Conquistando o #1 da plataforma em vários países, “Além do Direito” ainda está em exibição
Na sede por tramas de maracutaias jurídicas? “Além do Direito” estreou 2 de agosto na Netflix e já conta com quatro de doze episódios disponíveis, e é o novo queridinho dos fãs de um drama competente e bem montado. Confira a nossa análise preliminar da série, sem spoilers.
Série é muito senso comum, pouco estudo legal
Quem está acostumado a consumir enlatados médicos e policiais o faz independente das críticas sobre o gênero — afinal, quem assistiu uma, viu todas, e de vez em quando aparece um título para provar que estávamos errados e nos pegar de surpresa, como foi o caso quando pagamos a língua assistindo ao maravilhoso “Uma Advogada Extraordinária” (2022).
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Esse não é, infelizmente, o caso de “Além do Direito”.
Enquanto acompanhamos a vida pessoal de advogados, suas questões e dúvidas, e a moral de quem trabalha com a lei é posta à prova no dia a dia, o público de séries jurídicas costuma ser bem servido com cenas de muito dramalhão em casos que nos colocam na pele de réus aparentemente indefensáveis — afinal, para a coisa chegar aos tribunais é porque esse foi o último recurso.
Esqueça os casos mirabolantes de “Dr. House”, julgamentos que vão te deixar de queixo caído e escandalizado como no já citado dorama da advogada Woo, ou operadores do direito trambiqueiros como em “Dokukoi”, “Além do Direito” não se preocupa em fazer uma pesquisa além do superficial, e talvez impressione marinheiros de primeira viagem.
Embora este quem vos fale seja também advogado, não é preciso nenhum diploma em direito para detectar a subestimação da inteligência do telespectador, apostando no senso comum desde o princípio. Logo na entrevista da protagonista ao escritório, simples perguntas são feitas aos candidatos, coisa que qualquer um que pisou dois segundos em uma faculdade de direito sabe — e, claro, os candidatos podem ser despreparados, mas o roteiro pinta a personagem como uma super gênia por constatar o óbvio. E isso se repete, ou pelo menos tem se repetido.
Não, é sério mesmo. Os casos criados são extremamente rasos e mal montados, e este comentário não parte de alguém com contato direto com a área, mas como um fã interessado em narrativas policíacas. Está tudo bem gostar da série, e até sentir segurança nos mistérios da série, afinal, a construção de personagem é feita para se crer que estamos diante de mentes brilhantes, contudo, a impressão que fica para os fãs de true crime, bacharéis em direito, ou simplesmente quem deixa a tevê ligada no Brasil Urgente, é de que falta alma à série. Não é normal se prever todos os passos dos personagens de produções do gênero com facilidade — é apenas fumaça de mau preparo criativo.
A série também falha pontualmente em tratar de temáticas sociais complexas. Certamente, o assunto pode e provavelmente voltará à tona, contudo, a discussão sobre meritocracia no segundo episódio parece que foi redigida pelo ChatGPT. Não… a IA faria um trabalho melhor.
Carisma por procuração

Se o coração da série não vai bem, poderíamos esperar que ao menos quem veio pelo romance — que certamente virá — vai ter onde se servir, correto?
Também chamada pelo título coreano “Esquire” (do inglês), a série até acerta com uma mocinha privilegiada e que foge do pateta alienante de donzelas indefesas; Kang Hyo Min fala o que pensa e não foge da raia, confrontando seu chefe rabugento, Yun Seok Hun, que, na verdade (quem diria!), é um gigante gentil de coração ferido e que é apenas mal interpretado.
Por enquanto não podemos fazer maiores críticas à relação dos protagonistas com suas famílias, porém ao menos aqui temos pano para manga para uma trama interessante no que diz respeito ao núcleo de Hyo Min e seus pais — como prometido, não diremos o porquê. Já o chefe Seok Hun é mesmo difícil de engolir, e por enquanto não saiu do casulo de “falso durão” que está insofrivelmente impregnado em todo canto — e, por isso, sua atuação, ainda que convicente, deixa-nos presos nesse avatar de carisma por procuração, projetando algo que não há só porque o ator Lee Jin Wook tem um belo rosto.
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Chamemos atenção, por fim, às metáforas da série que, embora inventivas na metade das vezes, soam excessivamente didáticas e expandem pouco sobre os conflitos internos da protagonista, isto porque, na medida que já apareceram nessa quantidade, parece uma tentativa desesperada de produzir uma moral da história para pessoas sem duas gramas de inteligência emocional.
Em retrospecto, continuaremos na expectativa de ver o que rola nos próximos capítulos, embora, pouco surpreendidos, saibamos que tem coisa melhor sendo produzida e que não recebe a mesma atenção. Ao menos, todavia, entrega o arroz com feijão; dá para passar bem o tempo.
Imagem Destacada: Divulgação/Netflix

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