Após mais de cem anos de cinema, alguns de seus subgêneros mais específicos já foram feitos à exaustão e caíram na mesmice, com cada produção nova sendo apenas uma “requentada” das mesmas ideias e clichês que, provavelmente, já tiveram uma representação melhor nas telonas. A primeira vista, “Extinção”, longa de 2018 distribuído pela Netflix e dirigido por Ben Young, parece ser somente outro filme de invasão alienígena, com as formas estranhas invadindo o céu e uma forte luz branca passando pelas janelas de um apartamento, porém, suas reviravoltas provam, ao longo da narrativa, que não é bem assim.
A história é focada em Peter (Michael Peña), um engenheiro que tem tido sonhos preocupantes sobre um ataque vindo dos céus e que, após descobrir que não é o único que sofre dessa anomalia, passa a acreditar que são premonições de uma invasão que ocorrerá no futuro. Um dia, durante uma festa no apartamento em que mora com sua esposa Alice (Lizzy Caplan) e suas filhas Hanna (Amelia Crouch) e Lucy (Erica Tremblay), naves de origem desconhecida começam a bombardear a cidade e a executar qualquer pessoa que encontram. Então Peter, o único que aparenta ter algum conhecimento sobre o evento, tenta evacuar sua família para um local seguro, ao mesmo tempo em que descobre a real identidade e objetivo desses invasores.
Como já foi observado, o roteiro escrito por Spenser Cohen e Brad Kane começa como uma história genérica de ataque espacial ao planeta Terra, cumprindo todos os clichês do gênero como se os estivesse riscando de uma lista obrigatória. A real força do script é a sua reviravolta que muda drasticamente as circunstâncias nas quais ocorrem os eventos, que apesar de ser relativamente criativa, também abre margem para diversos buracos na narrativa já que, no final, se preocupa mais em fazer um comentário social do que ter algum sentido.
Além disso, grande parte desse plot twist é passado sem muita sutileza através de diálogos expositivos desnecessários que explicam detalhes que já foram esclarecidos visualmente nas cenas anteriores. Várias outras partes do enredo, porém, são bem construídas, principalmente o primeiro ato, que estabelece diversos fatos sobre os protagonistas que vêm a calhar mais tarde, durante a situação extrema na qual se encontram.
Na direção, não tem muito que pode ser dito de Ben Young, que faz um trabalho competente, mas esquecível. A primeira metade parece uma versão mais simples de “Cloverfield: O Monstro” (2008), graças as câmeras de mão, a temática de cidade atacada e a presença de Lizzy Caplan, enquanto o restante pode ser comparado a um episódio mediano de “Black Mirror”.
O visual do longa também é prejudicado por uma fotografia escura demais, que ofusca todos os detalhes do design de produção realizado no figurino e equipamentos dos antagonistas. A montagem é igualmente confusa por conta disso, já que várias das cenas de ação, com seus cortes rápidos e câmera em constante movimento, são difíceis de acompanhar e acabam ficando incompreensíveis.
Completando a parte técnica são os efeitos digitais, essenciais para uma trama de ficção-científica, que variam entre convincentes e óbvios, principalmente os fundos realizados em tela verde, que a princípio não distraem muito, mas durante o ataque que desencadeia a trama, os prédios queimando ao fundo parecem feitos de computação gráfica de videoclipes. São desconcertantes também os efeitos de ferimentos feitos de maneira computadorizada que, apesar de alguns planos em que funcionam bem, também se destacam como algo feito na pós-produção.
Por fim, “Extinção” não é um longa particularmente notável. Sua técnica é competente, mas não o suficiente para se destacar, e seu roteiro brinca um pouco com os clichês do gênero e subverte algumas expectativas, mas, no geral, parece que não foi uma produção muito inspirada e por conta disso não é muito envolvente.
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