“A Cidade Onde Envelheço” faz você se sentir como um observador no qual tudo acontece, parece que estamos ali, em algum cantinho do cenário. O que assistimos na tela do cinema é a vida acontecendo e mostrando para cada um de nós que ela não é fácil, que devemos continuar e nos adaptarmos.
Vivendo em Belo Horizonte há 1 ano, a emigrante portuguesa Francisca (Francisca Manuel) buscou no Brasil um outro lugar para prosseguir. Ela então recebe uma antiga amiga, Teresa (Elizabete Francisca Santos), vindo de Lisboa, trazendo consigo a juventude e o interesse por novas experiências em um lugar desconhecido. Não sabemos qual é a relação das duas em seu país natal, mas, algumas dúvidas aparecem quando elas se reencontram na porta do apartamento de Francisca. A impressão é de que elas acabaram de se conhecer, não existe uma intimidade e é justamente esse clima que guia o espectador durante boa parte do filme. As conversas no meio do dia, feitas em algum canto do apartamento, vão amenizando essa distância que no momento é muito maior do que o Oceano Atlântico no qual as separa de Lisboa. A nova vida em Belo Horizonte parece ser cheia de prazer e excitação para Teresa, com novos amigos, festas e bebidas, essas são as formas que ela encontrou para passar os primeiros dias na cidade. Ao contrário, Francisca demonstra certa passividade com a vida que leva, ao trabalhar em um bar local, com alguns poucos amigos e um parceiro no qual acha que chamar de namorado é exagero. Naturalmente situações conflitantes acontecem e aquela falta de intimidade começa a desaparecer, nunca deixando de existir o contraponto nas atitudes de cada uma e isso, estranhamente, as completam. Como se fossem as únicas estrangeiras sobrevivendo naquele mundo, elas choram de saudade, procuram um novo apartamento e continuam.
A diretora mineira Marília Rocha, soube usar as ruas de Belo Horizonte para filmar locais da cidade que são comuns para quem vive naquela cidade e, isso, sem precisar mostrar os pontos turísticos. O aspecto urbano que o Centro da capital oferece, a movimentação da população misturada ao cinza dos prédios deixa a fotografia com um tom familiar para quem assiste. Um filme, sem pressa de acontecer, sem a responsabilidade de transmitir ao público algo extraordinário em um relacionamento humano. Um filme sobre mulheres independentes que escolheram viver com saudade em busca de um recomeço.
“A Cidade Onde Envelheço” é uma produção da Vitrine Filmes em parceria com a Prefeitura de Belo Horizonte, via Projeto Brasil de Todas as Telas. O filme voltou ao cinema brasileiro após exibições em 2016 durante diversos festivais internacionais, sua estréia no Brasil foi no dia 9 de fevereiro de 2017.
Por Guilherme Santos
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