A caminho do Brasil, para a próxima edição da Brasil Game Show, Ed Boon reinventou os games para sempre com Mortal Kombat, a icônica franquia de jogos de luta que completou vinte e cinco anos. E embora o foco dos Estúdios Netherrealm seja, no momento, a pancadaria entre heróis e vilões da DC em Injustice 2, “MK” nunca é absolutamente esquecido. Até personagens favoritos, como Raiden e Sub-Zero (vocês pediram fan service?) aparecem como lutadores no título que se consolidou como um dos melhores lançamentos do gênero – e é claro, com bem menos carnificina que nos seus universos de origem.
A franquia teve uma longa jornada, desde seu surgimento em 1992, passando por altos e (alguns) baixos, até seu reboot-canônico, que o devolveria merecidamente seu reconhecimento entre os melhores jogos de luta. Se a primeira inovação da franquia foi trazer a possibilidade de matar (bizarramente e “explicitamente”) seus oponentes, a segunda foi o foco no modo história do título de 2011, também chamado “Mortal Kombat” (e informalmente conhecido como MK9).
Em outras palavras: quando games de luta não tinham uma violência realmente significativa, MK veio e entregou. Quando games de luta não tinham uma história realmente desenvolvida, MK também veio e também fez. E nos dois exemplos, não entregou de qualquer jeito: Ed Boon e sua equipe foram com tudo que tinham. E é assim que, vinte e cinco anos depois, a série se mantém moderna e relevante, sem parecer repetitiva. É claro que estas tentativas de reinvenção nem sempre funcionaram, afinal, falamos de risco.
Antes dos anos 2000, que seria a década onde a série teria suas primeiras grandes mudanças, já podemos dizer que tivemos o capítulo que sinalizaria uma transição: “Mortal Kombat 4”, de 1997, o primeiro game ambientado em três dimensões. Leitores mais jovens talvez não entendam o impacto desta, mas na época, nós senhores perdemos a cabeça. E não falamos de um fatality.
Temos que admitir: era um game com a sua (alta) parcela de problemas, mas ver fatalities e lutas pela primeira vez em gráficos tridimensionais conseguiu nos distrair. E bem. Desde 1993, “Virtua Fighter” da SEGA já trazia mecânicas de luta afetadas pelo 3D, com sucesso, então, ver um dos maiores “coleguinhas” finalmente fazendo o mesmo era um sonho realizado. É claro que mudanças incomodam, e “MK4” já teve na época uma parcela de reclamações, mas a crítica especializada receberia bem o título. No final, ele é um ótimo exemplo do que poderíamos chamar hoje em dia de “jogo que envelheceu mal”.
Cinco anos depois, a franquia seria completamente repaginada. “Mortal Kombat: Deadly Alliance” (e para o bem de nossa sanidade, será referido de agora em diante como “MK5”) foi lançado no PlayStation 2, com as mecânicas 3D melhoradas, e ambições de desenvolver a história, matando o “protagonista” Liu Kang. Desculpem o spoiler sem avisos, mas já tem bastante tempo. Os lançamentos seguintes: “Mortal Kombat: Deception” (ou “MK6”) e “Mortal Kombat: Armageddon” (ou “MK7”), trariam basicamente o mesmo jogo, com mecânicas e gráficos levemente aprimorados.
Enquanto Armageddon entregava de forma bem “mais ou menos” todos os personagens que existiram até então na história de MK, a série já começava a mostrar algum desgaste por parte do público. Mas o fatality viria depois. (Desculpem a brincadeira sem graça, mas foi inevitável).
Quando uma franquia cria toda uma discussão moral da sociedade sobre a necessidade de censura e do nível de violência nos games, o sucessor de MK: Armageddon foi o capítulo onde toda a polêmica veio por outras razões. Se tal mudança representa que a humanidade evoluiu (ou não), “Mortal Kombat vs. DC Universe” foi a maior lição para Ed Boon que a evolução tem seus riscos. E que riscos…
Ok, o título já entrega que é tudo sobre luta entre personagens MK e DC. Agora, responda você mesmo à pergunta: você consegue imaginar seu herói DC favorito decapitando seu adversário ao final da luta? Pois é. É claro que isto não acontece, e o resultado é um jogo de Mortal Kombat com toda a violência anulada. Ilustremos (e não precisa tirar as crianças da sala):
É claro que até certos males vêm para o bem – certamente, se não fosse “MK vs. DC”, não haveria o sensacional “Injustice: Gods Among Us“, mas na época, só nos parecia que “MK” estava acabado, mesmo. Felizmente, estivemos errados. Seria identificado que o potencial de Ed Boon e sua equipe ainda não havia acabado: seria fundado o estúdio NetherRealm e o entitulado “Mortal Kombat“. de 2011, conhecido também como “MK9”, tomaria o mundo.
E foi neste MK que vimos que Boon e seu time não eram inovadores sem motivo. “MK9” valoriza o passado da série, criando um reboot que não descartava a história antiga: o Armageddon que vimos em MK7 foi concretizado, com Shao Kahn vitorioso. O outro único sobrevivente, Raiden, está prestes a ser liquidado pelo icônico vilão, e volta no tempo para salvar os Reinos. Daí, vemos um modo história maravilhosamente bem feito (ainda mais se falamos de um jogo de luta), aliado a mecânicas bidimensionais, mas com gráficos tridimensionais, com os personagens mais queridos dos “MK” clássicos.
Modos de luta adicionais, dão maior tempo de vida ao jogo, e é tudo bem intuitivo: você não precisa ser necessariamente um jogador hardcore para mandar golpes bonitos no seu coleguinha. A dublagem está no ponto certo, dando o carisma dos personagens que nos são apresentados (é incrível como Johnny Cage rouba a cena!)
O mais recente game da franquia lançado, “Mortal Kombat X” traz tudo isso com gráficos melhores ainda. Falando em “melhor ainda”, devemos falar dos personagens! “Enquanto MK9” renovou nossos laços e até deu personalidade a antes insossos personagens antigos, “MK X” consegue a façanha de criar novos guerreiros igualmente cativantes: sejam os filhos de personagens antigos (MK X se passa algumas décadas após os eventos de MK9), ou novas criaturas, como D’vorah e Ferra/Torr.
Os personagens antigos, aliás, não perdem protagonismo, pois suas histórias se desenvolveram como nunca visto antes: Sonya Blade e Johnny Cage encontram-se divorciados, mas tendo que (tensamente) manter contato, primeiramente por terem uma filha juntos, a brilhante Cassie Cage, e depois porque são eles quem trabalham para proteger a Terra. Afinal, quando toda Existência está em perigo, devemos cooperar até com o ex, certo?
E é neste clima de sucesso, com nosso game “violentão” favorito completando incríveis 25 anos, ainda com novos lançamentos e com altas expectativas do público, que encerraremos, por hoje! Na Comic Con de Nova Iorque, mais necessariamente no dia 08/10/2017, teremos um painel especial para este aniversário, que reunirá Ed Boon ao o outro co-criador de MK, John Tobias e também Dan Forden e John Vogel. Para quem não sabe, o quarteto é basicamente o que tornou tudo isto possível, lá em 1992!
Enquanto não há muitas expectativas, por hora, de ouvirmos novidades sobre o próximo MK, já que NetherRealm está com atenção total ainda em “Injustice 2”, podemos ter certeza que ainda veremos muitos Fatalities por aí. E mal podemos esperar.
Mortal Kombat é facilmente lembrado pela violência exagerada de “Taratinesca” de seus jogos. Mas também já falamos há algumas semanas sobre alternativas à violência nos games de guerra, não deixem de conferir!
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