Após mais de 20 anos da tragédia que tirou a vida de Dinho, Bento, Júlio, Sérgio e Samuel, o filme que conta o efêmero estrelato da banda Mamonas Assassinas chega ao cinema. A equipe do longa tinha em mãos a importante missão de contar a história dos cinco integrantes de um dos grupos musicais mais emblemáticos do Brasil.
Apesar da carreira breve dos Mamonas, ela foi repleta de momentos, músicas e shows marcantes. Tanto os fãs que acompanharam a trajetória na década de 90, quanto as novas gerações que cresceram escutando as músicas de carisma inigualável, aguardam ansiosamente por este filme. E assim que o trailer atingiu as redes sociais, a comoção foi absurda. A caracterização feita para o elenco foi o principal motivo, e não é de se surpreender, a semelhança é assustadora.
Mas, infelizmente, as qualidades do longa param por aí. Através de uma narrativa insípida e uma montagem caótica, o filme de Edson Spinello comete graves erros na tentativa de homenagem aos Mamonas Assassinas. O projeto tenta abraçar todos os detalhes da carreira musical e da vida pessoal dos integrantes, mas perde um tempo precioso com arcos extremamente fúteis, que tomam grande parte do tempo de tela. Pequenos relatos que poderiam ser incluídos em uma única cena tomam proporções absurdas, enquanto os shows da turnê e as apresentações em programas televisivos se tornam pequenos inserções que vez ou outra aparecem aleatoriamente nas sessões de estúdio da banda.
Nenhum plano se sustenta por mais de três segundos em tela. Assistir ao filme provou-se uma experiência agoniante, quase como acompanhar um confuso jogo de tênis de mesa. Além disso, muitas vezes se utilizava takes repetidos, tanto de imagem de arquivo quanto das próprias gravações. O resultado final é pavoroso.
Um roteiro rico em detalhes muito pouco interessantes
O ritmo é excessivamente acelerado, e, ao tentar incluir tudo, o filme acaba negligenciando um dos cinco integrantes. Muito pouco é mostrado de Bento, que deve ter ao máximo 5 curtas falas no longa inteiro. Ainda focado no compasso absurdo do filme, momentos que seriam emocionantes acabam passando batidos, sem nenhuma construção sólida para que elas se desenvolvam.
Agora, o pior equívoco cometido pelo projeto como um todo é sua mixagem de som. Como conseguiram distorcer as músicas dos Mamonas Assassinas daquela forma? O dinheiro que poderia ter sido destinado a um melhor montador ou até para a produção em si são destinados a uma estranha regravação das músicas do grupo musical. Pra quê? Todos nós conhecemos as músicas; sabemos que estamos assistindo a um filme. Qual a necessidade de investir numa regravação quando já se possui as músicas originais?
E no meio dessa confusão, podemos garimpar alguns momentos de brilhantismo do elenco principal. Ruy Brissac é impecável na sua interpretação de Dinho. As imitações e os trejeitos de fala do cantor estão presentes de forma marcante. Ainda estamos falando dos Mamonas Assassinas, é muito difícil não se comover com a história de sucesso repentina dos eternos moradores de Guarulhos. E a dedicação dos atores, que visivelmente estão tentando, mesmo que não muito bem instruídos, conseguem transmitir o carisma da banda.
Mas, cá entre nós… espero que outro filme sobre os Mamonas seja produzido em breve.
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