“A primeira regra sobre o Clube da luta é: Você não fala sobre o clube da luta! A segunda regra do clube da luta é: Você não fala sobre o clube da luta!…” Ok! Ok, Tyler! Mas quando esse segredo é um dos melhores filmes de todos os tempos (de acordo com a Hollywood Reporter, tá meu bem?!) fica difícil não falar sobre ele. Então, com sua licença, vou falar sobre o meu filme favorito na vida, vamos falar sobre o clube da luta!
Clube da Luta é um filme do final dos anos 90 (saudosos…) que trata da forma como a sociedade de consumo nos impele a uma vida desgostosa em troca de coisas que não precisamos. Sociedade que influencia desde a forma como se vestir e comer até a maneira como reagir a acidentes aéreos (para Tyler – nosso muso anti-herói – as máscaras de oxigênio nada têm a ver com despressurização, e servem para dopar os passageiros para que eles possam aceitar a morte mais facilmente… ah vá! Considerando que muitos dentistas se utilizam dessa técnica para fazer cirurgias, até que faz todo sentido, né?!). Nas palavras do personagem:
“A propaganda nos faz correr atrás de coisas, trabalhos que odiamos, para acabar comprando o que não precisamos.”
Mas ainda não é hora de falar do Tyler. Antes dele, precisamos conhecer nosso anônimo protagonista. Ele (interpretado por Edward Norton) é um homem comum que vive para trabalhar, e trabalha para consumir. Tem um emprego mediano que o permite gastar com utensílios de decoração e outras coisas das quais não precisa, mas consome. Um homem vazio, mais um! Então, buscando preencher suas lacunas emocionais e solucionar seu problema de insônia, passa a frequentar sessões de autoajuda. Mas não um grupo para tratar de problemas psicológicos ou sociais, mas grupos de vítimas de doenças como tuberculose, câncer testicular, parasitas no sangue, demência…. Locais onde pudesse dividir de dores que não vive, onde pudesse assumir a identidade que escolhesse (Cornelius, Rupert, Lenny), chorar e abraçar sem ser julgado… e enfim, consegue dormir como um bebê. Mas após umas sessões ele percebe que existe outra pessoa fazendo o mesmo que ele: Marla Singer (Helena Bohhan Carter). E o conflito que desenvolve com ela é repleto de antipatia, desejo, raiva contida… E volta a insônia.
Em uma viagem a trabalho conhece um vendedor de sabonetes chamado Tyler Durden (Brad Pitt) com o qual tem uma conversa casual, e trocam contatos. Tyler Durden é um homem crítico a sociedade e, da forma que pode, vive a margem dela. Seu ganha-pão é variado, mas sempre desenvolvido com um grande esmero em, digamos: devolver à sociedade toda sua hipocrisia. Como garçom em eventos high society não respeita a higiene e a etiqueta, seus sabões são feitos com gordura roubada de uma clínica de lipoaspiração, e, por fim, como projecionista cinematográfico insere cenas de filmes adultos em animações infantis.
Ao retornar a sua casa, nosso protagonista descobre que o seu belo e bem decorado apartamento pegou fogo, e em choque ele (a) liga para algum familiar; (B) senta no chão e chora; (c) se desespera; NÃO! Ele liga para o desconhecido Durden… E então começa sua saga em um processo de autoconhecimento que não passa perto de religião ou Yoga. A grande libertação desse “mais um” anônimo se dá através da luta! Junto com seu novo amigo passam a descarregar as dores de seus dias tediosos em brigas “amigáveis”, mas nem por isso pouco sanguinárias. E então, com a aderência de outros caras igualmente descontentes, fundam o “Clube da Luta”.
Esse grupo, no entanto, começa (sob o comando de Durden) a levar os questionamentos sociais a níveis mais sérios… E para não dar muito spoiler só vou dizer que coisas explodem e o conflito interno do nosso narrador chega a níveis críticos.
Um aspecto muito interessante é que o filme se faz como uma grande crítica a cultura cinematográfica hollywoodiana, que cria expectativas irreais e inatingíveis. Nesse contexto, aborda as mensagens subliminares e o seu poder de implantar ideias nas cabeças de quem consome esses produtos. O longa não só fala sobre o tema como ensina a colocar tais mensagens em filmes de rolo. E, não parando por aí, o filme utiliza dessa ferramenta diversas vezes, do começo à ultima (e icônica) cena.
É um desses filmes que ou te fazem pensar em seus padrões de conduta, ou detestar a sociedade, ou ainda simplesmente querer uma boa luta… Pois (como na vida) “se esta for a sua primeira noite no Clube da Luta, você tem de lutar”.
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