Ana Lins de Guimarães foi uma poetisa, nascida em 1889, na Cidade de Goiás, antiga capital do estado de Goiás, que ficou mais conhecida por seu nome artístico, Cora Coralina, e que deixou-se marcada em suas poesias e textos, tornando-se maior que eles.
De origem humilde, Cora não estudou em boas escolas, viveu fora de grandes centros urbanos e tinha em sua escrita um espelho da vida simples que levava. Seus contos e poemas mostravam o dia a dia da cidade do interior, seus habitantes, o passar do dia e a transformação da vida conforme as horas passavam.
“Não morre aquele que deixou na terra a melodia de seu cântico na música de seus versos.”
Meu Epitáfio, Cora Coralina.
Doceira de profissão, Cora viveu quase toda sua vida em uma casa, perto da ponte por onde passava o Rio Vermelho, famoso rio que corre pela Cidade de Goiás. Sua casa ainda está lá, como museu, com todo seu acervo e pode ser visitado. Guarda parte das lembranças, das memórias de uma mulher que viveu sua vida de forma honesta e bonita, colocando em seus poemas os mais bonitos pensamentos.
Não foi até a velhice, nos anos 80, que viu suas obras serem reconhecidas e ganharem nome por todo Brasil. Quando a Universidade Federal de Goiás (UFG) decidiu relançar um de seus primeiros livros, “Poemas dos Becos de Goiás e estórias mais”, que Aninha, como era conhecida em sua cidade natal, viu-se lançada como escritora em todo Brasil, por mais que já tivesse um ou outro escrito reconhecido em grandes jornais, e seu nome fosse citado por grandes poetas, como Carlos Drummond de Andrade com quem chegou a se corresponder.
Apesar de não estar envolvida em movimentos libertários e de sua “fragilidade” ao escrever, os poemas de Cora escondiam a força de seus pensamentos, mas revelavam a coragem de seus atos, mais profundamente, revelavam a valentia que tinha por trás de sua imagem frágil. A partir do momento que assume seu pseudônimo aos 50 anos (antes ela vivia e assinava alguns trabalhos como Ana), a poetisa também liberta mais sua alma, envolvendo-se com o que imagina.
“Faz de tua vida mesquinha um poema. E viverás no coração dos jovens e na memória das gerações que hão de vir.”
Aninha e suas pedras, Cora Coralina.
Ela não deixa de escrever sobre o que vê da vida, mas coloca sua essência e seu olhar sobre isso. Conforme vai envelhecendo, Cora escreve sobre seu marido, seus filhos, sua vida, e mistura isso a outras vivências, a outros olhares, a outras dores. A escrita dela é universal, por muito que seus textos estejam expressando sua alma, mas torna-se reconhecível pela grande empatia que causa, pela sensibilidade ao descrever a vida, o fim dela e o começo da morte, sem tristezas ou morbidez. A poetisa faz de seus textos um tutorial que pode ser entendido de muitas formas: talvez, como viver a vida, como ver a morte de uma forma corajosa, ou como qualquer outra boa interpretação que alguém possa ter.
Cora viveu 95 anos. Morreu em Goiânia, capital de Goiás, depois de ter vivido e visto muitos momentos. Por descrevê-los em seus poemas eternizou-os. E por se escrever se eternizou. E viverá para sempre.
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TEATRO CORA CORALINA
Um, dois, três, quatro…
Segue a história do teatro
Com nome de mulher doceira
Poetisa e contista brasileira.
A estória, aqui, não termina;
começa a do Teatro Cora Coralina
Aonde frequentam o menino e a menina
Para verem a trupe que virou rotina.
Autora de “Poemas dos Becos de Goiás
e Estórias Mais” que não esqueço jamais.
O nome é em homenagem a ela, aliás,
Uma donzela da Cidade de Goiás.
Agora no “Cora”, meu coração melhora,
Na hora, em que chora, adora, aflora,
Mora, demora e não quer ir se embora
Dessa sonora aurora que não tinha outrora.
Cora Coralina! Quão agradável esse clima
Tal qual o teu nome que me ensina e rima
com Umbelina, Crisolina, Lucilina,
Opalnina, Angelina, Marculina,
Paulina, Joselina, Carolina,
Belina, Francelina, Natalina (…)
És o canto cultural
De um povo genial
Exalador de sensibilidade,
Ventilador da criatividade…
Nessa terra que tem suíno, equino e bovino
Foi o Prefeito e médico Moisés Avelino
Quem inaugurou, em 1988, o Palácio da Cultura
Dando aos artistas e a cidade mais estrutura.
Nesse ambiente de estrutura e abertura
Ganhou o artista, a urbe e a literatura.
E a Prefeita Virgínia abriu a cortina,
Em novembro de 2000, do Cora Coralina.
De posse desse caderno e de minha canetas
Anna Lins Guimarães Peixoto Bretas
Ou Cora Coralina a quem doo esse poema
Fugindo de problema e mostrando meu lema.
É a te que os artistas entregam flores
Em Paraíso, na Praça José Torres
Aonde Alguns andam, brincam e dão grito
Vendo o Museu Municipal João Batista de Brito.
Grande Teatro Cora Coralina!
Embora tenha cantina, tem na esquina
A Academia de Letras de Paraíso
Abraçando-te e dando o belo riso.
Nobre Teatro Cora Coralina!
Ainda que tenha cortina, na outra esquina
Os “Canibais Lanches” estão a observar
Quem, em te, vai declamar, cantar, cultivar…
Para os artistas és o ninho
E, ali, localizado e bem pertinho,
Rádio FM não tem igual
E a Praça José Torres é Cultural.
Teatro que tanto bem trato
E retrato meu pranto em prato
No quarto que farto e não parto
Meu contrato é perto de te, senão infarto…
Teatro presente nos corações
Pelas lindas apresentações
De recitais, festivais e danças
Despertando pura arte nas crianças.
Cora Coralina que tem cor e arte,
Tem luz e amor em qualquer parte.
E que, nessa vida, nunca nos falte
Espaço Cultural: nosso esmalte
Por mais que, um dia, nos maltrate.
Meu Teatro Cora Coralina
Não acabou essa “gasolina”,
Nem sumiu minha “proteína”;
Mas és quem traz “insulina”
Que aumenta a adrenalina
De quem, em te, tem oficina
Pra ascender a lamparina
De onde se abrem a cortina…
(Autor: ANGELLY BERNARDO, advogado e escritor do Tocantins)
Que belo poema. Obrigada por compartilha-lo!