Desde que a Disney foi às compras e adquiriu a Lucas Filmes, a Pixar e a Marvel que se ouve que o estúdio comanda suas preciosas e caras obras com mãos de ferro. Todos os diretores e roteiristas que queriam fazer algum filme de super-herói ou de Star Wars precisavam da aprovação dos executivos, que apontavam o caminho a ser seguido, sem desvios. Então veio “Thor: Ragnarok” e todas as regras estabelecidas pelos engravatados foram quebradas. No filme de 2017, Taika Waititi desvirtua o herói que antes era visto com olhares mais sérios e o transforma em um comediante ao estilo Stand Up Comedy. Bom, Ragnarok fez sucesso de crítica e público, então era preciso manter a fórmula, e repetir tudo em “Thor: Amor e Trovão”. O problema é que os limites foram esquecidos e o exagero foi tamanho que é quase insuportável assistir ao filme.
Sim, o novo longa dirigido por Waititi peca pelo excesso de momentos cômicos. Praticamente em todas as cenas há uma piada ou uma gag. Seria interessante se houvesse um melhor equilíbrio entre comédia e o drama, afinal de contas, é preciso lembrar que os personagens de “Thor: Amor e Trovão” foram criados e apoiados em alicerces dramáticos. É evidente que isso não impede que eles sejam inseridos em um roteiro cômico, como feito em “Ragnarok”, mas a parcimônia é amplamente recomendável.
Outro ponto importante a se notar é a clara intenção dos roteiristas em criar uma história ainda mais leve que o antecessor – com o sombrio e o pessimismo ficando de lado – mas isso vai de encontro ao vilão, que parece deslocado em meio a tanta galhofa. Gorr (Christian Bale), que viu sua filha morrer de fome ao seu lado, não combina com o colorido e as gracinhas vindas de Asgard. Por que não construíram um vilão igualmente engraçadinho e cheio de maneirismos para combinar com o resto ao invés de um matador de deuses com um visual sombrio e sério?
Nem mesmo o romance tem alguma substância em meio ao sitcom que é “Thor: Amor e Trovão”. O reencontro do Deus do trovão com a sua amada é enterrado em meio às várias piadas envolvendo o martelo que agora obedece a Jane (Natalie Portman). O espectador que queria ver o relacionamento dos dois sendo reestabelecido depois de tanto tempo se frusta com a rapidez com que tudo é “resolvido” entre os dois. Não há tempo para mais nada além das piadas que fazem rir apenas os fãs da Marvel.
As cenas de lutas também sofrem com a falta de tempo e de foco dos realizadores, que as tornam repetitivas e chatas. Os adversários de Thor e companhia são basicamente monstros irrelevantes e genéricos fáceis de derrotar. Em nenhum momento há a sensação de que os heróis perderão a batalha. Até o vilão vivido por Bale é pouco ameaçador, apesar do evidente esforço do ator em criar um personagem que bote medo nas criancinhas e nos adultos mais impressionáveis.
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O que sobra são algumas boas sacadas da fotografia, como na sequência em que os heróis vão ao mundo de Gorr e tudo fica instantaneamente preto e branco, e as boas atuações do elenco principal, principalmente de Chris Hemsworth com sua veia cômica, e Bale com sua capacidade dramática. Pena que os acertos técnicos e o talento dos dois atores não consigam fazer com que “Thor: Amor e Trovão” seja minimamente suportável.
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