Com “Não! Não Olhe!”, o cineasta Jordan Peele apresenta o seu melhor filme em termos de direção, já a trama principal e a secundária podem dividir opiniões.
“Não! Não Olhe!” é ambientado nos arredores de Los Angeles, Vale de Santa Clarita, no sul da Califórnia. Otis Haywood Sr. (Keith David), criador e domador de cavalos lendário na indústria cinematográfica, morre misteriosamente logo no começo do filme. Os irmãos OJ Haywood (Daniel Kaluuya) e Emerald Haywood (Keke Palmer) então herdam o rancho de seu falecido pai.
Apesar de seus dons e da arte de sua profissão, os irmãos enfrentam desafios financeiros e o desgosto perante à atividade rural e pecuária. Próximo ao rancho deles, existe o Jupiter’s Claim, um parque temático familiar e zoológico baseado em uma história e estética da Corrida do Ouro da Califórnia. O parque é propriedade de Ricky “Jupe” Park (Steven Yeun). Jupe é um ex-astro mirim famoso pelo terrível escândalo que apareceu em todas as manchetes dos tabloides no qual ele passou a vida toda tentando se livrar.
OJ e Emerald começam a presenciar fenômenos desconhecidos em seu rancho que os leva a uma investigação por conta própria, fazendo com que ambos desenvolvam meios para filmar e registrar cada momento do mistério com a ajuda de Angel (Brandon Perea), um jovem funcionário de uma empresa de instalação de câmeras de segurança. Para possibilitar o registro do fenômeno, através de estratégias muito bem elaboradas e bem arriscadas, acabam colocando em risco a única coisa que eles realmente têm: o negócio de seu falecido pai.
O filme é dividido em capítulos e linhas de tempo com flashbacks, e tem um primeiro ato bem demorado para engrenar, o que pode levar a acreditar que esse ato será uma subtrama para o que realmente está por vir. Mas a partir de uma cena específica tudo muda, e a obra começa a receber tons misteriosos, tensos e até impactantes. É nítida a paixão de Peele pelo cinema, principalmente durante o primeiro ato quando vemos o protagonista nos bastidores de uma gravação cinematográfica, e na solução encontrada para o protagonista registrar os fenômenos enigmáticos que estão ocorrendo em sua terra. O diretor ainda faz referências a filmes clássicos como “Contatos Imediatos de Terceiro Grau”, “O Iluminado”, “Guerra dos Mundos” e “Sinais”, e planos usados em filmes western.
“Não! Não Olhe!” investe na busca por provas concretas do fenômeno, uma verdade numa realidade fílmica onde as fakes news são os principais fatores que movem a narrativa. A revelação sobre o que está acontecendo é surpreendente, mas não ganha a devida importância, o que pode ser um dos motivos que fazem com que o filme tenha uma divisão de opiniões ao ser comparado com outros que abordam o mesmo tema. A proposta em si é interessante, mas o primeiro ato se torna meio que desnecessário, já que cria algumas expectativas em um momento específico do filme que faz com que seu restante vá em uma direção completamente diferente do que foi “empurrado” ao espectador. Tudo é muito frustrante, e “Não! Não Olhe!” acaba se tornando uma peça bem dirigida com uma proposta demasiadamente vazia.
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