Enfim chegou à Netflix a primeira parte da aguardada última temporada de “La Casa de Papel”. O grupo de assaltantes mais amado do universo das séries começou a jornada de despedida dos fãs com bons momentos e alguns tropeços como veremos na crítica a seguir: [O TEXTO CONTÉM SPOILERS]
Muita ação e menos reviravoltas
O roteiro de Álex Piña tomou uma direção bem diferente das temporadas anteriores. Agora, além de um confronto ou outro com tiros, lutas e explosões, temos dois episódios inteiros de ação. A escolha foi muito acertada, já que após mais de 100 horas dentro de um banco, com a nova liderança de Lisboa e sem contato com o Professor, acontece o óbvio e o grupo precisa agir de acordo com o que tem. E nem sempre o que se tem é estratégia.
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A decisão de investir em ação deu certo, mas nem tudo são flores no roteiro dessa primeira parte da temporada final. O primeiro ponto a criticar é o excesso de flashbacks. Sabemos que é um recurso muito usado em despedidas. E desde as primeiras palavras de Tóquio no primeiro episódio passando por uma dezena de flashbacks longos com René, seu grande amor do passado, já dava para prever que ela morreria. Foi muito anticlímax. No entanto, os de Berlim com seu filho Rafael são bem mais interessantes e instigam a curiosidade sobre como ele entrará na trama.
Fizeram falta também algumas reviravoltas. Entendemos que às vezes é preciso quebrar uma dinâmica para não cansar o espectador. Contudo, fica difícil entender alguns furos incríveis que acabaram aparecendo. Como um estrategista do nível do Professor não vai pensar sequer em um código para que o grupo saiba o que acontece com ele? Sierra é maravilhosa mas as peripécias dela às vésperas de dar à luz soam um tanto quanto ridículas. Ou seja, além do problema já conhecido da enrolação, temos um assalto que está se transformando em galhofa.
Elenco afinado e direção de primeira
O ponto alto da série sempre foi o excelente trabalho de atuação. O elenco coeso consegue abraçar com muita competência um roteiro que privilegia muito mais a ação, sem perder a intensidade dramática característica dos personagens. Os diálogos continuam se alternando entre o desespero e os momentos de descontração e alfinetadas entre o grupo, sem exageros. Fica até difícil apontar um destaque de tão interessante que está o trabalho deles.
A direção está impecável. A escolha dos ângulos são tão bonitas que você consegue se ver dentro da série. Aproxima e afasta os personagens, te coloca na linha de tiro junto com eles. Com tantos tiros e explosões, a atmosfera é tomada por fumaça constantemente com fundo musical para completar a dinâmica. Tem ritmo. Tem fotografia incrível também. Enquanto nos flashbacks é tudo claro, ressaltando todas as cores, dentro do banco e no esconderijo do Professor temos quase um contínuo em tons mais escuros.
Por fim, vale destacar também que a saída de Tóquio é mais um banho de água fria nos fãs. Fica difícil achar bom que o grupo chegue ao final da jornada sem Berlim, Nairóbi e agora Tóquio. Estamos quase vendo um Game of Thrones versão heist, que se livra de personagens queridos e permite que outros que ninguém aguenta mais – como Rio e Arturo – sigam na trama. A expectativa pela conclusão da história de “La Casa de Papel” em dezembro se mantém alta, mas sem o mesmo entusiasmo do final da quarta temporada.
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Precisamos de uma releitura de Goonies!!!