Agora definitivamente virou moda! Como muitas das histórias nos quais os longas metragens animados, famosos e milionários que criaram e compõe o império da Empresa Disney baseados em contos de fada, o de Cinderela também passou a ser de domínio público e, assim como o Ursinho Pooh e o próprio Mickey Mouse (a figura/desenho do barquinho, preto e branco em “Steamboat Willie“, de 1928 e no Brasil: “O Vapor Willie”), ela tem agora um filme de terror para chamar de seu (fora as diversas outras versões em live action lançadas bem recentemente).
“A Vingança de Cinderela” vai na mesmíssima vertente de “Ursinho Pooh: Sangue e Mel”, que já teve dois filmes lançados em 2023 e sua continuação logo em 2024, trazendo o lado macabro e violento das histórias que ouvíamos ou assistíamos quando crianças.
Não deixa de ser curiosa essas incursões pelo terror, que parecem plenamente justificáveis e fazem sentido por dois motivos que se complementam: geralmente os vilões ou vilãs dessas histórias já são pessoas horríveis e que geram medo, e hoje mais ainda tem-se a demanda pelo consumo de produções com temática do horror que são mais baratas e tem maior poder e apelo para engajar os jovens.
Imaginem filmes live action em que as princesas Disney devolvem de forma violenta, com juros, correções monetárias e nos mesmos requintes de crueldade, todo sofrimento físico e psicológico que passaram pelos seus algozes desde bruxas até caçadores e serviçais dos vilões?
Agora não precisa imaginar, pois é exatamente o que nos traz essa nova versão de Cinderela, que após anos de dominação e humilhações sofridas por sua madrasta diretamente responsável por uma tragédia inominável sofrida pela protagonista e suas duas filhas maldosas, se arma para se vingar de uma forma que o próprio John Rambo com certeza aprovaria.
Porém, o argumento do filme se presta a justificar a violência da “mocinha” e para isso, coloca em cena uma Fada Madrinha bem diferente da velhinha atrapalhada e gente fina do desenho…
A bela Natasha Henstridge (de “A Experiência”, 1995, atriz e figurinha carimbada nos anos 90 e 2000 como mocinha ou heroína dos filmes de ação), é uma fada descolada, com um espírito bem vingativo e avant garde, podendo viajar no tempo e melhor mais criativo: no período de mais necessidade de Princesa, consegue materializar para auxílio personalidades (atores, claro) que são verdadeiros ícones em suas funções!
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Ou seja, temos o estilista Tom Ford para criar “o” vestido, um cabelereiro e maquiador dos mais badalados para cuidar da aparência e mais…
A carruagem da Princesa é um carro elétrico, entregue pelo próprio criador da marca, recentemente em litígio com o Brasil por conta de uma certa rede social.
Simples assim, a Princesa chega no baile que seria por volta do século 18, em um carrão!
Ou seja, embora possa se levar as situações na galhofa, dificulta um pouco levar o filme a sério como espetáculo principalmente pelo nível de interpretação de todos que é muito caricato, quando não é canastrão e, infelizmente, não se salva nem pelo registro da ironia.
Embora os poucos cenários externos sejam em castelos e há um jardim bonito, os interiores dos ambientes são bem escuros.
Que se pese lembrarmos que trata de um período de séculos atrás, fica evidente a falta de cuidado com a iluminação nas cenas do baile que, sim, está sendo iluminado por luz de velas, mas as imagens ficam meio que embaçadas, não somente escurecidas.
Para variar como em 99,9% dos filmes de terror, há decisões estúpidas, incongruências e furos de roteiro que tornam difícil acompanhar a narrativa.
Há de se entender de repente, a pressa para filmar esse tipo versão assim que os direitos se tornam públicos, relaciona-se com o uso do gênero terror, que se presta diversas interpretações e versões, mas nem por isso justiça a falta de preparo com antecedência, para que o filme fosse um pouco melhor.
Talvez a proposta seja essa por seu fim, mas se há o bônus da possibilidade de uma nova versão de contos conhecidos, há o ônus de produtos como o próprio “Ursinho Pooh: Sangue e Mel” ser apenas e tão somente um caça níquel da nostalgia.
Imagem Destacada: Divulgação/A2 Filmes
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