Crítica: A Cinco Passos de Você

Em “A Cinco Passos de Você”, Stella (Haley Lu Richardson) é uma adolescente com fibrose cística. Will (Cole Sprouse), um recém-chegado ao hospital onde ela reside, também possui a doença e está passando por um teste de drogas para uma infecção resistente a antibióticos. Eles não combinam no começo. Stella é obsessiva-compulsiva e efusiva; ela obedientemente toma seus remédios e mantem um diário do YouTube sobre sua vida. Ele é um artista pensativo e infrator, convencido de que está em seus últimos suspiros.

Por causa do risco de infecção cruzada, eles devem ficar a seis passos de distância um do outro. Cinco passos, medidos pelo taco de sinuca que carregam entre eles, serão sua eventual concessão para amar e viver perigosamente.

Promovido pela Fundação de Fibrose Cística como uma ferramenta de conscientização, “A Cinco Passos de Você” é melhor realizado do que sua sinopse sugere. Para manter a ilusão de intimidade, o diretor Justin Baldoni trabalha com as distâncias focais, muitas vezes enquadrando Richardson e Sprouse para que eles apareçam juntos antes de cortar para um plano aberto que os mostre distantes. Richardson, que possui boas atuações em filmes elogiados (“Columbus”, “Support the Girls”), cimenta seu status competente ao encontrar profundidade além do roteiro planejado. Os esforços do elenco vão longe em uma história que se agrava por causa de uma tragédia na família de Stella e uma série de encontros entre Stella e Will.Infelizmente, o filme perde o interesse e o sentido quando atinge seu terceiro ato. Obviamente, Will e Stella são lançados ao melodrama e o roteiro de Mikki Daughtry e Tobias Laconis recorre a algumas reviravoltas decididamente artificiais em um esforço para surpreender a plateia. Não dá certo! Na melhor das hipóteses, são previsíveis. Regressivas no pior dos casos. “A Cinco Passos de Você”, tenta evitar cruzar a linha para o drama de exploração mas, na maior parte das vezes, cai em algum lugar no meio, na escala de histórias de amor de adolescente arrebatadoras. Ainda assim, para um filme que brinca com ser um destruidor de moldes, às vezes, é uma sucessão de reviravoltas decepcionantes de eventos.

No final das contas, porém, o longa oferece aos pacientes com fibrose cística uma história de amor para chamarem de suas. Uma realmente forte e memorável. Parece improvável que siga os passos de “A Culpa é das Estrelas” e se torne a próxima sensação de romance adolescente. Mas, no entanto, tem algo a oferecer ao seu público-alvo, graças às performances sensíveis e carismáticas de seus protagonistas. Quando o casal hesitante finalmente decide por um encontro, Baldoni cultiva algumas faíscas, e até mesmo uma sugestão de tensão sexual, apesar de raramente saírem do ambiente hospitalar. São nessas cenas – muito mais do que em suas sequências bem-intencionadas, mas quase acadêmicas – que explicam os desafios da fibrose cística. “A Cinco Passos de Você” consegue humanizar os efeitos da doença de forma mais tangível e afetiva. Se apenas o resto do filme tivesse seguido o exemplo, ele poderia ter subido de nível.

Fotos e Vídeo: Divulgação/Paris Filmes