“Meu Nome é Gal” relata o início da carreira de Gal Costa, que se tornaria uma das vozes mais potentes da música brasileira. O filme também aborda seu envolvimento com o movimento Tropicália durante a Ditadura Militar nos anos 60 e suas relações com figuras como Caetano Veloso, Gilberto Gil e outros ícones da música brasileira.
Gal Costa é interpretada pela atriz Sophie Charlotte, que mostra o total desinteresse pela figura da cantora. Não é culpa dela do filme fracassar, mas a sua interpretação mostra o quão a atriz se coloca indiferente ao que acontecia à sua volta. Além disso, o filme apresenta problemas de som, com a dublagem de Sophie sendo mal executada, revelando um erro de direção amadora.
Até mesmo no quesito estético, o filme não consegue manter sua integridade em nenhum momento. Sendo que é de extrema importância que a direção esteja em sintonia com o simbolismo de Gal Costa e o movimento da Tropicália, especialmente durante os tempos difíceis da Ditadura Militar. Além disso, a direção retrata da forma mais pejorativa possível as figuras da música brasileira.
Também é necessário enfatizar a infantilidade do roteiro de “Meu Nome é Gal”. Constantemente, os personagens idolatram Gal sem parar (literalmente, 90% dos diálogos servem para elogiá-la, como se o filme estivesse tentando reforçar que é uma homenagem a ela). No entanto, o filme não apresenta um momento em que esses elogios são correspondidos pela própria figura de Gal. O que adianta falar tão bem de alguém e, no próprio filme, não mostrar nem 1% de seu talento?
Para os fãs de imagens de arquivo e uma boa trilha sonora, o filme se sustenta simplesmente nisso. Se o espectador leigo sobre música brasileira for assistir esse filme, sairá apático, sem nem querer saber que figura foi Gal Costa, tamanho o desserviço de como sua figura foi trabalhada na forma mais prepotente e preguiçosa possível.
Não bastando todos os problemas já apresentados, a direção faz questão de enfatizar planos e mais planos da cintura para baixo de Gal como um ser sexual andante à todo momento. O filme se concentra mais na representação de uma mulher inocente passando por uma metamorfose em meio a um movimento musical do que na evolução de uma desconhecida para a sua presença marcante na MPB que é Gal Costa.
Acredita-se que por esse motivo, a interpretação de Sophie não saísse do básico, porque nada a sua volta consegue funcionar. Ela mal tem espaço na tela para desenvolver sua personagem e explorar seu significado na história da música brasileira. O trabalho de interpretação do resto da equipe também não ajuda muito a obra que, já nem sabe se quer falar de Gal, ou sobre o que foi a Ditadura (Sim, as consequências da Ditadura Militar tem mais espaço do que a Gal em todo filme).
É necessário falar o quão triste é o desenvolvimento do personagem de Caetano no filme. Ele é mostrado como um garoto surtado e explosivo a quase todo momento. No entanto, o que se salva no elenco é o empresário Guilherme, interpretado pelo ator Luis Lobianco, que é o alívio cômico da obra e consegue funcionar na maior parte do tempo.
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“Meu Nome é Gal” é uma obra amadora, rasa e imatura, projetada principalmente para vender emoções superficiais aos fãs da cantora e àqueles que viveram a época da Tropicália. É uma homenagem tão fraca que não faz nem cosquinhas nas unhas dos pés comparado à grandeza da presença simbólica de Gal Costa no palco.
* “Meu nome é Gal” foi visto durante o Festival do Rio 2023.
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