O 5º dia do Rock in Rio foi marcado pela diversidade de gêneros musicais. No palco sunset, a brasilidade e a representatividade deu o tom com Sinara, Baiana System, O Grande Encontro e finalmente Nação Zumbi cantando ao lado de Ney Matogrosso. Já no palco mundo, o pop rock de Jota Quest e Tears for Fears conviveu com o hard rock de Alter Brigde e do tão aguardado Bon Jovi.
O dia começou com o reggae dos meninos do Sinara. A banda formada por filhos e netos de Gilberto Gil ainda é um nome novo na música brasileira, mas que consegue agradar quem curte um rock misturado com reggae. Para somar ao show e lembrar as raízes negras que compõem o som e o conceito do Sinara, o mestre do afro-barroco Mateus Aleluia subiu ao palco. A experiência de Aleluia, ex-integrande do conjunto “Os Ticoãs”, em seus 73 anos e a juventude de Luthuli Ayodele, vocalista do Sinara, em seus 23 anos, tiveram uma conexão incrível. A musicalidade negra se fez presente em cada nota.
Contudo, a representatividade afro não acabou por aí, não. O próximo show foi o da banda vencedora do Prêmio da Música Brasileira de 2017 nas categorias revelação e melhor grupo de pop/rock/reggae/hip-hop/funk, Baiana System. Os baianos que misturam o Brasil, a África e o caribe se definem como uma arte sonora, visual e reflexiva. Mas para além dos propósitos reprentativos e de seu manifesto artístico, o Baiana System soube como colocar a Parque Olímpico para dançar. Para isso eles ainda tiveram ajuda de Titica, nome mais expressivo do Kuduro angolano e também um ícone da contracultura africana.
O show seguinte foi sem dúvida o mais animado do dia no Palco Sunset. A potência vocal de Elba Ramalho, o carisma de Alceu Valença, e o talento de Geraldo Azevedo se somaram ao incrível trabalho de dança regional do Grupo Grial de Dança e da Banda de Pífanos de Caruaru. Frevo, baião, xaxado e xote, o Nordeste foi perfeitamente contemplado em uma apresentação que trouxe sucessos que já estavam na boca do público como “Morena Tropicana” e “Bicho de sete cabeças”. Além de uma energia e um carisma inigualáveis dos três artistas e amigos, além do grupo de música e de dança, o público foi imprescindível para a vibe do show. Dezenas de nordestinos ostentavam as bandeiras de seus estados e clubes de futebol. Dançavam e cantavam como se dissessem: aqui é o Rio de Janeiro, aqui é um festival de rock, mas aqui também é o meu lugar.
Logo depois do fim do terceiro show do dia, uma queima de fogos abriu o palco Mundo: os mineiros do Jota Quest foram os encarregados de começar a noite no palco principal. Com um repertório que já está na ponta da língua dos brasileiros a apresentação pôs o público para cantar e grande surpresa veio enquanto eles cantavam “Planeta dos Macacos”: no telão imagens de políticos brasileiros reiteravam o clamor feito nas apresentações anteriores. Todos pediam o fim da corrupção e a saída do presidente Michel Temer.
A aguardada parceria entre os recifenses da Nação Zumbi e Ney Matogrosso fecharam o palco sunset com muita MPB e manguebeat. No início, uma homenagem ao saudoso Chico Science, quem fez bastante falta naquela noite: Ney, apesar de sua boa performance, parecia muito menos à vontade no palco do que o costume, faltou energia no palco. Mas se faltou energia sobrou música, apesar de terem algumas canções que poucos na plateia conheciam e não terem tocado outras obrigatórias como “Homem com H” ou “Rios, pontes e overdrives”, os músicos da Nação Zumbi mostraram que são bons e levaram o público ao delírio no hino do manguebeat “Maracatu Atômico”.
A noite seguiu com Alter Brigde, a banda pós-grunge formada em 2004 por ex-integrantes da banda Creed. Apesar de pouco conhecida no Brasil, Alter Bridge conseguiu agradar os fãs de hard rock que estavam lá.
Logo depois, subiu ao palco o sucesso das paradas da Rádio Cidade dos anos 80, Tears For Fears. Como já era de se esperar a banda de Pop Rock e New Wave abriu o show com seu maior sucesso “Everybody wants to rule the world”. A apresentação continuou com alguns hits mais conhecidos outras canções menos famosas. No geral, foi um concerto que conseguiu agradar os fãs mas não surpreendeu em nada apesar da simpatia e da cortês tentativa de Roland Orzabal de falar em português com o público.
Finalmente o show mais aguardado do dia, Bon Jovi! Com uma setlist de mais de 20 músicas, a banda esqueceu de alguns de seus clássicos como “Always”, mas botou a galera para cantar em “It’s my life” e em seu grande clássico “Livin on prayer”. Muitas das músicas tocadas são de um período mais recente, pós início dos anos 90, o que se não agradou o público geral deixou os fãs que pouco ouviam aquelas músicas nos shows bem contentes. Mas se alguém estava feliz durante a apresentação foi o próprio Jon Bon Jovi. Sorridente durante as mais de duas horas de show, o vocalista transmitia uma energia incrível e parecia estar mais a vontade do que nunca.
A noite do dia 22 foi, por fim, feita para agradar os públicos mais diversos, para celebrar as diferenças, trazer a representatividade negra e nordestina e para lembrar que essa ótima convivência com o diferente não deve se limitar apenas á Cidade do Rock.
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