Duas mulheres especiais, com um sorriso no rosto e certo saudosismo, adentram o teatro oferecendo quitutes a todos. Nos colocam dentro do velório mais animado que já vimos acontecer. Pelo nome do espetáculo, não dá para ter a dimensão da grandiosidade das histórias que serão expostas ali. Ester e Marion, através do humor, discorrem sobre a imigração, a intolerância e rememoram um tempo que já não existe mais, onde os seres humanos costumavam estender as mãos a seus semelhantes e faziam de um tudo para se ajudar.
Com afeto, humor, risos, emoção e cumplicidade, Brimas traz histórias reais das avós das atrizes. Duas senhoras imigrantes revivem, com muito humor, suas vivências, enquanto cozinham quibes para o tal velório. O riso, a saudade da família e as memórias do passado se misturam nessa história cheia de emoção e sabedoria. Atrizes e autoras do espetáculo, Beth Zalcman e Simone Kalil trazem ao palco as memórias dessas duas, que saíram muito jovens de seus países de origem, Egito e Líbano, respectivamente e foram acolhidas no Brasil no início do século passado.
Destacamos aqui a iluminação proposta por Aurélio De Simoni que nos embala numa viagem ao passado junto às duas protagonistas. Surpreende e encanta ao mesmo tempo. O figurino de Flávia Goldbach também é um ponto de importância e que vai sendo desvelado ao longo do espetáculo e tem seu ápice de entendimento no final do espetáculo. A cenografia de Toninho Lobo é algo tão simples e ao mesmo tempo tão maravilhoso que quando nos damos conta, estamos dentro da cozinha dessas mulheres, bem pertinho, com ouvidos alertas como crianças atentas a cada palavra dita. A direção delicada e assertiva de Luiz Antônio Rocha nos emociona, faz refletir, dá nó na garganta e faz rir junto à essas fortalezas em cena. As nuances são muito bem conduzidas e as quebras com o público nos chamam a realidade tão passada e ao mesmo tempo atual daquilo que esta sendo contado.
Gostaríamos de dedicar aqui, principalmente, nossa admiração pelo trabalho dessas atrizes que, com coragem e desprendimento, transformaram em arte questões familiares pessoais, porém tão globais e cotidianas nos dias de hoje. A mensagem e também o apelo das duas, chega de forma arrebatadora e nos faz sair do teatro pensando sobre o mundo que estamos construindo e vivendo, e sobre a necessidade de retomar o que antes era tão natural dos viventes aqui na Terra: humanidade, companheirismo, solidariedade e empatia com o próximo.
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