As eleições de Donald Trump nos EUA e a vitória do Brexit na Inglaterra possuem um fator em comum: o Facebook. Foi através dessa rede social que a empresa de big data Cambridge Analytica conseguiu adquirir e analisar dados de milhões de pessoas e construir as campanhas vitoriosas de seus contratantes. Enormes quantidades de publicidade online mentirosas foram criadas a partir desses dados, ajudando a manipular os cidadãos ainda indecisos entre votar em Hillary Clinton ou Donald Trump, ou pela saída ou não da Inglaterra da União Europeia. A competência da Cambridge Analytica ficou clara quando o ultranacionalista pisou na Casa Branca e quando os britânicos foram às ruas comemorar o apartheid.
Após o escândalo vir à tona por meio de dois ex-funcionários da Cambridge Analytica, o mundo passou a discutir se a confidencialidade de dados online precisa entrar na relação de direitos humanos e quais são as punições cabíveis para todas as redes sociais, sites e aplicativos que violam a privacidade de seus usuários ao compartilhar suas vidas com empresas terceiras. Os realizadores do documentário da Netflix, “Privacidade Hackeada” estavam presentes quando as comissões do governo americano e britânico começaram a investigação – com as audiências com os envolvidos da parte da acusação e das acusadas – sobre os crimes que estavam sendo perpetrados.
Os cineastas Karim Amer e Jehane Noujaim seguem a delatora Brittany Kaiser, ex-defensora dos direitos humanos, nas vésperas de seu depoimento. Kaiser vivia no alto escalão de políticos e bilionários e fazia parte da equipe responsável pelo planejamento das campanhas políticas. Outro personagem é o professor David Carroll da Parsons School of Design em Nova York, que entrou com um processo na Inglaterra para receber de volta os seus dados pessoais roubados. A história se divide entre Kaiser e Carrol, mas também dá atenção à jornalista do The Guardian, Carole Cadwalladr, autora da série de reportagens investigativas do jornal.A montagem vai e volta a esses personagens para desvendar a teia de informações que são jogadas na tela. Trata-se de histórias humanas, mesmo daquelas pessoas que estavam do lado errado. Há um momento que nos solidarizamos com Kaiser quando lhe é perguntado o motivo de ter ido para o lado de pessoas radicais e asquerosas como Donald Trump. Ela responde, com lagrimas nos olhos, que foram apenas essas pessoas que lhe pagaram pelo seu trabalho, após sua família ter perdido tudo na crise de 2008. É comovente, no entanto, por causa da eleição de Trump, há agora mais cidadãos americanos e de países vizinhos sofrendo do que antes.
A destruição da democracia, que já começa nas eleições, faz muitos perecerem. O humano fica em segundo plano e o que sobra são números interpretados por algoritmos. As políticas republicanas são, atualmente, distorcidas por um governo execrável nos EUA. Todo o povo britânico sofre com incertezas de uma separação que ainda não ocorreu e que pode quebrar a economia quando ocorrer. Esses são fatos gerados por uma empresa que foi tratada como inovadora, mas só estava interessada nos dividendos. Pouco importava o resto. Claro que o Brasil não podia ficar de fora de “Privacidade Hackeada”, e ganha uma menção pelo fato de um presidente despreparado e extremista ter sido eleito com a ajuda de Steve Bannon, um dos fundadores da Cambridge Analytica e , principalmente, por causa das Fake News espalhadas por uma popular plataforma de comunicação pertencente a ninguém menos que Mark Zuckerberg. Batam palmas ao Senhor Bannon e ao Whatsapp.
Vídeo: Divulgação/Netflix
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