Adentramos em um espaço lúdico onde o som de uma flauta faz a recepção do público que entra atento ao personagem que já se encontra em cena. A atmosfera delicada criada pela melodia e pela iluminação já nos dá uma pequena amostra do que esta por vir.
A iluminação assinada por Francisco Hashiguchi entra como somatória às cenas que vão sendo apresentadas. Em certos momentos, a luz entra compondo o cenário, que é bastante minimalista, e encaixa-se perfeitamente à performance do ator que é potencializada pelas formas e cores em momentos chave durante todo o espetáculo.
“O Sonho de Uma Flauta” é um espetáculo que nos instiga a embarcar junto ao ator/personagem por uma jornada mundo a fora em busca de auto-descoberta, de conhecer-se, entender quais são seus desejos e quereres longe do seu local de conforto: o lar. De um vilarejo ‘pequenininho’ como o próprio rapaz diz, para tantos lugares quanto sua vontade lhe permitisse levar. Portando apenas uma fiel escudeira, sua flauta, e uma infinidade de sonhos, ele segue os caminhos que bem entende permanecendo ou apenas passando rapidamente por eles.
A história é uma alegoria do rito de passagem natural do homem, quando deixa a adolescência para entrar na fase adulta. Os medos, anseios, saudades, alimentam a coragem que fazem romper as fronteiras que nós mesmos criamos para nos sentir seguros. A obra teatral é uma livre adaptação do conto homônimo de Hermann Hesse. A adaptação fica por conta do diretor Roberto Rodrigues e do ator Bruno Donaz.
Ressaltamos a atuação impecável do ator Bruno Donaz que, com a primorosa direção de Roberto Rodrigues, leva o público nas mãos de forma muito positiva e consegue manter um excelente ritmo durante toda a encenação. Sua performance conta com variados personagens muito bem delineados e bastante divertidos. Além de uma infinidade de sonoridades que dão um toque certo de comicidade às cenas. Uma preparação corporal bem elaborada pode ser percebida e acompanhada atentamente pelo espectador que se entrega a todas as imagens propostas.
A cenografia minimalistas não deixa a desejar em nada. Uma corda com um candeeiro são as únicas coisas que ocupam o espaço junto do ator e sua flauta. Palco limpo e ao mesmo tempo repleto, potencializando o trabalho de ator que foi realizado ali.
O espetáculo faz parte do repertório do “Grupo Surgiu Na Hora”, que é um coletivo de teatro, original de Nilópoles, que pesquisa sobre a arte da palhaçaria desde 2011, quando foi fundado. A adaptação, que já foi premiada com os Prêmios Taperá de Melhor Espetáculo e Melhor Ator, além do prêmio Moisés Allon de Melhor Ator, compôs a grade de programação do Festival Integrado de Teatro da Unirio – FITU – na semana que passou. Um festival que está em sua 5ª edição e vem se consolidando como parte do cronograma acadêmico da universidade. Se destacando por ser um festival proposto e realizado por alunos da própria universidade, que agrega espetáculos, cenas curtas, performances, shows e exposições realizados também por alunos da Universidade Federal do Rio de Janeiro – Unirio – para alunos, mas também aberto para o público em geral.
Mas para quem não conseguiu conferir a peça no FITU, fica ai a informação de que ela estará em cartaz na próxima semana dia 24 as 19:30 horas no teatro Serrador que fica localizado na Cinelândia, bem pertinho do metrô da Cinelândia, pois esta fazendo parte da programação da Mostra Solo Brasileiro que esta ocupando o espaço durante todo mês de Agosto.
Sem qualquer patrocínio, a Mostra é fruto da união de alguns atores e produtores e está oferecendo ao público uma programação bastante variada, composta por 13 espetáculos solo produzidos nos últimos anos no Brasil, além de oficinas gratuitas que já indicamos aqui também na Woo!Magazine. Caso você não tenha lido a nossa matéria, poderá lê-la na íntegra aqui. Um espetáculo imperdível que vale a pena você conferir.
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