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Crítica

Crítica: Os Delinquentes

Com longas três horas de duração, o filme é dividido em duas partes bastante distintas entre si.

Imagem: Divulgação/Vitrine Filmes/Mubi

“Os Delinquentes” é o filme escolhido pela Argentina para representar o país na disputa pelo Oscar

“3 anos na cadeia ou mais 25 anos trabalhando?” Vivemos hoje em uma sociedade pautada no trabalho, que ao invés de dignificar o homem, apenas o deixa cada vez mais cansado, e que, de tanto produzir para os outros, nada produz pra si mesmo. Isso por que, após horas de trabalho, somente nos resta força para continuarmos mexendo em nossos celulares, arrumando mais coisas pra comprar com dinheiro que não temos, e por isso nos forçamos a continuar em trabalhos que odiamos, vivendo aglomerados nas grandes cidades. 3 anos, então, não se parecem tão ruins… Pautado nessa pergunta que você provavelmente deve estar considerando, Rodrigo Moreno realiza o seu mais novo filme, “Os Delinquentes”.

Imagem: Divulgação/Vitrine Filmes/Mubi

O longa-metragem conta a história de Román e Morán, que além de dividirem semelhanças nos nomes, dividem o mesmo local de trabalho. Morán, motivado a não ter que trabalhar mais, arma um plano envolvendo Ramón, e rouba dinheiro o suficiente para que os dois não tenham que se preocupar com gastos, desde que vivam uma vida simples. Enquanto Morán paga sua pena de 3 anos, Román fica encarregado de cuidar do dinheiro roubado.

Uma tragicomédia sobre uma tentativa de fugir de uma vida chata e miserável

Com longas três horas de duração, o filme é dividido em duas partes bastante distintas entre si. Durante a primeira metade, o filme possui um aspecto mais dinâmico, registrando o movimento e a aglomeração de Buenos Aires, além das horas de trabalho da dupla de bancários. Já na segunda metade, o filme assume um aspecto mais contemplativo, passando grande parte em uma cidade com o aspecto mais ruralizado da Argentina.

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Leia Mais: Crítica: Arte da Diplomacia

Seja na cidade ou no campo, a fotografia do filme, assinada por Alejo Maglio, brilha ao criar a atmosfera de ambos os locais, mesmo que utilizando de uma linguagem semelhante, onde captura belíssimos planos abertos com uma câmera que mantém distância dos personagens.

Imagem: Divulgação/Vitrine Filmes/Mubi

Outro aspecto que permeia todo o filme são seus diálogos excêntricos. Em meio ao caos implantado pelos personagens principais, as conversas tidas entre eles são muito divertidas, apelando para um humor pautado tanto na ironia quanto no absurdo das situações. Isso sem que o peso dramático do filme se perca, tendo um bom equilíbrio entre ambos, criando uma excelente narrativa tragicômica.

Román e Morán, interpretados por Esteban Bigliardi e Daniel Elías, respectivamente, são personagens muito interessantes e cativantes. Além de sermos complacentes com a sua dor de trabalhadores médios, ficamos intrigados em saber como eles irão executar um plano feito tão repentinamente que ao que tudo indica é destinado ao iminente fracasso. Cada passo dado pelos personagens, que muito seguem seus instintos ao invés de uma lógica realista, nos prende durante a primeira metade do filme. Sim, somente durante a primeira. Na segunda parte, como dito anteriormente, o filme adota um aspecto mais contemplativo, e momentaneamente deixa de lado o que estava nos prendendo até então, o bem dito roubo.

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O roteiro, então, se dá um tempo desnecessário, que se torna extremamente perceptível em um filme de 3 horas, fazendo com que sua duração realmente pareça um grande exagero.

* “Os Delinquentes” foi visto durante o Festival do Rio 2023.

Vídeo: Divulgação/Vitrine Filmes/Mubi

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Crítica: Os Delinquentes
Sinopse
Prós
Diálogos excêntricos com ótimo humor
Fotografia bem executada
Personagens cativantes
Contras
Longa duração desnecessária
Roteiro que se perde e demora para retornar ao fio narrativo
3.5
Nota
Written By

Estudante de mídias apaixonado por cinema. Acredita veementemente que a filmografia do Wong-Kar Wai salvou sua vida... talvez tenha.

2 Comments

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