Houve, alguns anos atrás, um aumento significativo da quantidade de lançamentos literários de universos distópicos. Diferentemente de clássicos como “Admirável Mundo Novo” ou “1984”, tais livros tinham o público infanto-juvenil como alvo. É dessa leva que sagas como “Divergente”, “Jogos Vorazes” e “Maze Runner” surgem, compartilhando grande lista de semelhanças entre si. “Maze Runner – A Cura Mortal” é então o terceiro filme de uma saga que vem sendo lançada nos cinemas desde 2014 e conclui a jornada iniciada em seus antecessores.
Acompanhamos a missão que Thomas toma para si ao invadir, junto com seus amigos, a última grande cidade que resta naquele universo. Eles deverão salvar seus amigos e lutar contra os ameaçadores planos da CRUEL, que trarão graves consequências para a humanidade. Parece e é, de fato, clichê. Se temos um mundo que já não é muito original por natureza, tornam-se inevitáveis as consequências para o seu desenvolvimento. Dessa forma, o roteiro aposta em momentos e viradas dramáticas que quase nunca funcionam, dependendo de uma prévia construção eficiente da narrativa que não aconteceu. Tampouco existem personagens com muitas camadas, sendo quase todos fracos e sendo, muitas vezes, atrapalhados pelas atuações do elenco.
Importante colocar que há alguns atores talentosos no longa, mas que por fatores externos a eles próprios, acabam por sofrer com isso. Aidan Gillen, de “Game of Thrones” talvez seja a personificação disso. Mau desenvolvimento e pouco tempo de tela é um pouco do que ocorre aqui, fora os personagens que servem praticamente como figuração. Não há coesão nos grupos apresentados, sejam eles de heróis ou de vilões.
Os cenários e ambientação são, no máximo, funcionais. O CGI incomoda quando é usado, mas felizmente não é extrapolado em quantidade, enquanto o resto do que tange a esses aspectos passa longe de ser inventivo. Ainda assim, boas referências como a de “Mad Max” são claramente notadas. A primeira cena, por exemplo, se monstra com inspiração forte nessa franquia, e é uma boa abertura para o filme. Parte dele se passa em ambiente urbano, com forte apelo tecnológico, o que pode remeter a “Blade Runner”, inclusive também pela sonoridade do nome de ambas obras. É lamentável, portanto, que mesmo as boas referências não consigam trazer alguma originalidade e qualidade ao que “Maze Runner” se propõe, preferindo optar pelo básico, pelo convencional.
Há de se dizer, no entanto, que a ação do filme flui de forma razoável. Várias grandes cenas de proporção épica são entregues, e são bem filmadas por mais que se encontrem em quantidade excessiva aqui. O caos e a noção de que a destruição se instaura são perceptíveis, mas nada que chegue a chamar atenção para si. Os tons avermelhados e fortes que a projeção ganha em seu clímax são particularmente bonitos e refletem isso.
“Maze Runner – A Corrida Mortal” não é um filme que carrega problemas por responsabilidade própria. Eles existem, mas vêm daquilo que já existia da franquia no cinema e também de seu material fonte. É um bom exemplo da má qualidade que essas obras literárias genéricas de ficção fazem, e fizeram no que diz respeito às distopias. Seu maior erro é subestimar quem a consumirá, como se crianças e adolescentes fossem apenas capazes de receber produtos com qualidade menor ou complexidade reduzida.
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