Um dos maiores sucessos do anos 1990 no Brasil, Cavaleiros do Zodíaco tornou-se um fenômeno em terras tupiniquins. A história de um grupo de adolescentes que vestem armaduras para proteger a deusa Atena contra as forças do mal que querem destruir o planeta é o ícone da geração de 20 anos atrás e também o grande propulsor dos animes no país. Entre milhares de brinquedos vendidos, filmes lançados e músicas gravadas, um questionamento volta e meia aparece: Cavaleiros do Zodíaco é um anime que vale a pena assistir? Bem, esta pergunta aparece muito por conta das diversas listas dos melhores animes de todos os tempos que são feitas no Japão. Entre os selecionados as primeiras posições, dificilmente CDZ, como é conhecido, aparece. Entre muita nostalgia, alguns pontos positivos e negativos a cerca da obra clássica serão apresentados para ao leitor a partir de três aspectos: personagens, roteiro e batalhas.
Um dos pontos de maior crítica é pouca construção e valorização dos personagens. Vamos pegar o personagem principal Seiya de Pegasus. A história acerca de Seiya é pouco valorizada. O passado do jovem é pouco explorado, exceto em alguns flashbacks desde o orfanato. Ele mostra ser um adolescente corajoso, impulsivo e muito dependente dos outros. Em algumas vezes, chega a irritar algumas pessoas com seu jeito e sua fala. Não é um dos personagens principais mais adorados dos animes. Os outros cavaleiros em boa parte da história acabam apresentando mais carismas do que o próprio Seiya. Ikki e Shiryu, por exemplo, costumam figurar nas listas dos personagens mais interessante da saga.
Outro nome que costuma irritar é a deusa Atena encarnada na jovem Saori Kido. A adolescente de cabelos longos e roxos é uma deusa que não costuma fazer absolutamente nada na história. A maior função de Atena é ser capturada por outros deuses. Exceto no último capítulo da Saga de Hades, Atena não acrescentou muita coisa ao decorrer de todo anime. Para uma deusa, ficou devendo.
Pontos positivos
Se os personagens principais decepcionam, os coadjuvantes costuma ser adorados. É o caso dos Cavaleiros de Ouro. Mesmo com pouca aparição no início da história, os Cavaleiros de Ouro chamaram atenção não só pela armadura, mas também pelo seu poder. Os guerreiros sempre se impunham, com personalidade totalmente diferentes que fazem os espectadores, de alguma forma, se identificarem com cada um deles.
A história de Cavaleiros do Zodíaco não segue um roteiro espetacular. Ela é até bem comum. A luta de jovens para salvar uma deusa e, consequentemente, a Terra poderia facilmente ser substituída pela história de uma guerreiro para salvar a princesa, por exemplo. Os vilões, por sua vez, têm um objetivo sempre muito parecido, a dominação mundial. E é isso que acontece nos quatros principais arcos da história (Santuário, Asgard, Posseidon e Hades). Não há muita novidade, não há muita perspectiva. No final, de alguma forma o Seiya vai derrotar o grande vilão e salvar Atena e o mundo, seja com uma flechada de ouro no peito do inimigo ou com uma armadura especial. Neste ponto, Cavaleiros do Zodíaco peca por ser previsível.
Pontos positivos
A ideia de trazer um cenário de eras mitológicas para os dias atuais é muito interessante. A forma como os personagens lidam com a vida normal e a de cavaleiro cria um cenário bem interessante que pode ser explorado. Com a quantidade enormes de deuses que existem no Olimpo, a história pode ser muito mais ampliada do que é, caso Kurumada, autor da história original, resolva ampliar o anime. Cavaleiros do Zodíaco deu oportunidade em sua história dos cinco personagens principais terem algum destaque, isso é interessante, mesmo que no final o Seiya derrote o grande vilão. Vale também ressaltar a forma como são construídos os diálogos dentro da história. Apesar de muitas vezes falarem muito, os heróis e os inimigos sempre trazem aspectos de alguma cultura ou da filosofia em suas batalhas. Isto ajuda a completar a narrativa principal da história.
As lutas em cavaleiros do zodíaco acabam pecando em um mesmo ponto: são muito rasas. Os confrontos costuma ser bem simples, com as mesmas técnicas sendo usadas e alguns inimigos até previsíveis. Alguns até são derrotados de forma muito rápida. Uma coisa que é interessante, mas ao mesmo tempo atrapalha o andamento dos confrontos, é o excesso de falas dentro das lutas. Em certos momentos, é mais interessante dar um dinamismo, mas acaba tendo muita conversa. Um ponto para ilustrar isso costumam ser as lutas do Hyoga de Cisne. As principais lutas do cavaleiro são marcadas por extremos diálogos melosos e dramáticos que acabam tornando-as cansativas.
Pontos positivos
As técnicas dos cavaleiros seguem sempre uma lógica muito interessante. Usando muitos aspectos da física, alguns até questionáveis, as batalhas de cavaleiros do zodíaco compõe um campo que dá muita liberdade a imaginação. Se não são lutas de tirar o fôlego, são lutas interessantes, na maioria. Durante a história, os personagens ressaltam que “um mesmo golpe não funciona duas vezes com um mesmo cavaleiro”. Contudo, há sempre uma forma de driblar essa regra, e isso é interessante. As lutas migram da força a inteligência de forma muito rápido. Um grande exemplo é a luta de Shaka de Virgem contra Camus de Aquário, Shura de Capricórnio e Saga de Gêmeos. Foi a verdadeira mistura dos fatores apresentados antes.
Ao final de tudo, fica a grande pergunta: vale a pena assistir ou não? Vale. Além do fator nostálgico, CDZ foi um anime que revolucionou o estilo Shonen. A obra tem falhas, é claro. Mesmo assim, não pode ser descartada em hipótese alguma. Para quem ainda nunca assistiu, não espere o melhor anime do mundo, mas também não espere a pior coisa. É uma história que dá para assistir e curtir a vontade.
Obs: vale ressaltar que a obra considerada aqui é apenas o CDZ clássico. Não foram colocados em análise o Ômega, Lost Canvas e o Next Dimension.
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