Um dos longas de terror mais esperados de 2017 foi o infame “Olhos Famintos 3”, o terceiro capítulo de uma franquia que estava parada há quase 15 anos. Idealizado pela primeira vez em 2003, o projeto foi anunciado em 2006, mas teve sua produção iniciada apenas em 2015 e imediatamente teve destaque na mídia especializada, que trouxe à tona o passado de seu diretor e roteirista Victor Salva, que foi condenado a 3 anos de prisão por pedofilia, dos quais cumpriu apenas metade. O resultado disso tudo foi um dos filmes mais polêmico do ano, tanto pela sua história quanto pela sua qualidade.
O enredo de “Olhos Famintos 3” se passa entre os outros dois filmes, com o objetivo de amarrar as histórias e conectar os ataques do Creeper (Jonathan Breck). Por causa disso, a trama começa na delegacia onde acaba o primeiro longa, com o Sargento Davis Tubbs (Brandon Smith), incrédulo com a criatura sobrenatural que presenciou, se juntando a uma unidade especial criada pelo Xerife Tashtego (Stan Shaw) para caçar o monstro. Ao mesmo tempo, O Creeper começa a coletar vítimas em uma cidade rural pequena, iniciando uma perseguição aos jovens Buddy (Chester Rushing) e Addison (Gabrielle Haugh), essa última que é neta de Gaylen (Meg Foster), uma senhora que tem visões de seu filho – assassinado anos antes pela entidade – e busca entender a história e fraqueza da mesma.
Como pode-se perceber pela trama, o roteiro é problemático, principalmente por não ter um protagonista claro, dando o mesmo foco para diversos personagens que – no fim das contas – não têm muito o que fazer. Os diálogos também não têm sutileza nenhuma, com várias informações sobre os personagens sendo despejadas sem nenhuma naturalidade, além de referências óbvias e forçadas aos filmes anteriores da franquia. A própria estrutura do script, que constrói para um último confronto e uma revelação sobre o enigmático assassino, é parada nos trilhos no terceiro ato, com um final anticlimático e decepcionante.
Outro agravante é que o enredo não apresenta nada de novo e utiliza os mesmos clichês batidos de terror, como os jump scares que acompanham aparições do Creeper ou o carro que para de funcionar sem motivo nenhum. Até direção de Salva parece cansada do próprio filme e falha em criar tensão com sua previsibilidade e cenas tão absurdas que não é possível serem levadas a sério, como uma perseguição de carros que parece ter saído diretamente de um jogo do “Mario Kart”.
Assim como a história é mal feita e não leva a lugar nenhum, seus personagens também são desinteressantes. Muitos deles caem no estereótipo já ultrapassado de “pessoas burras em filmes de terror”, por exemplo, os jovens que conhecem a lenda do “Creeper” e ainda assim acham uma boa ideia vandalizar o caminhão dele. A grande quantidade de pessoas no enredo também prejudica, já que muitos deles são totalmente descartáveis e até mesmo cretinos, como o homem que parece existir apenas para falar frases polêmicas que podem ou não estar tentando justificar os crimes cometidos pelo diretor e roteirista.
Completando essa amostra de vergonha alheia estão os efeitos especiais que, em sua maioria, são realizados através de uma computação gráfica tão falsa que não estaria deslocada em um longa de tubarão do SyFy. A decisão de fazer a história se passar quase toda de dia, com uma fotografia bem clara, também deixa mais esses efeitos em evidência e até mesmo a maquiagem do Creeper, que é bem feita, perde o seu assombro quando vista tão nitidamente, o que faz com que o personagem ameaçador da franquia pareça mais um vilão de um episódio de “Power Rangers”.
Quase nada em “Olhos Famintos 3” é aproveitável, salvo algumas atuações tão exageradas que são divertidas e alguns detalhes do design de produção, principalmente no caminhão do assassino. Tirando isso, o longa é tão ruim quanto a sua reputação indica e é um dos maiores vexames cinematográficos desse ano.
“Olhos Famintos 3” está disponível na Netflix.
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