O Homem-Aranha, personagem icônico da Marvel, sempre foi conhecido como amigão da vizinhança em suas diversas versões e adaptações. É um personagem urbano mais próximo do cotidiano que outros do mesmo universo que ele e, talvez por isso, seja um dos mais populares existentes. “Homem-Aranha: Longe de Casa” coloca Peter Parker fora da sua zona de conforto e o ambiente onde sempre o vemos, Nova York. Agora, o jovem herói passará uma temporada na Europa com seus colegas de escola e essa é uma proposta que soa diferente, mas até que ponto isso funciona?
A boa notícia é que há muitas cenas de ação inventivas por aqui. Momentos em cidades como Veneza, Praga e Londres são bem explorados, de forma que o jovem protagonista consiga usar seus poderes adaptando-os conforme a geografia e arquitetura locais com boa mise-en-scène. Nesse sentido, a presença do personagem Mysterio é muito bem-vinda, dados poderes ilusionistas e truques utilizados por ele. Diferente dos ambientes urbanos que víamos nas histórias do Homem-Aranha até o momento, Mysterio traz consigo algumas cenas bem psicodélicas e viajantes que se desenvolvem com fluidez na medida em que a direção e a montagem sabem explorá-las bem. Nesse sentido, existe ainda certo grau de surpresa existente no longa, dado o fato de que o espectador fica sem saber o que esperar de tais sequências.
Em termos de temas apresentados, não há nada de muito novo. É forte a presença da questão envolvendo responsabilidades e poderes que é engatilhada pelo legado de Tony Stark e que afeta Peter Parker por conta da relação de ambos, por exemplo. Nas antigas adaptações, vimos algo parecido envolvendo o tio Ben, que acaba tendo o papel tomado por Stark no novo filme e que justamente por isso se amarra bem com o universo cinematográfico da Marvel. É uma jogada sagaz que recicla antigos temas com algum frescor, assim como também é feito quanto a temática da identidade secreta e da relação de Peter Parker com seus amigos. Nota-se, a partir disso, interessante equilíbrio composto pelos realizadores entre o que trazer de novo e o que retomar de obras anteriores.
Vale ainda mencionar o tom do longa, que é agradável durante toda a projeção. É evidente que ele se mantém cartunesco durante a maior parte do tempo, mas que flerta com a comédia, com o romance e até mesmo com o chamado coming of age em alguns momentos. Também não busca drama exacerbado ou forçado, que não funcionaria aqui e que portanto se mantém contido nesse quesito.
Em suma, “Homem Aranha: Longe de Casa” é divertida aventura que se difere daquilo que já foi feito acerca do herói antes, porém sem necessariamente ser inovador em todos os detalhes. Mostra que a Marvel tem conseguido trabalhar bem seu personagem mais querido com muito cuidado e atenção que são devidos, sabendo bem até onde ir com o material que tem em mãos. Impossível não ficar com a curiosidade aguçada para saber o que o futuro aguarda para o Aranha e qual será sua relação com o resto desse universo tão minuciosamente construído.
Imagens e Vídeo: Divulgação/Sony Pictures/Marvel
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