Existe um clichê: se filmes de ação com homens mais velhos sempre tem alguém perigoso para eles se vigarem pela morte de um ente querido, já a mesma categoria com mulheres, usualmente, é sobre alguém sequestrando/raptando seus filhos e elas precisando resolver a coisa toda. Foi assim com Angelina Jolie em “A Troca”, com Jodie Foster em “Plano de Vôo”, com Julianne Moore em “Os Esquecidos”, e agora é assim com Halle Berry em “O Sequestro”.
O filme conta a história de uma mulher que está se divorciando do marido, com um filho pequeno. Para obter a guarda da criança, ela trabalha como garçonete. Em uma tarde de folga, ela decide ir com o menino ao parque e em uma distração ele some, fazendo-a partir para uma busca desesperada até encontrá-lo sendo colocado em um carro velho no estacionamento do parque.
Karla (Halle Berry) parte, então, em uma louca perseguição para não perder de vista seu filho, começando uma verdadeira corrida atrás do carro antigo que está com a criança dentro. Quando finalmente vai à polícia, percebe que se não fizer algo, se não continuar procurando loucamente seu filho, muito provavelmente vai perdê-lo para sempre, o que a mantêm focada em seu objetivo, mesmo que sozinha.
Filmes assim são extremamente clichês e, geralmente, o que os seguram não é o bom roteiro e sim as atrizes que estão neles. Jodie Foster, Angelina Jolie, Julianne Moore e Halle Berry são excelentes atrizes, com uma vasta carreira e muitos prêmios em suas prateleiras. É normal que quando marcam presença em filmes assim, os diretores as coloquem em primeiro plano, dando toda uma carga a elas, que viram responsáveis máximas pelo decorrer da obra.
O problema de “O Sequestro” é que, por melhor atriz que Berry seja, ela não o segura. Boa parte do filme ela passa sozinha, dentro do carro, perseguindo os sequestradores. Para um longa assim, o ator ou atriz tem que ter um carisma gigantesco, além do talento, e o da atriz falha, criando um pouco de antipatia de vez em quando. Não funciona ela falar sozinha o tempo todo, não funciona ela ficar gritando no meio do trânsito com motoristas alheios, não funciona ela conversar com o filho através de um retrato. Sim, por mais que se entenda o desespero, poderia haver outros métodos para mostrá-lo que não seja a personagem histérica. É complicado você sentir empatia e comprar o drama da personagem quando isso não é retratado da melhor forma possível.
Basicamente, o filme é apenas Halle Berry, uma atriz com várias produções, um Oscar, diversos prêmios e personagens memoráveis (e alguns esquecíveis também como o desastroso Mulher Gato). Berry não é uma atriz de ação, então é meio entendível que ela não saia lutando ou pulando de prédios durante o longa. Ela segura bem as cenas, a grosso modo, mas é muito tempo se mantendo alerta, muitas escolhas que não se justificam, muitos momentos em que ela é desperdiçada. Intuitivamente ela fez um bom trabalho, afinal, são anos como atriz, mas provavelmente fez sozinha, já que a direção pecou em vários momentos.
O roteiro é um clichê atrás do outro. É uma obra que na TV você até assiste, mas 5 minutos depois já o esqueceu e se dois dias depois ela reprisar, provavelmente assistiria novamente, sem se lembrar de qualquer sequência, entrando assim num círculo vicioso nada interessante para quem participou dessa produção. Não há nada relevante verdadeiramente na trilha sonora, na fotografia, na direção de arte ou na parte técnica do filme. Nenhuma coreografia bem montada, nenhuma cena memorável, nada que seja novidade. É um longa bem mediano.
Luis Pietro é um diretor espanhol com alguns filmes que tiveram certa relevância, até chegar ao cinema mundial com Kidnap, nome original desta película. Talvez, em outras obras ele tenha uma boa visão das coisas, afinal, já ganhou diversos prêmios por seus outros projetos, mas este realmente deixou a desejar.
O Sequestro tem data prevista de estreia em 14 de setembro deste ano.
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