Com 100% de aprovação da crítica no Rotten Tomatoes, Heartstopper traz uma visão refrescante para os romances “coming-of-age” e levanta questões sobre conteúdo teen e representatividade LGBTQIA+.
A série acompanha Charlie Springs (Joe Locke) e Nick Nelson (Kit Connor) em suas vidas colegiais, relações com amigos e professores, sentimentos aflorando e seus medos. A premissa parece simples e batida no papel, mas, na prática, a série dá um giro de 180 graus e se transforma numa história apaixonante.
Durante a série, temos Charlie como foco principal, jovem gay assumido, tentando sobreviver no colegial sem arrumar problemas para si, que acaba conhecendo Nick, jogador de rúgbi hétero com quem faz dupla em sua turma. Girando em torno dos dois e suas devidas histórias, Heartstopper perpassa por diversos arcos com outros personagens da trama, como, por exemplo, Elle (Yasmin Finney), Tao (William Gao) e Isaac (Tobey Donovan), amigos de Charlie.
Como de costume, adaptações não seguem estritamente a obra original da qual foram inspiradas (especialmente adaptações da Netflix), o que, de fato, acontece com Heartstopper. A adição de dois novos personagens, Isaac e Imogen (Rhea Norwood), e a exclusão de alguns personagens originais da trama causaram confusão sobre o rumo que a série tomaria.
Porém, nem tudo ficou pelo caminho. Essas decisões ajudaram a narrativa principal a ter uma melhor construção, arcos serem bem desenvolvidos e dar mais tempo para o espectador acompanhar as sutis transições de um arco para outro.
Em contrapartida, a série peca ao adicionar um personagem que pouco adiciona na história e mal possui 10 falas ao longo da temporada. Isaac parecia ser uma boa escolha para substituir outro personagem, mas não foi bem o que rolou.
Baseada na webcomic homônima, a série trata de muitos tópicos sensíveis, não só sobre vida escolar, mas, também, sobre sexualidade, sentimentos e preconceito. Então, deixo um Aviso de Gatilho para homofobia, abusos, chantagem e bullying.
Heartstopper traz uma vasta representatividade queer em seus personagens e, ainda sim, nem todos foram explicitamente confirmados (ainda). Nesse sentido, muitas das cenas da série retratam a relação do jovem LGBTQIA+ com o mundo, especialmente sobre a importância de redes de apoio quando são enfrentadas por pessoas preconceituosas e não os entendem.
Algumas cenas, ainda que pesadas, tocam em assuntos importantes para esse grupo de forma leve e bem intencionada, respingando em uma crítica social sobre homofobia, lesbofobia, transfobia e apagamentos.
Por outro lado, existem cenas super relevantes, no sentido de “não há problema em estar confuso”, “não há problema buscar fontes para se entender”, “você pode se abrir com seus amigos”. Assim, o processo de descoberta da bissexualidade de Nick serve como um farol para jovens que podem estar a passar pela mesma situação.
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Por fim, a série não reinventa a roda e traz aquele sabor doce de “tudo dá certo no final” com o casal Charlie e Nick se formando, porém dá uma repaginada no que conhecíamos do gênero (e da plataforma Netflix), trazendo um novo respiro de esperança para séries teen que, de fato, apresentam adolescentes que se parecem adolescentes, com problemas apropriados para suas idades e, de quebra, sem serem obcecados por sexo (Elite, estamos falando diretamente com você!).
Heartstopper é uma série bem leve e gostosa de assistir, sendo uma maratona super agradável de, no máximo, umas 4 horas. Já podem programar para o próximo fim de semana, pois a temporada completa de oito episódios já está disponível na Netflix.
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