Em meados dos anos 50, a cultura cinematográfica era fortemente influenciada por interesses industriais, em sua maioria produções hollywoodianas, como percebemos ainda nos dias atuais. Contrapondo esse estilo de se fazer cinema e criando novos valores estéticos, um grupo de diretores, críticos, entusiastas que entendiam e gostavam de fazer cinema, proporam uma nova perspectiva crítica e botaram em prática o que se tornou uma grande aventura de criação e de muitos desafios.
Surge o Cinema Novo, o movimento liderado por grandes nomes do cinema como Glauber Rocha, Nelson Pereira dos Santos, Joaquim Pedro de Andrade, Carlos Diegues, Paulo Cesar Saraceni, Leon Hirszman, David Neves, Ruy Guerra, Luiz Carlos Barreto e muitos outros.
Com uma proposta de cinema realista, o cinema novo reuniu a cultura nacional brasileira e os problemas de uma nação subdesenvolvida. Misturando política e poesia, o movimento foi ganhando destaque no meio cinematográfico e colocou o Brasil no mapa do cinema mundial. Suas influências eram marcadas pelo Neo-realismo italiano e pela Nouvelle Vague francesa.
Seguindo os passos do pai, o diretor do documentário, Eryk Rocha, buscou retratar essa bela época de ouro do cinema brasileiro, de qual seu pai foi um dos precursores, com bastante leveza e poesia. Eryk estudou cinema na Escola San Antonio de Los Baños, em Cuba, onde realizou seu primeiro longa, “Rocha que voa” (2002), onde reunia duas longas entrevistas sobre cinema e cultura na América Latina, gravadas por seu pai Glauber Rocha, achadas em arquivos. Desde então não parou de filmar, ganhando diversos prêmios em importantes festivais de cinema. Sua carreira cinematográfica tem principal destaque por seus documentários.
Em Cinema Novo, Eryk retratou os maiores nomes do movimento, detalhando como foi criá-lo, suas idéias, motivações e desafios. Misturando cenas de filmes clássicos que ficaram marcados pelo movimento como, Deus e o Diabo na Terra do Sol (concorrido em Cannes), Macunaína e muitos outros e depoimentos de mestres que mudaram o nome do cinema nacional brasileiro, o documentário nos mostra o desejo e a paixão que os levou a criar uma nova forma de se fazer cinema, sem alienação, apenas com “uma câmera na mão e uma idéia na cabeça”, como dizia Glauber.
A estética do movimento Cinema Novo, como pode-se perceber no documentário, era bem real, sem luxo ou muitas intervenções, com uma linguagem despojada, retratava-se o que se via, muitas, filmadas em preto e branco. Nos faz refletir que é possível unir o cinema com temas político sociais de uma forma poética e inspiradora.
O documentário sobre o movimento que revolucionou o mundo do cinema foi ganhador do Prêmio ‘Olho de Ouro’ em Cannes, como melhor documentário e tem estréia prevista para dia 3 de novembro. ‘Cinema Novo’ nos remete a uma verdadeira aula de cinema.
Por Bruna Tinoco
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