Identificação bem-humorada
Nesse final de semana terminará a temporada paulista de “Rose, a Doméstica do Brasil”, no Teatro Itália. A personagem criada pelo mineiro de Montes Claros, Lindsay Paulino, ganhou fama através da paródia “Grelo”, uma versão humorada de “Halo” da Beyoncé, onde Rose conta e canta um pouco de sua vida como doméstica na casa das gay.
No espetáculo, temos Rose relembrando sua história antes da fama, sua vida difícil, seus filhos, decepções amorosas e sua relação com a fé. Passado toda dentro de sua casa, o monologo traz ainda canções interpretadas ao vivo e usa o humor para abordar temas relevantes, como amor próprio, homossexualidade, preconceito, abandono familiar, falta de recursos e a fome.
A personagem de Lindsay pode parecer algo batido, afinal homens interpretando mulheres, empregada doméstica do interior, com forte sotaque, e falar do cotidiano não é nada inédito. Porém, sua criação baseada em pessoas próximas conquistou pelo diferencial de ser uma doméstica exclusivamente gay, inserindo o rico humor homo em sua personagem sem agredir a ninguém. O fato é que o público LGBTS é o grande responsável pelo sucesso, mas não é difícil qualquer pessoa se identificar e reconhecer a Rose em pessoas próximas.
Para quem conhece Minas, principalmente o interior, é quase fazer um tour com peculiaridades mineiras de comportamento. Para quem não conhece, o humor despojado entra no reconhecimento pessoal do dia-a-dia, como aquela amiga que te sacaneia, mas não vive sem, como a vizinha crente, como uma relação frustrada e assim vai.
Na direção de Adriana Soares, percebemos que a liberdade foi o principal elemento utilizado. O fato de conhecer a personagem e saber o que expor dela dentro do texto, trazem à tona uma gostosa realidade teatralizada, onde Rose ganha não só pelas piadas, mas por suas expressões e marcações.
Sem dúvida alguma, a inserções de canções parodiadas dentro do espetáculo foi mais um acerto, afinal a fama veio daí. Com preparação vocal de Beto Sorolli e coreografias de Alberto Venceslau e Andressa Corso, Lindsay consegue arrancar gargalhadas, não só pelo fato de que todo mundo já arrumou casa ouvindo, cantando e dançando uma música, mas também pelos movimentos caricatos, muitas vezes, remetentes a própria Bey.
Em dois desses momentos temos a utilização de algumas figuras icônicas para o espetáculo: o primeiro é a aparição de uma imagem de Amado Batista, que é o ídolo/amor da personagem, durante seu sonho, onde fazem um dueto, e o no outro são dois bonecos que se tornam backing vocal de Rose, com ambos os movimentos realizados por Paulo Emílio Luz.
Na cenografia e luz de Diego Benicá temos uma devastação de cores bem empregadas que junto com o figurino de Lindsay Paulino, transformam a interação da personagem em sua casa, numa vivacidade interessante à proposta ali executada. Não podemos deixar de falar dos objetos cênicos que você provavelmente tem algum em casa ou conhece alguém que o tenha.
De forma bem casada, intima e extrovertida, toda a equipe merece reconhecimento e Lindsay mais ainda. Assistir “Rose, a Doméstica do Brasil” é saber que vai se divertir, vai se entreter e reconhecer seu próprio universo ali, seja como patrão, como doméstica ou alguém que conhece. Mais do que uma personagem, Rose é uma mulher extraordinária, que faz do fracasso o sucesso, mas que não é fã de crente, afinal o que Deus prega é o amor e não o ódio.
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