Com Texto Premiado de Márcia Zanelatto, Cia sediada na Maré é convidada a participar do IV Encontro Internacional de Arte e Comunidade (MEXE)
Um coletivo formado há mais de 10 anos por artistas oriundos de bairros populares do Rio de Janeiro vem ganhando projeção e se afirmando no cenário teatral pela autoralidade e potência de suas produções. A Cia Marginal é formada por jovens ativistas, que procuram transformar a realidade que os cerca. No teatro, fazem da cena uma frente de ação coletiva e libertação pessoal. Para isso, investem em formação técnica e artística, e nos últimos anos vêm se instrumentalizando para buscar a consolidação – espaço, continuidade e circulação, conforme informações constantes em sua página do Facebook.
Seu trabalho mais recente intitulado ‘Eles Não Usam Tênis Naique’, com texto premiado da dramaturga Márcia Zanellato, recebeu um convite para participar do IV Encontro Internacional de Arte e Comunidade (MEXE) que acontecerá em Portugal entre os dias 18 e 24 de setembro de 2017. Uma oportunidade única de troca, crescimento e reconhecimento do trabalho tanto para o grupo quanto para o Brasil, que estará muito bem representado por eles lá fora. Mas a companhia, como tantas outras aqui no país, não dispõe de patrocínio e desde 2015 não é contemplada com editais de incentivo à cultura ou outros apoios financeiros e, por isso, é com muito esforço, dedicação, trabalho árduo e resistência que seus integrantes conseguem dar continuidade às suas atividades até aqui.
Por este motivo é que nós da Woo!Magazine, resolvemos dar aquele empurrãozinho para que esses talentos possam alçar voo e representar o nosso país em Portugal. Mas afinal quem são eles, que espetáculo é esse e de que festival estamos falando?
A Cia Marginal
Composta em sua maioria por atores da Maré – maior bairro popular do Rio de Janeiro –, a companhia, que está em atividade desde 2005, trabalha em parceria com a oscip Redes de Desenvolvimento da Maré (REDES). Em todos esses anos, o grupo manteve um núcleo estável de atores, consolidou uma equipe de colaboradores, produziu quatro espetáculos e vem cativando um público próprio, que acompanha cada uma de suas temporadas e cresce a cada ano.
Com o recurso de editais públicos, realizou, nos últimos anos, uma série de projetos de formação, produção e circulação. Foi vencedora dos Prêmios Myriam Muniz 2006 e 2012 (FUNARTE), dos Editais de Cultura da SEC-RJ de 2008 e 2010, do Prêmio Montagem Cênica 2011 e do FATE 2012, a CIA MARGINAL e dessa forma, vem se afirmando no cenário teatral carioca.
O grupo é formado pelos atores Diogo Vitor, Geandra Nobre, Jaqueline Andrade, Phellipe Azevedo, Priscilla Monteiro, Rodrigo Souza e Wallace Lino, pela diretora Isabel Penoni e pela produtora Mariluci Nascimento. Além de contar com uma série de colaboradores, entre eles Rosyane Trotta (dramaturga) e Bianca Fero (produção), que acompanham o grupo há pelo menos cinco anos.
A peça ‘Eles Não Usam Tênis Naique’
A dramaturgia de Márcia Zanellato traz uma trama que se passa em uma favela do Rio de Janeiro. Lá, ocorre um reencontro entre um pai e uma filha depois de muitos anos de afastamento. Ele foi traficante nos anos 80, quando o movimento ainda mantinha um “vínculo moral” com a comunidade; ela é uma jovem traficante nos dias atuais. A montagem gira em torno de um embate ideológico entre os dois personagens e apresenta um sutil panorama do tráfico nas favelas cariocas o que torna o espetáculo atual e urgente. Ele fomenta um olhar mais crítico e também humano sobre essas pessoas. É sobre a realidade dos atores que estão em cena, dos personagens e sobre a nossa realidade enquanto seres habitantes de uma mesma sociedade que insiste em fechar os olhos e se mantém apática diante dos problemas dos “outros”.
O IV Encontro Internacional de Arte e Comunidade (MEXE)
Trata-se de um evento organizado pela PELE- Espaço de Contacto Social e Cultural e se propõe a ser um dos espaços nacionais e internacionais de cruzamento e aprofundamento no contexto das práticas artísticas comunitárias realizadas em todo o mundo. Esse ano, a temática será “Cidade – Corpo Coletivo”, e reunirá em Setembro espetáculos, instalações, performances, filmes e discussões que lançam desafios para uma reflexão sobre a cidade e seus múltiplos agenciamentos. Segundo a página do encontro, nas edições anteriores o MEXE contou com mais de 1000 participantes de 22 países e mais de 15.000 espectadores em 99 ações que ocuparam 30 espaços distintos da cidade do Porto o que denota a importância, grandiosidade e riqueza de possibilidades em um único lugar. Se você quiser conhecer um pouco mais acesse a página oficial.
Trata-se de um teatro político, crítico, social e de militância que se faz necessário em nosso país e fora dele, pois que pode representar também as realidades de outras pessoas e lugares. Mas, com a falta de apoio governamental, esse coletivo está correndo o risco de não conseguir chegar ao MEXE e por isso, resolveram realizar um crowdfunding, ou financiamento coletivo, para viabilizar o rompimento de novas fronteiras de forma a ampliar radicalmente sua escala de difusão.
Caso você tenha interesse em ajudar esses jovens na realização desse projeto contribua com a campanha #voamarginal. Vários artistas e amigos do grupo já contribuíram, mas ainda falta muito. Então, se junte a essa causa para que eles consigam realizar mais esse voo.
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