A Grécia foi o berço de muitas coisas que nós conhecemos hoje, como a democracia, o Teatro, várias histórias modernas foram baseadas em suas lendas. No entanto, o país se viu mergulhado na grave crise econômica que assolou o mundo nos últimos tempos. E é exatamente enfrentando isso que os protagonistas de Mundos Opostos são mostrados.
Três gregos legítimos conhecem três estrangeiros que têm seus países bastante envolvidos na recessão pelo qual a Grécia atravessa. Niki Vakali estuda política e se apaixona pelo refugiado sírio Farris. Giorgios é um funcionário de uma empresa que sofre com a instabilidade financeira e se apaixona pela financista responsável por ajustar o local em que trabalha demitindo funcionários. Maria é uma mulher de meia idade presa a um casamento que já morreu e encontra um novo olhar sobre a vida junto ao professor aposentado alemão Sebastian.
Com todos os personagens vivendo o noticiário, onde a Grécia quebrada não recebe apoio dos países mais ricos europeus e veem milhares de refugiados chegarem a suas ruas o tempo todo, os seis se envolvem nesses romances pouco convencionais e que fazem ligação com diversas lendas gregas sobre romances quase impossíveis como o imortal Eros e a mortal Psiquê.
Ainda que pareçam pequenos curtas que só tenham o país como ligação, cada romance sofre pelo mesmo motivo: a impossibilidade de permanecerem juntos. Tal como a famosa lenda sobre o casal entre um deus e uma humana, que é lembrado em vários momentos, aqui temos gregos e estrangeiros, casais que deveriam ser improváveis, mas acabam por se apaixonarem e as histórias têm sim mais ligação entre si que apenas o local e uma lenda.
O roteiro não deixa de mostrar em nenhum momento a quebra econômica pela qual a Grécia está passando. E é no meio de todo esse momento doloroso que os casais se apaixonam. E, claramente, sofrem porque estão em times opostos nesse jogo. Ainda assim, é impossível não se envolver e torcer por eles, para que tudo saia bem.
Christoforos Papakaliatis e Andrea Osvárt fazem o casal adulto da drama. Com personalidades completamente opostas, eles logo se atraem e entregam-se. A química entre os dois atores funciona muito bem e eles se ajustam perfeitamente em cena. Niki Vakali e Tawfeek Barhom são o casal jovem e ambos estão muito bem. Eles representam pessoas que ainda estão amadurecendo, que se descobrem e sonham juntos e ambos conseguem passar muita veracidade. J.K. Simmons e Maria Kavogianni são o casal maduro e, além da verdade cênica, ambos são muito carismáticos, cria-se uma empatia quase imediata por eles. Outro ator que merece destaque é Minas Hatzisavvas como o frustrado e extremista Antonis, que aparece com grande poder constantemente em todas a histórias.
A fotografia equilibra-se entre cenas que mostram a Grécia tropical, com filtros calorosos, e momentos um pouco mais sombrio, ainda que nada que seja irregular a trama. Os momentos são tristes para os personagens, não é como se toda a cidade escurecesse repentinamente.
Christoforos Papakaliatis tem um grande desafio. Gigantesco. Basicamente ele puxou para si o projeto: além de um dos protagonistas, ele é diretor, roteirista e produtor do filme. Normalmente, quando se tem uma pessoa cumprindo tantas funções dentro de um projeto, acaba-se tendo alguma área com um sério problema, mas aqui não é o caso. A direção faz um ótimo trabalho, entregando um produto sensível e que equilibra com perfeição a parte técnica, o roteiro e dá espaço para grandes atuações.
Mundos Opostos estreia dia 01 de dezembro em todo Brasil.
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