Chega aos cinemas um filme daqueles bem arretados, de uma maneira que envolve momentos de comédia e ação. Talvez muito mais comédia e menos ação, mas ainda podemos perceber porque o diretor do filme pede para não repetirmos nada daquilo em casa!
“O Shaolin do Sertão” nos apresenta ao aficionado em artes marciais Aluísio Li, um cearense ingênuo, que quando não está sonhando acordado trabalha em uma padaria e é apaixonado pela filha do patrão, mas ela tem um noivo e o pai é um ‘cabra muito macho’.
Sem TV em casa (início da década de 80, TV ainda não era todo mundo que tinha), Aluísio nunca pôde ver o filme de luta que tanto idolatra, mas isso não o faz perder o desafio lançado pelo eficiente lutador de vale tudo, Tony Tora Pleura, que estará fazendo uma tour de lutas por diversas cidades e é o próprio Aluísio quem se dispõe a desafiar o lutador de vale tudo, mas antes precisa aprender a lutar de verdade.
O filme assume com orgulho a identidade de ser nordestino. Nordestino apenas não, de ser cearense. Filmado em uma cidadezinha do interior do Ceará, ele carrega essa marca sem tentar disfarçá-la, pelo contrário, assumindo-a com dignidade. A parte desse gene que carrega, também está bastante ligado as referências de lutas chinesas, principalmente ao Kung Fu. Talvez, o porém encontrado no filme seja, em alguns momentos, o ritmo e a repetição de piadas, mas nada tão grave assim.Voltando a fazer dobradinha com Halder (diretor do filme), está Edmilson Filho, que dá vida a Aluísio. A maior preocupação de Edmilson foi a de distanciar Aluísio de Francisgleydisson, de “Cine Holliúdy”. Aluísio é além de tudo uma pessoa que acredita em seus próprios sonhos, mesmo sendo chacota. Seu fiel escudeiro, Piolho (interpretado com graça pelo ator Igor Jansen), é um esperto menino que é um grande aliado de Aluísio. O rival do protagonista, Tony Tora Pleura, interpretado pelo lutador e ator Fábio Goulart, diverte como o vilão que às vezes se perde na luta contra seu rival cearense.
O filme ainda conta com Falcão como o chinês impostor professor de kung fu, que não sabe nada de nada, mas finge ser muito inteligente, fazendo divertidas citações atrapalhadas, Dedé Santana como o chefe e pai do interesse amoroso de Aluísio, Bruna Hamú, como a namorada platônica e Marcos Veras como noivo arrogante. Todo o elenco faz um bom trabalho no filme e o produto final é bem divertido.
A trilha sonora mistura o estilo de típicos filmes chineses de luta, mas o grande marco é mesmo a música regional cearense, que equilibra perfeitamente a comédia. A fotografia também é muito bem feita, especialmente com alguns enquadramentos que enaltece os lugares gravados.
Halder Gomes faz um bom trabalho com o que se propõe a fazer. Há nessa produção uma evolução notável ao primeiro filme dele e tudo caminha em perfeito equilíbrio com o que ele quer mostrar: atores, músicas, fotografia, a cidade, o povo… – “O Shaolin do Sertão” nada mais é que uma extensão dele mesmo que, se você não idealizar demais, acaba percebendo que o resultado é bem bacana.
O filme estreia dia 20 em todo Brasil.
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