Rhapsody” do Queen explodindo no sistema de som com coro do público, seguida de “Blitzkrieg Bop” dos Ramones, embalada por um animador fantasiado de coelho, até o vocalista e guitarrista Billy Joe Armstrong, o baixista Mike Dirnt e o baterista Tré Cool subirem ao palco com “American Idiot”, faixa título da ópera-rock (ou ópera-punk) de 2004, unindo grisalhos e novos punks no brado “Don’t wanna be an American idiot!”.

Os shows do GD vêm sendo marcados por inflamados discursos políticos por parte de Armstrong, afinal de contas, a crítica que o álbum mais ambicioso da banda vociferava é bastante pertinente hoje, passados 21 anos de seu lançamento. Estar em um país em que o idioma não é o inglês pode até ter podado um pouco a parte das manifestações do vocalista, mas ele não deixou de dar seu recado. Em dado momento ele disse: “há muita energia tóxica no mundo, mas não aqui nessa nessa noite, que teve Iggy Pop, Bad Religion, Green Day. Nada desses fascistas desgraçados, porque essa noite não pertence a um partido, sequer é uma festa. É uma celebração.”

Com mais de 30 anos estourando hits nas FMs, fica fácil para o Green Day empolgar a plateia. Mesmo quem não é fã fervoroso conhece pelo menos umas quatro. Armstrong já se mostra há muito tempo um frontman do mesmo quilate que seu colega de geração Dave Grohl do Foo Fighters, formados na universidade que tem Paul McCartney, Mick Jagger e Bruce Springsteen como reitores. Ele mostra, aos 53 anos, que soube conservar o espírito juvenil em canções como “Minority” e “Basket Case” e nos lembra de como transformou vulnerabilidade em força com “Wake Me Up When September Ends” (motivada pela morte de seu pai quando tinha apenas 10 anos), um dos pontos altos do show.

Assim como no RIR há 3 anos, uma fã foi chamada ao palco para participar de “Know Your Enemy”, e essa também tinha a letra na ponta da língua. E, claro, o velho truque de convocar o público a colocar as mãos para o alto, gritos divididos por lados da plateia e contagens para pular — que não perderam força mesmo próximo ao final.

O álbum mais recente, “Savior”, apareceu em meio aos cavalos de batalha, mas não em número suficiente para esfriar a festa, afinal trata-se de um festival, o repertório precisa ser o mais acessível possível. Mas o público em geral pareceu receber muito bem “One Eyed Bastard” e “Dilemma”.

Depois se toda a pirotecnia, efeitos de luz e elementos de cena (como a mão erguendo uma granada da capa de “American Idiot” e um dirigivel onde se lia BadYear), o final se dá de forma minimalista, com Armstrong no violão executando “Good Riddance (Time of Your Life)”, sem os companheiros ou os (muito bons) músicos de apoio. Apenas no final da canção Mike e Tré se juntam ao frontman, com o baterista, galhofeiro como de costume, tirando os acordes finais. Se a intenção era encerrar o único dia dedicado ao rock e o primeiro final de semana do The Town 2025 com uma grande festa, o Green Day foi a escolha certa.

_{Imagem Destacada: Divulgação/The Town 2025 (Fotografia: Anendfor)}