Com a notícia de que teremos uma continuação do cult Blade Runner, que tem estreia prevista para outubro de 2017, muitos cinéfilos torceram o nariz. Dizem que não se mexe em filmes consagrados e o melhor é deixá-los quietinhos, em berço esplêndido.
Blade Runner – o Caçador de Andróides, baseado no livro de Philip K. Dick Do – Androids Dream of Electric Sheep, estreou em 1982, dirigido por Ridley Scott e estrelado por Harrison Ford, Rutger Hauer, Sean Young e Daryl Hannah. É um filme policial noir futurista, com uma visão distópica sobre uma sociedade futura, passado em um ano não tão distante para nós – 2019.
Harrison Ford é um caçador de andróides aposentado e é obrigado a voltar à ativa para caçar cinco replicantes – como são chamados os andróides criados pelo homem, que se rebelaram e estão escondidos na cidade de Los Angeles.
O filme não teve boa repercussão nas bilheterias americanas, porém sua qualidade e complexidade não passaram despercebidas da crítica e Blade Runner foi alçado a um dos maiores filmes cult da história do cinema.
Blade Runner aborda a antiga obsessão humana: criação de criaturas que se revoltam contra seus criadores. Os replicantes da história são criados para terem uma pequena vida útil – apenas quatro anos, e para trabalharem como escravos na colonização de outros planetas. Acabam revoltando-se com sua condição e, por causa disso, são proibidos de entrar na terra, devendo viver apenas nas colônias de outros planetas.
Apesar da teia de ficção científica, Blade Runner é um filme que se aprofunda nas questões psicológicas dos personagens. É a busca da perfeição, como podemos ver no slogan da Tyrell Corporation, empresa que produz os replicantes: “São mais humanos do que os humanos”. É a busca por um passado que dê sentido à existência, uma vez que os replicantes não possuem lastros da experiência humana e é dado a eles um passado fictício, cuja evidência são fotografias antigas. A manipulação da memória dos replicantes é capaz de amortecer o sofrimento psíquico destes, por não serem humanos, e controlar seus possíveis motins. E é também a busca do amor, já que o caçador acaba se apaixonando pela sua caça: o personagem de Harrison Ford envolve-se com a replicante Rachael – Sean Young.
Um dos mistérios de Blade Runner é que ele deixa no ar quem é humano e quem seria também um replicante: os replicantes que fugiram eram seis. Um deles morreu na fuga. Portanto, cinco são os que deveriam estar sendo perseguidos. Mas só temos conhecimento de quatro. Assim, fica no ar: Deckard – Harrison Ford – seria um replicante, como sugere a versão do diretor, lançada em 1992?
Hoje, Blade Runner é considerado um filme visionário, pois tratava de assuntos como engenharia genética, tema muito atual, e a invasão da cultura chinesa nos EUA, hipótese pouco provável há 30 anos, porém verídica hoje em dia. Mas, quando lançado foi um fracasso, já que todos esperavam de Ridley Scott um filme equivalente ao seu anterior Alien – o Oitavo Passageiro e de Harrison Ford uma atuação igual aos seus filmes de ação: Indiana Jones e Star Wars.
Harrison Ford certa vez mencionou em uma entrevista que não gostava de Blade Runner, pois seu final foi totalmente mudado pelos estúdios de Hollywood e modificações foram feitas ao longo do filme. As imagens do final de Blade Runner não foram rodadas para a obra, elas são sobras de O Iluminado, de Stanley Kubrick. Assim, vale ver a versão do diretor de 1992 e envolver-se com o clima sombrio e pessimista de Blade Runner.
Por Silvia Ferrari
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