Obra de John Carpenter, “O Enigma de Outro Mundo” é um jovem clássico dos anos 80, mas teve sua primeira versão lançada ainda nos anos 50, e é um dos maiores clássicos que mistura terror e ficção científica dentro de uma premissa tão simples. É a ideia ser tão boa e o filme ser tão direto ao ponto que carrega boa parte da eficiência do longa-metragem de Carpenter. O enredo por ele mostrado é cru quando é necessário e possui muito foco, determinando desde o princípio qual será o tom adotado e por quais caminhos a projeção se desenrolará, e mostra até influências do também ótimo “Alien”, que teve sua estréia alguns anos antes.
Tanto em “Alien” como em “O Enigma de Outro Mundo”, a ameaça é alienígena e a localidade onde a ação acontece é inóspita, deixando os personagens mais suscetíveis ao perigo e isolados também. O que John Carpenter consegue trazer, particularmente, é não apenas a temática do isolamento como manter o nível de tensão e perigo sempre muito altos. Depois que a dinâmica do vilão do filme é introduzida, o espectador é sempre induzido a desconfiar dos personagens e, com isso, o clima vai se tornando cada vez mais amedrontador e desconfortável.
Aliás, se falamos em desconforto, a estética gore adotada em muitos momentos, que hoje em dia até se aproximam do trash, é um dos pontos altos de “O Enigma de Outro Mundo” e uma das razões pelos quais tal filme é tão memorável. Se John Carpenter trabalha bem o suspense em tela, ele também o equilibra com eventos violentos que surgem, inclusive, em alguns momentos inesperados, o que torna tudo bastante imprevisível em alguma medida. O design de produção, aqui, não poupa esforços em criar situações que o público desviar o olhar da tela por instantes, numa lógica de tentar trazer para a realidade aquilo que não existe.
Outros aspectos são igualmente importantes para analisar a construção de “O Enigma de Outro Mundo”, começando pela inteligente opção de planos fechados e de baixa iluminação, contribuindo para a sensação desesperadora que sentimos pelos personagens. As cores escolhidas, que não saem muito do branco e do azul, conseguem através do monocromático denotar a falta de vida naquela situação e o tanto que ela é remota, ampliando a noção de falta de amparo ali. A Antártica do filme, bem como a base dos cientistas, pode não ser dos mais fiéis à realidade em termos de reprodução, mas são muito eficazes dentro da intenção que é colocada. O universo para que aquela narrativa possa existir de forma crível é muito bem instituído.
“O Enigma de Outro Mundo” é um clássico e deve ser sempre revisto como tal. É perfeito exemplo de que nem sempre produções com recepção imediata ruim por parte de crítica e de público são necessariamente ruins, e que podem ter sua imagem mudada ao longo do tempo. Ainda na atualidade, não é difícil perceber explícitas homenagens e referências feitas para esse clássico dos anos 80, o que reforça o quanto que ele ainda é capaz de conquistar diferentes gerações e realçar sua relevância.
Imagens e Vídeo: Divulgação/ Universal Pictures
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