Há 13 anos estreava “Avatar”, um filme com pompa de revolucionário por causa de toda tecnologia envolvida em sua confecção, principalmente o 3D, que James Cameron disse, à época, que era algo nunca antes visto. Essas qualidades o transformaram em um sucesso de bilheteria — com seus quase 3 bilhões de dólares faturados em todo o mundo — e ainda deu a ele 9 oscars, quase todos em categorias técnicas. Depois disso, Cameron mergulhou intensamente nas quatro próximas produções de uma franquia que ele tentava desenvolver há muito tempo, e prometeu revolucionar ainda mais o cinema com as continuações. Portanto, o primeiro deles a sair é “Avatar: O Caminho da Água”, que é tão tecnológico e bonito quanto o seu antecessor, mas que também sofre com a mesma falta de um roteiro que prenda os espectadores em suas cadeiras e os surpreenda minimamente, algo que é primordial para qualquer blockbuster.
“O Caminho da Água” é uma mistura de sci-fi, com documentários da National Geographic e “Titanic”, que é belamente fotografado e colorido por computadores, enquanto possui bonecos azuis hiper-realistas lutando por sua liberdade perante um inimigo muito mal vindo do planeta Terra. Sim, trata-se do mesmo plot do primeiro filme, o que muda aqui é que há muitas sequências filmadas no oceano, que pode ou não ser real. Agora, abordando especificamente a fotografia, não espere rimas visuais e ângulos de câmera que remetam a algo interno aos personagens ou mesmo ao tema abordado pelo roteiro. A beleza fílmica aqui é apenas a das cores vivas dos biomas e a grandeza das paisagens mostradas em planos gerais que transbordam durante as mais de três horas de duração. Ou seja, o belo aqui tem gosto de artificial, e isso não é bom para uma peça artística.
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Talvez seja o excesso da tecnologia tão celebrada pelos realizadores que fazem desse “Avatar” (e do anterior) um filme sem alma, mesmo que sua história tenha questões espirituais e religiosas muito aparentes. Tecnicamente perfeito, o novo feito do visionário Cameron precisaria de mais dramaturgia para se tornar épico. O próprio cineasta deve saber disso, já que ele mesmo fez de seus “Exterminador do Futuro” e “Exterminador do Futuro 2” clássicos por causa de suas história e efeitos visuais inovadores. Do jeito que está, contudo, a obra é e continuará sendo apenas importante pelo desenvolvimento do CGI, das câmeras e da forma como se vê cinema 3D hoje e no futuro. Claro que esses são elementos importantes para o desenvolvimento da Industria, no entanto, o cinema é a arte que usa da tecnologia para cativar o público e não a tecnologia que usa da arte para fazer pirotecnia.
Resta dizer então que “Avatar: O Caminho da Água” pode ser apreciado como um video game de nova geração. Não é preciso se preocupar com as questões artísticas, principalmente porque elas foram deixadas de lado pelos próprios cineastas, que estavam preocupados unicamente com suas aspirações visionárias. Infelizmente para eles, não é só da semiótica que se faz cinema, é também da semântica.
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