Mais sombras, mais sarcasmo e a mesma fórmula: por que “Wandinha” ainda funciona?
A tão aguardada segunda temporada de “Wandinha” finalmente chegou à Netflix, trazendo de volta o clima gótico irreverente que conquistou fãs no mundo inteiro. A série retorna à Academia Nunca Mais misturando humor ácido, mistério e relações adolescentes. Nossa crítica abaixo destaca acertos e tropeços dessa nova fase — deixamos aqui o aviso para spoilers leves, suficientes para contextualizar a trama sem estragar as grandes surpresas.
De volta a Nunca Mais
É sempre refrescante ver Tim Burton de volta nas telas, e com a segunda temporada de Wandinha não seria diferente — e, mais do que elogios vazios, o diretor deixa a sua marca por onde passa, não só pela sua estética inconfundível, como porque na temporada anterior ele foi responsável por conduzir os primeiros quatro capítulos. A impressão que ficou, apesar do bom resultado geral, é que havia duas séries: uma antes e outra depois dos episódios de Burton.
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De certa forma, pode-se dizer que Wednesday aprendeu com alguns de seus erros: Burton continua responsável pela direção e conduziu também metade dos episódios, mas dois em cada metade. Além disso, espaçou-se melhor o lançamento, não lançando tudo de uma vez mas, pelo menos, em duas partes — isso, em nossa opinião, foi um quase acerto bem intencionado; a série se beneficiaria melhor de um esquema semanal, perdeu-se energia depois da pausa e, pior, manteve-se a impressão de que estamos vendo outra história na segunda metade.

Certas coisas, no entanto, não mudam. Há uma pletora de subtramas pouco interessantes, ainda que não necessariamente desimportantes. A primeira é sobre o “pet” de Feioso (Isaac Ordonez), o zumbi Slurp (Owen Painter), que ganha mais espaço na segunda metade e introduz, de maneira jogada, a dificuldade do caçula dos Addams em fazer amigos, porém, o assunto fica por isso mesmo. As cenas são pouco engajantes e até escatológicas, quebra total de ritmo e deixa-nos a sensação de uma indecisão entre ser série teen e agradar o público infantil.
A segunda, mais presente na segunda metade, é a da trama da sereia Bianca (Joy Sunday) e sua mãe; a situação é tão macabra que não poderíamos nos importar menos com sua resolução, que não toma malemal um minuto de tela. O que nos leva a uma crítica recorrente da primeira temporada: o foco no romance adolescente
Vede: antes de tudo, é preciso reconhecer a relevância do romance para as séries teen, dado que essa é a fase das autodescobertas e a sexualidade (incluindo a assexualidade) faz parte de se colocar no mundo; não há motivo para escândalo, e tampouco necessidade de olhar de cima para baixo com alguma pretensa superioridade de quem já passou por isso.
Feita essa ressalva, a 2ª temporada nos leva de nada a lugar nenhum. Temos isso por duas principais frentes: Wandinha (Jenna Ortega) e, sobretudo, Enid (Emma Myers). Enquanto nossa protagonista continua estoica e coração gelado como sempre, sua relação com Tyler Galpin (Hunter Doohan) segue o formato slow burn, e quanto a isso não temos nada a reclamar — com exceção, claro, da escalação de alguém agora na faixa dos trinta para o papel, mas isso parece uma luta perdida na Netflix.
Já Enid acompanhamos sua nova relação com Ajax (Georgie Farmer), pois é-nos informado que muita coisa mudou no verão e agora temos que aceitar que ela não está mais tão afim do rapaz górgona. E, tudo bem, mas o que vem daí é só bem chatinho. O novo affair com o lobisomem filipino, Bruno (Noah Taylor), não tem nenhuma curva e, quando tem, é só algo jogado ao telespectador — pelos céus, tem um assassino a solta, e se nem a própria Enid parece se importar tanto com seu par de chifres, por que deveríamos?
Lá e de volta outra vez

Se a primeira metade parece mais um esquenta do que está por vir, embora ainda assim diverta, o ritmo vai ficando intenso mesmo nos últimos quatro episódios, quando uma coisa ocorre atrás da outra. Para o bem e para o mal, voltamos para o mesmo lugar onde começamos ao término da S1, um gancho para a já confirmada terceira temporada.
Falando em ritmo, o contraste de Wandinha e Enid que deu muito certo antes continua em ótima forma, e tenso, com a troca de corpos entre as duas no estilo changeling rendendo sequências de arrancar bons risinhos, e, claro, voltar a alavancar nos charts o tremendo hit “BOOMBAYAH” — quem assistiu sabe do que estamos falando.
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Talvez seja a hora de falar da tão antecipada participação de Lady Gaga. De antemão, a mother monster não está mal no papel da ex-professora de Nunca Mais, a poderosa Rosaline Rotwood, porém, pouco podemos elogiar em sua atuação relâmpago: piscou, perdeu. Em compensação, a aparição de novo single “Dead Dance” entregou uma divertida sequência musical que fecha calorosamente o arco entre Wandinha, Enid, e Agnes (Evie Templeton), e disso não podemos discordar.
Ah, sim, nem comentamos sobre a garota invisível. Agnes é esquisita, exagerada, e tudo que gostaríamos de ver como nova adição à trupe de membros principais, excelente trabalho para alguém tão jovem, aliás! Estamos também contentes com o aproveito de Catherine Zeta-Jones e Luis Guzmán como Mortícia e Gomez Addams, eles merecem todo o tempo de tela!
Apesar de repetir algumas fórmulas e apresentar subtramas que pouco acrescentam, Wandinha – 2ª temporada mantém o carisma dos personagens, a atmosfera sombria divertida e momentos que arrancam boas risadas. Se você gostou da primeira leva de episódios, vale a maratona. Para quem busca entretenimento teen com o toque excêntrico de Tim Burton, esta continuação é um convite irresistível.
Imagem Destacada: Divulgação/Netflix

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