Com base literária sólida, “Rua do Medo 1994” chega a Netflix com a missão de desenvolver cinematograficamente uma obra literária consolidada. No entanto, a medida que o filme se descoloca da obra e adere aos clichês mais comuns do terror slasher, o seu potencial é reduzido a um lugar comum. Com isso, é possível dizer que a filme não vai além do trivial e, é salva por um final que em poucos minutos empolga mais que tudo visto antes.
Em suma, a história trás como base duas cidades que, apesar de vizinha, vivem situações completamente distintas. Assim, Shadyside vive sobre a sombra de assassinatos históricos, uma população mais pobre, além de uma lenda que assombra a região que é conhecida como capital da morte. Enquanto isso, Squirrel Hill é uma cidade de prosperidade e riqueza. Diante desses casos, um novo assassinato chama a atenção da população. E, tudo piora após o mal ser acordado novamente por um grupo de jovens.
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Com uma premissa interessante, que une sobrenatural com terror slasher, cidade do medo tem boas cartaz nas mãos. Contudo, aparentemente o roteiro prefere guardar as melhores cartaz para jogar no final. Dessa forma, o jogo quase é perdido, mas as cartaz são realmente boas e o desastre é desfeito com uma boa virada nos últimos instantes. Com isso, vemos um filme que possui o tom nostálgico dos anos 90 que sub aproveita as características da época. Além disso apela por cenas extremamente banais, com efeitos sonoros para assustar. E, deixa questões aparentemente interessantes de lado, como a desavença entre os jovens das duas cidades.
Além dos pontos já citados, outra questão que é incomoda é a forma algumas cenas são dirigidas. A direção não consegue surpreender em nenhum dos momentos com as cenas, é tudo muito previsível. Com isso o filme não assustar, não dá aos seus assassinos um aspecto realmente marcantes, e tem cortes preguiçosos.
O triste é que, quando chegamos nos últimos minutos do longa, observamos que ele tinha realmente um contexto muito maior para apresentar. A sequência final, onde a ação mais incisiva ocorre é interessante, consegue trazer alguma ar mais impactante com as mortes de determinados personagens – ainda que tardio. Mas é o que ocorre depois disso que realmente empolga. Afinal, é nesse momento que o universo é realmente expandido dentro do contexto do sobrenatural, algo observado apenas dicas no decorrer da trama. Ainda que seja uma aposta para guardar questões para serem trabalhadas na sequência, a forma como foi feito, enfraqueceu a história.
Outro ponto positivo a ser destacado é o elenco. Este é diverso, coeso e representativo. E, sem força a barra, o filme insere inúmeras questões sociais de forma orgânica. Sendo assim, temos boas atuações, que conseguem arrancar algo para além do que o roteiro ruim.
Por fim, apesar de todos problemas, “Rua do Medo 1994” vale por duas questões centrais: o entretenimento; e o entendimento inicial do universo que deve ser expandido – esperamos que de forma melhor – nos próximos dois filmes.
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