Por boa parte do público, o cinema brasileiro é visto como algo menor, sem credibilidade. Não é raro ouvirmos que um filme é “nacional, mas ótimo” quando é de boa qualidade, o que denota ideia implícita de que o fato de ser brasileiro é quase oposto a qualidade da obra. Nesse sentido, o que apoia tal concepção é a quantidade de comédias genéricas feitas com grande verba que contam com famosos atores e que normalmente geram alta bilheteria e resposta positiva da audiência.
Infelizmente, “Minha Vida em Marte” é só mais um exemplo desse conjunto de longa-metragens. Apoiado no papel coadjuvante do fraco Paulo Gustavo, o roteiro segue uma história típica de divórcio através do ponto de vista da mulher do casal. Ainda que o prisma seja dela e que Paulo Gustavo esteja em tela como protagonista, é importante ressaltar que sua atuação procura roubar as cenas o tempo todo, e não de forma orgânica e espontânea. O que se estabelece no filme é mais um personagem absolutamente repetitivo e tão estereótipo quanto os outros do comediante, que também não é ajudado por conta dos outros personagens do filme que são tão fracos quanto. O elenco conta com nomes fracos, mas com papéis que não os ajudam na medida em que tudo é muito superficial, não há camadas aqui mesmo que se trate de uma comédia.
Ainda nesse sentido, o roteiro se mostra preguiçoso e parece ter sido escrito de qualquer forma. Em alguns momentos, sequências em Nova York ou locações paradisíacas são feitas, o que só parece estar presente para comprovação do valor de produção que existe em “Minha Vida em Marte”, inevitavelmente. São partes tão aleatórias e gratuitas quanto algumas escolhas de rumos que a trama segue, optando por antes criar situações para existirem piadas que o contrário, o que seria de se esperar dentro de uma boa comédia. Dessa forma, não é de se esperar que o fim seja abrupto e confuso para o espectador, que não tem nenhum clímax ou resolução satisfatória para o que acaba de assistir. A obra possui texto, linguagem audiovisual e caráter estético de novela, de filmes televisivos de baixa qualidade.
As atuações, procurando se apoiar em grandes nomes conhecidos no audiovisual brasileiro, falha ao entregar personagens absolutamente rasos e caricatos. Parte desse problema, no entanto, acaba vindo do roteiro que já não ajuda os atores naquilo que apresentam em cena. Há vários personagens vividos por renomados atores, inclusive, que fazem praticamente uma ponta no longa, função não distante de uma figuração. Dessa forma, mesmo os talentos que existem dentro da produção se tornam ofuscados pelo foco do filme, pelo que ele desenvolve e como desenvolve. Não teria como grande elenco ou mesmo competentes nomes por trás das câmeras salvarem uma história ruim, acarretando numa enorme bola de neve aqui.
Por fim, “Minha Vida em Marte” parece ser questão de seguir a fórmula que segue e ter os problemas que tem. Em realidade, faz isso pois tem ciência do que é e sabe que, em termos financeiros, há grande retorno de investimento e é empreendimento seguro. Não acrescenta nada e só ajudará a dar voz aos tantos que não levam fé no cinema nacional. Aqueles que buscam diversão descomprometida e sem muito conteúdo, porém, devem se satisfazer com o longa.
Fotos e Vídeo: Divulgação/Paris Filmes
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