Sempre que falamos de televisão, nos deparamos com a pergunta clássica: “os serviços de streaming vão acabar com a tevê?”. Uma questão sem resposta, porém não tão difícil de se imaginar. Mas, para continuar o assunto, precisamos falar da Rede Globo, e do seu pioneirismo no ramo das novelas.
O horário nobre da emissora começou a ser preenchido por novelas em 1965, no mesmo ano de sua criação. Fórmula de sucesso, as tramas criadas pelo canal costumam gerar uma boa crítica, tornando algumas de suas histórias inesquecíveis.
É o caso de voltar no tempo, em 1976, com a novela “Saramandaia”, de Dias Gomes. O argumento da trama era a mudança de nome da cidade Bole-Bole, mas o que chamava a atenção do público era as características peculiares dos habitantes da região.
Algumas figuras da novela são realmente inesquecíveis, como o personagem João Gibão (Juca de Oliveira), que escondia em sua corcunda um par de asas. O professor Aristóbulo Camargo (Ary Fontoura), que se transformava em um lobisomem na lua cheia e Marcina (Sônia Braga), namorada de Gibão, que literalmente pegava fogo e não podia encostar em nada. Até mesmo o ex-prefeito Zico Rosado tinha suas “bizarrices”: enfiava formigas em seu nariz quando estava estressado. Um dos destaques também era a Dona Redonda, uma mulher que não parava de comer um segundo sequer e termina sua história explodindo, cena clássica da novela.
O sucesso de Saramandaia foi tão grande que em 2013, a Rede Globo investiu num remake da história, com Sérgio Guizé no papel de João Gibão, Gabriel Braga Nunes como o professor Aristóbulo, Chandelly Brás como Marcina, José Mayer como Zico Rosado e Vera Holtz como Dona Redonda.
Dando um grande salto no tempo temos, em 1988, a novela “Vale Tudo”, marcada pela interpretação de Glória Pires no papel da vilã Maria de Fátima. A criação de Gilberto Braga questionava a honestidade do brasileiro e tinha personagens bem marcantes, como a vilã Odete Roitman (Beatriz Segall) e Marco Aurélio (Reginaldo Faria), o vice-presidente corrupto de uma empresa de aviação.
A abertura da novela era a canção “Brasil”, de Cazuza, interpretada por Gal Costa. O sucesso de “Vale Tudo” era enorme, principalmente após a morte de Odete Roitman, que deixou os espectadores com a dúvida de quem era seu assassino na cabeça por um bom tempo. No final da trama, Marco Aurélio vai embora do Brasil e dá uma “banana” para o país, uma cena que não é esquecida pelo público.
“Mulheres de Areia”, de 1993, era o remake da novela de mesmo nome que fora exibida em 1973, criação de Ivani Ribeiro. Também tinha Glória Pires no elenco, mas dessa vez como as gêmeas Ruth e Raquel. O que diferenciava as irmãs era a personalidade, enquanto Ruth era uma boa pessoa, Raquel era a antagonista da trama, capaz de tudo para conseguir o que tanto desejava.
E, com essa péssima ambição, Raquel se casa com o empresário Marcos Assunção (Guilherme Fontes), que até então era namorado de Ruth. Mas, toda a armação da vilã é descoberta por Tonho da Lua (Marcos Frota), personagem caracterizado por ter uma doença mental. Todavia, ele é desacreditado e muitas vezes sofre na mão de Raquel, enquanto Ruth desempenha seu papel de guardiã do rapaz.
Mesmo com tantas reviravoltas e a falta de caráter de Raquel, a mocinha Ruth consegue ter seu final feliz ao lado de seu amado, como uma boa novela se propõe a ser.
Em 1996, a Rede Globo lança “O Rei do Gado” de Benedito Ruy Barbosa. Na trama, as famílias vizinhas “Mezenga” e “Berdinazzi” eram rivais, mas isso não impediu os jovens Enrico (Leonardo Brício) e Giovanna (Letícia Spiller) de se apaixonarem e se casarem, para desgosto de seus familiares.
Enrico e Giovanna tem um filho, Bruno Mezenga (Antônio Fagundes) que é conhecido como “O Rei do Gado”. Bruno vive um casamento infiel com Léia (Silvia Pfeifer), que é amante de Ralf (Oscar Magrini). A trama sofre uma reviravolta com duas personagens: Marieta (Glória Pires) e Luana (Patrícia Pillar). Ainda que tenha sido uma ficção, a novela discutia sobre a reforma agrária e a luta do Movimento dos Sem Terra (MST).
“Por Amor”, que é lançada em 1997, era protagonizada por Regina Duarte e Gabriela Duarte, mãe e filha na vida real. A novela de Manoel Carlos, que é conhecida por ter como protagonistas personagens chamadas “Helena”, tocava num tema delicado. Helena (Regina Duarte) e Maria Eduarda (Gabriela Duarte) tinham uma ótima relação como mãe e filha. Eduarda é apaixonada por Marcelo (Fábio Assunção) e sofre com as armações da vilã Laura (Viviane Pasmanter), que faz de tudo para separá-los.
Helena, por sua vez, vive um romance com Atílio (Antônio Fagundes), despertando a ira de Branca (Susana Vieira), a mãe de Marcelo, que a despreza. Helena e Eduarda engravidam na mesma época e dão à luz no mesmo dia, porém o bebê de Eduarda nasce morto e Helena, para poupar a filha do sofrimento (já que não poderia mais ter filhos por conta de complicações), decide trocar os bebês com a ajuda de César (Marcelo Serrado).
Porém, essa decisão não só afeta a protagonista, como também seu relacionamento com Atílio, que não consegue lidar com a realidade de ter perdido seu filho. Helena escreve em um diário todos os acontecimentos de sua vida – incluindo a troca dos bebês – e a filha acaba lendo essa revelação. Incapaz de lidar com essa situação, a vida de Eduarda muda completamente. Ainda assim, a novela é emocionante e um grande sucesso, sendo reprisada atualmente pelo canal Viva.
Em 2000, duas novelas fizeram grande sucesso na emissora: “Laços de Família” e “O Cravo e a Rosa”. A primeira, que também era de Manoel Carlos, contava a história de Helena (Vera Fischer) e Edu (Reynaldo Giannechini), que após um acidente nas vésperas do ano novo e uma certa convivência, se apaixonavam e iniciavam um relacionamento, apesar da grande diferença de idade. Helena tinha 45 anos e Edu, 25.
Helena tem dois filhos, Fred (Luigi Barricelli) e Camila (Carolina Dieckmann). Por acaso, durante uma viagem ao Japão, Camila e Edu se conhecem e acabam se apaixonando. Helena, ao perceber o sentimento de sua filha e do rapaz, decide se afastar e chama a atenção de Miguel (Tony Ramos), que consegue finalmente conquista-la.
Durante um período de felicidade para mãe e filha, uma notícia abala a trama: Camila tem leucemia, perdeu o bebê que esperava de Edu e precisa de um transplante de medula óssea. Ela revela a identidade do pai de Camila, que é seu primo Pedro (José Mayer), engravidando do mesmo para ajudar a filha.
Uma das cenas mais emblemáticas da novela foi quando Camila precisa raspar o seu cabelo, que está caindo por conta da doença. A trilha sonora da cena é “Love By Grace” por Lara Fabian. Atuação impecável por parte da atriz Carolina Dieckmann, que conseguiu emocionar o público.
“O Cravo e a Rosa”, de Walcyr Carrasco, contava a história de Catarina Batista (Adriana Esteves), uma mulher à frente de seu próprio tempo (anos 20), que quebra com os padrões sociais da época. “A Fera”, como é conhecida, tem o costume de esnobar todos os seus pretendentes, mas acaba se apaixonando pelo teimoso Petruchio (Eduardo Moscovis), um relacionamento que gera cenas cômicas ao longo da trama.
A trama é inspirada na peça teatral “A Megera Domada”, de Sheakspere, que também influenciou o filme “10 Coisas Que Eu Odeio Em Você”.
Em 2004, a clássica “Senhora do Destino” surge pra implacar uma das maiores vilãs da história das novelas da emissora: Nazaré Tedesco, interpretada por Renata Sorrah. A história, dividida em duas partes, tinha como protagonista a nordestina Maria do Carmo (Susana Vieira), que teve sua filha Lindalva (Carolina Dieckmann), roubada pela vilã. Lindalva foi criada a vida inteira como Isabel e nem desconfia de que não é filha de Nazaré.
Do Carmo, como é conhecida, conta com a ajuda do jornalista e namorado Dirceu de Castro (José Mayer) um jornalista e Giovanni Improta (José Wilker), que ficou conhecido por vários bordões, inclusive o clássico “o tempo ruge e a Sapucaí é grande”.
“Senhora do Destino” foi muito bem aclamada por público e crítica, sendo reprisada mais de uma vez no “Vale a Pena Ver de Novo”, programa da emissora que reprisa novelas já finalizadas.
Em 2005, estreia “Alma Gêmea” na grade da emissora, uma novela com temática espírita, própria para o horário das seis da emissora. O casal Luna (Liliana Castro) e Rafael (Eduardo Moscovis) são apaixonados um pelo outro, mas a vilã Cristina (Flávia Alessandra), que faz de tudo para roubar Rafael de sua prima Luna, arma uma emboscada que termina com o assassinato de Luna.
Porém, Luna reencarna como a índia Serena (Priscila Fantin), que sai de sua aldeia para a conturbada São Paulo, e encontra Rafael, passando a conviver com ele após ser contratada por Cristina para trabalhar na casa. Serena desperta em Rafael emoções que o mesmo havia se privado de sentir, por não saber lidar com a morte da esposa.
O final, emocionante, é marcado pela morte do casal, onde mostram as diversas encarnações de Serena e Rafael, comprovando que eles seriam de fato alma gêmeas, pois se encontraram em outras vidas. A abertura é cantada por Fábio Júnior, canção bem conhecida pelo público.
Por último, “Avenida Brasil”, criação de João Emanuel Carneiro. A versão brasileira do seriado “Revenge” fez muito sucesso em 2012, com Débora Falabella e Adriana Esteves nos papéis principais. Nina (Fallabella) sofreu muito quando criança nas mãos de Carminha (Esteves), chegando a ser abandonada em um lixão pela vilã.
No lixão, Rita conhece Batata e os dois vivem um relacionamento infantil e inocente. Rita é adotada e posteriormente troca seu nome para Nina. Carminha casa-se com o jogador de futebol Tufão e adota Batata, que na realidade é seu filho e se chama Jorginho (Cauã Reymond).
13 anos depois, Nina volta ao Brasil para iniciar seu plano contra Carminha, conseguindo ser contratada para trabalhar na casa da vilã. Ao mesmo tempo, Jorginho é noivo de Débora (Nathália Dill), filha de Cadinho (Alexandre Borges) e que possui três esposas.
Rita e Jorginho se aproximam e se reconhecem, o que gera incerteza na protagonista sobre o seu plano de vingança. Outros personagens também integram a trama, como Santiago (Juca de Oliveira), o pai de Carminha que faz papel de vilão. A novela é marcada por diversas reviravoltas, mas principalmente pela vingança de Nina contra a vilã. Uma história de grande sucesso da emissora.
Fato é que as novelas da Rede Globo cativam o público e continuam a encantar, principalmente ao serem reprisadas. Fica a pergunta: será que a televisão sobrevive ao streaming? No que depender das novelas, a resposta pode ser positiva.
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Excelente!!!
Deu mta saudade dessas novelas maravilhosas!
Obrigada mãe! Deu mesmo, assistimos várias delas juntas né? Te amo muito <3