“Cinzas e Café” é um filme transformador
Um curta metragem tem sempre um desafio quase impossível: passar uma mensagem em um tempo basicamente pequeno, menor que 30 minutos. “Cinzas e Café” consegue fazer isso muito bem.
Com uma vibração mais poética, o filme conta a história de quatro amigas que são surpreendidas pela notícia da morte de uma delas. Decididas a fazerem seus últimos momentos como quarteto valerem a pena, Julia, Vanessa, Barbara e Antônia passam por seus dramas e momentos felizes, mostrando que a vida deve ser atemporal, divertida e a morte não deve limitar isso.

É uma bonita reflexão sobre a existência, a amizade, o que tem ou não tem importância. Cada uma oferece seu apoio de uma maneira e são apoiadas em troca. É um bonito retrato de que amizades femininas podem existir sim e serem verdadeiras, sensíveis e sutis.
O pano de fundo do filme não poderia ser mais bonito: o Rio de Janeiro é o cenário ideal para a história. Com um bom enquadramento, o filme consegue passar uma sensação de reflexão ainda mais forte com as escolhas feitas para sua gravação. Sem dúvidas nenhuma, o Rio é um daqueles lugares de beleza natural instantânea e que diferentes pessoas podem arrancar diferentes visões dele. É uma fonte inesgotável de poesia.
O roteiro é simples e até mesmo um pouco clichê, mas é a forma como é trabalhado e a sintonia que três das quatro protagonistas construíram que faz com que sejamos captados por essa história. As atrizes responsáveis por Vanessa (Michele Capri), Barbara (Helga Nemeczyk) e Antônia (Adriana Rabelo) defendem bem suas personagens e entregam uma atuação com completa sintonia entre elas. Já a personagem Júlia, talvez por ser a que mais exige de uma carga dramática e memórias emotivas difíceis de serem feitas, deixou um pouco a desejar.
Daniel Gravelli, responsável pela direção e roteiro entrega um curta sutil, até com um ar lúdico e com uma visão pouco comum sobre a vida e a morte. Ainda que opte por alguns momentos bastante óbvios e saídas fáceis, ele consegue mostrar um olhar muito bonito sobre o tema do filme. As escolhas que faz em relação a direção faz com que o filme não caia em um senso comum e o tornam memorável.

Marya Cecília é goiana de nascimento, mora em São Paulo há seis anos e ainda assim não consegue lidar com o clima 4 estações em um dia que rola nessa cidade. Tem umas manias esquisitas, tipo ver um filme que gosta várias vezes, mas esta tentando lidar com isso (ou não). Falando nisso, ela não faz questão nenhuma de ser normal, então podemos apenas seguir em frente!
