“Elas por Elas” poderia ser fantástico, mas fica no meio do caminho
Filmes que possuem em sua fórmula diversos contos com personagens diferentes, mas que se conectam entre si, é sempre muito bem-vindo para diferenciar e chamar a atenção do público. “Relatos Selvagens” de 2014, dirigido por Damián Szifron, por exemplo, mistura suspense e tensão com um toque de comédia em suas narrativas.
Diferente do argentino, “Elas por Elas” mostra diversas visões femininas na direção com contos produzidos e protagonizados por mulheres. Contos que se inspiram no dia a dia de uma mulher ou que são baseados em casos reais de superação. E, no papel, a ideia é ótima. Claro, é sempre bom quando essas histórias são contadas e feitas por uma mulher para uma outra mulher. Mas, infelizmente, o longa se perde com a falta de conexão das personagens com o público e histórias não tão interessantes, estas mesmo por falta de ligação com quem está assistindo.
Há uma diversidade em seus sete contos, mostrando a realidade de mulheres estadunidenses, italianas, japonesas e até indianas. Chega até ser alentador ver sete diretoras trabalhando em conjunto (Silvia Carobbio, Catherine Hardwicke, Taraji P. Henson, Mipo Oh, Lucía Puenzo, Maria Sole Tognazzi, Leena Yadav). Mas para ser animadora, as histórias precisam ser profundas, e somente duas delas foram.
Na história “A week in my life” (Uma semana na minha vida), dirigido por Mipo Oh e protagonizado pela Anne Watanabe, o público acompanha uma mãe solteira que precisa conciliar o trabalho com as tarefas da casa e os cuidados dos seus dois filhos. É uma história comum, mas cansativa. Você se cansa por essa mãe. E o final até emociona já que mostra o carinho dos filhos pela sua mãe, mesmo quase não tendo tempo para lazer. Já a outra história se chama “Unspoken” (Tácito), pela diretora Maria Sole Tognazzi e interpretada pela Margherita Buy. O filme explica que o termo “tácito” é aquilo que se entende sem que seja preciso exprimir por palavras. Baseado em uma história real, esse conto narra uma vítima de violência doméstica. É forte, doloroso. Além de suas histórias, a parte técnica de “Elas por Elas” não tem nada de inovador. Não é cativante e nem deslumbrante. Não há muito o que falar.
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É triste que um filme dirigido por sete diretoras, com histórias sobre mulheres contadas por elas e para elas, seja tão raso. Poderia ser mais. Poderia inovar com esse formato de conto que já é promissor. Poderia trabalhar mais nos detalhes, na narrativa para que essa conexão chegue até o público feminino – e o público masculino, por quê não? Mas “Elas por Elas” fica no meio do caminho, carregando somente uma ideia boa que não teve uma execução tão boa assim. O filme até chegou a ser indicado ao Oscar 2023 de Melhor Canção Original por “Applause” de Diane Warren, que é uma música bonita diga-se de passagem. É uma pena.
“Elas por Elas” terá mais uma sessão no Festival do Rio e será exibido nos cinemas brasileiros a partir do dia 19/12, com distribuição da A2 Filmes.
* “Elas Por Elas” foi visto durante o Festival do Rio 2023.
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